O BRASIL NAS OLIMPÍADAS...
Calfilho
Encerrados os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, versão 2016, acredito que cabe aqui uma breve apreciação do desempenho do Brasil nessa Olimpíada.
Hoje, segunda feira, 22 de agosto, ao ler os jornais ou ouvir e ver as notícias na televisão, surpreendo-me com o ufanismo de parte da imprensa que acha que é uma grande vitória ter sido esta a Olimpíada em que o Brasil ganhou maior número de medalhas.
Lamento discordar dessa sensação de euforia. Sentir-se assim só confirma a opinião que outros países têm de nós, brasileiros. "Contentam-se com pouco, vamos deixá-los ganhar algumas medalhinhas e ficam satisfeitos".
Acho que o número de medalhas conquistadas foi muito pouco em relação ao tamanho do país e sua população. Não consigo aceitar que nós, um país com 200 milhões de habitantes, contente-se e ache heroico conseguir alcançar 7 medalhas de ouro, enquanto outros menores e com maiores dificuldades econômicas atingiram números muito maiores e expressivos.
Acredito que demos um show de espetáculos, civilidade, hospitalidade e alegria para todos aqueles que nos visitaram. Mesmo com várias opiniões em contrário antes do início dos Jogos, transcorreram eles num clima de respeito, segurança, confraternização e muita emoção em todos os lugares em que foram disputados e, principalmente, fora dali, nas ruas, nos locais de grande movimentação de pessoas, na cidade como um todo... Brasileiro é muito bom nisso... sabe promover festas e sabe receber os convidados...
Mas, voltemos à participação do Brasil propriamente dita.
Ganhamos algumas medalhas onde não esperávamos ganhar e perdemos outras onde estavam nossas melhores esperanças.
Acredito que, antes do início dos Jogos, esperávamos medalhas no Judô (tradição de outras Olimpíadas), no vôlei de praia (tanto o masculino como o feminino), no vôlei de quadra (especialmente o feminino), no futebol (nos dois gêneros) e no salto com vara feminino, com algumas esperanças na natação (não esqueçamos que o César Cielo não conseguiu índice para competir).
Acho que nenhum de nós acreditava no ouro no tiro ao alvo (parabéns Felipe Wu), no ouro da Rafaela Silva (parabéns efusivos) no judô (acreditávamos que outros judocas tinham muito mais chance), no ouro de Robson, no boxe (devido à nossa pouca tradição no esporte), e, principalmente no ouro de Thiago Braz, no salto com vara, para mim, pelo menos, um ilustre desconhecido nos esportes olímpicos. Este, talvez, na minha opinião, o ouro mais surpreendente, mais emocionante e mais corajoso, quando, mesmo já tendo garantido a medalha de prata, desafiou o francês mal humorado e arrogante, campeão mundial na modalidade, para um salto numa altura que os dois ainda não haviam alcançado. O francês fez beicinho, ficou irritado com a provocação da torcida e assistiu, de boca aberta, o brasileiro até então desconhecido, vencer o desafio e conquistar a medalha dourada.
Os outros ouros já eram mais ou menos esperados ou, pelo menos, eram uma grande probabilidade. No futebol masculino (até que enfim, nos penaltys e com muito sofrimento), no vôlei de praia masculino, na vela consagrando a família Grael, da minha Niterói, e no vôlei masculino de quadra, equipe na qual eu não levava muita esperança por ter sido muito modificada e renovada.
Parabéns aos ganhadores das medalhas de prata e bronze, por seu esforço e sacrifício em tentarem chegar ao pódio. Vocês realmente são heróis, tendo em vista dificuldade e a dedicação que fizeram com que persistissem na prática de esportes que não têm quase nenhum apoio ou incentivo do nosso governo.
Para mim, talvez a maior decepção, a equipe do vôlei de quadra feminino, que eu considerava, talvez, ao lado da Fabiana Murer, no salto com vara, as duas melhores esperanças de medalha de ouro antes dos Jogos.
Repito aqui a tecla anterior: massifiquemos o esporte em nossas crianças, busquemos valores onde achamos que não iremos encontrar, apoiemos a educação esportiva em nossas escolas, desde o curso primário.
Talvez, um dia, estejamos entre os primeiros na classificação final de uma Olimpíada...
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