sábado, abril 23, 2016

MEU POBRE RIO DE JANEIRO...

MEU POBRE RIO DE JANEIRO...


Calfilho




              Não posso deixar passar em branco a revolta e a indignação (essas palavras estão em moda atualmente, ditas e repetidas pela presidente da Republica) que tomaram conta de mim depois do trágico desmoronamento de um trecho da ciclovia que tenta oferecer uma opção de lazer aos cariocas que residem entre o Leblon e São Conrado, na cidade do Rio de Janeiro.

Vergonha!!!  Vergonha!!! Vergonha!!!

                       Já não é de agora que as grandes obras de engenharia de nossa cidade sempre apresentam problemas... muito sérios... Para não ir muito longe, lembram-se do viaduto da Av. Paulo de Frontin (obra de péssimo gosto) que desabou, ainda na época da construção, na altura da rua Hadock Lobo e que matou várias pessoas? Depois, mais recentemente, o Estádio Nilton Santos,  dito Engenhão, que foi interditado pouco mais de dois anos após sua construção, porque parte do teto estava desabando (e que até hoje não foi liberado totalmente)? 
                     Fora as vias de "trânsito rápido" do BRT, hoje repletas de buracos e obstáculos para os ônibus que nelas trafegam?
                 Agora, a ciclovia "Tim Maia" que desaba com a primeira onda forte que a atinge, como se nada disso fosse previsto ou anunciado. Morrem duas (ou mais) pessoas e tudo fica por isso mesmo, como ficaram as tragédias do passado.
                  Esse, o nosso Rio de hoje... 
            Prefeitos que querem mostrar serviço, autenticar suas gestões com obras de impacto, sem a menor preocupação com a qualidade das mesmas, com o risco que podem trazer à população... 
                 É a filosofia do "bonitinho", do que "aparece", do "que faz bem aos olhos"... Colocaram abaixo o elevado da Perimetral, obra que duraria duzentos anos, que ligava Copacabana a Niterói sem praticamente ter sinais luminosos que congestionassem o trânsito, em nome do "bonitinho", da "marca do prefeito da ocasião", como se as obras de remodelação do porto do Rio não pudessem conviver com a Perimetral... Como se tudo que foi feito anteriormente não prestasse, somente o que é novo é que tem valor...
               Aí vieram os Jogos Pan Americanos, veio o Engenhão; estão chegando as Olimpíadas e novas obras suntuosas, bonitas na aparência mas frágeis na consistência... E o dinheiro público escorrendo pelo ralo...
           Bem, esse é o Brasil de hoje... obras que caem, que desmoronam, que consomem o dinheiro público em super faturamentos e que não resistem a uma onda mais forte do mar ou a uma ventania mais rigorosa... como se o Brasil não tivesse praias, ondas e ventos... Gameleira, Mariana... E tantas outras obras iniciadas e largadas pelo meio, inacabadas... Empreiteiras enriquecendo, corrupção se alastrando...
                O que dizer aos países estrangeiros que acorrerão ao Brasil para as Olimpíadas de agosto? Podem vir em segurança, que nada vai desabar? Que não haverá epidemia de zica ou de gripe? Que os assaltos e arrastões estarão controlados?
                 Claro que em outros países existem problemas, por vezes mais graves que os nossos... terrorismo, assassinato de presidentes, fome, miséria, genocídio... Mas, aqui no Brasil, acho que já nos acostumamos com os nossos erros, com o descaso com a saúde, com a educação, com a segurança... Acostumamo-nos com a indiferença...
                  Agora, a crise é na engenharia... 
                  Ciclovia vagabunda e mal construída, a "Tim Maia"...



domingo, abril 03, 2016

O FUTEBOL NA PRAIA...

O FUTEBOL NA PRAIA...

CALFILHO




                 No início da década de 60 do século passado, meu amigo e ex-colega de turma no Liceu Nilo Peçanha, Telúrio Tércio de Aguiar, convidou-me para fazer parte de um grupo que estava organizando para jogar futebol aos sábados pela manhã, na Praia de Icaraí. Eu e Telúrio tínhamos concluído o curso científico em 1959. Eu já estava no primeiro ano da Faculdade de Direito de Niterói e ele cursava a Faculdade de Educação Física, no Rio de Janeiro. Telúrio e eu éramos apaixonados por esportes: eu, pelo futebol e tênis de mesa; ele, por basquete, mas "enganava" um pouco no futebol.
               Logo foram chamados outros "craques" de bola, a maioria ex-liceístas: Toninho Matheus, Irapuam, Silvinho, José Henrique (Josa), Oswaldinho, Pedro Aurélio,  Luiz Roberto (Bizuca), Francisco Roberto, Renato (Kid), Laércio, Cezar Loureiro, Papoula, e outros mais. Alguns de nós, que conhecíamos outros amantes do futebol que não estudaram no Liceu, fizemos o convite e eles logo aceitaram: os irmãos Paulo Fernando e José Carlos (Amarildo), Alvinho, Jorge, Madeira, Pinheiro, Adalto (irmão de Matheus), Toninho Pêssego, entre outros.
            Escolhemos nosso "campo": a faixa de areia junto à calçada entre as ruas Presidente Backer e Lopes Trovão, na Praia de Icaraí.
           Daí em diante, todos os sábados, religiosamente às 9 horas da manhã, encontrávamo-nos naquele local e dividíamos os dois times, escrevendo os nomes dos "atletas" na calçada com um pedaço de carvão.
           Essas nossas "peladas" animadas, que iam até quase o meio dia, duraram quase quatro anos. O curioso é que, na calçada, várias pessoas assistiam às mesmas, alguns ex-liceístas, outros meros espectadores. Terminado o "racha", depois de um refrescante mergulho nas águas de Icaraí, alguns de nós iam até o "Luciu's", um bar anexado a uma mercearia, na esquina de Lopes Trovão com Tavares de Macedo, para uma rápida cervejinha.
         Nossos times eram muito bons, modéstia à parte. Chegamos a fazer uma excursão à Arraial do Cabo quando empatamos em 1 X 1 com a equipe da Álcalis.
            Depois, muitos de nós seguiram suas carreiras profissionais, alguns em outras cidades e Estados, e o grupo se desfez.
          Muitos anos depois, mais de quarenta, meu inesquecível amigo, Toninho Matheus, então médico em Paraisópolis, interior de Minas, telefonou-me:
              -- Carlinhos, porra, vê se consegue entrar em contato com o pessoal do futebol da praia e marca uma reunião pra gente bater um papo, saber das novidades de cada um. Se não, a gente só vai se encontrar no enterro de algum de nós...
            Liguei para o Renato, que eu sabia ter o telefone ou endereço da maioria do pessoal do grupo, além de morar em Icaraí, sendo mais fácil entrar em contato com a turma. A convocação foi feita e, no sábado seguinte, conseguimos juntar uns seis senhores de cabelos brancos ou mesmo sem cabelo, para um chope na antiga Gruta de Capri. Dali em diante de dois em dois meses, conseguimos reunir uns doze ex-integrantes do grupo original em um botequim qualquer de Niterói.
                  Muitos já nos deixaram: Telúrio, Silvinho, Toninho Matheus, Oswaldinho, Serginho.
                    Nas nossas reuniões atuais, os pais de família e hoje advogados, médicos, engenheiros, relembram, com saudade os "rachas" dos anos 60...