domingo, abril 03, 2016

O FUTEBOL NA PRAIA...

O FUTEBOL NA PRAIA...

CALFILHO




                 No início da década de 60 do século passado, meu amigo e ex-colega de turma no Liceu Nilo Peçanha, Telúrio Tércio de Aguiar, convidou-me para fazer parte de um grupo que estava organizando para jogar futebol aos sábados pela manhã, na Praia de Icaraí. Eu e Telúrio tínhamos concluído o curso científico em 1959. Eu já estava no primeiro ano da Faculdade de Direito de Niterói e ele cursava a Faculdade de Educação Física, no Rio de Janeiro. Telúrio e eu éramos apaixonados por esportes: eu, pelo futebol e tênis de mesa; ele, por basquete, mas "enganava" um pouco no futebol.
               Logo foram chamados outros "craques" de bola, a maioria ex-liceístas: Toninho Matheus, Irapuam, Silvinho, José Henrique (Josa), Oswaldinho, Pedro Aurélio,  Luiz Roberto (Bizuca), Francisco Roberto, Renato (Kid), Laércio, Cezar Loureiro, Papoula, e outros mais. Alguns de nós, que conhecíamos outros amantes do futebol que não estudaram no Liceu, fizemos o convite e eles logo aceitaram: os irmãos Paulo Fernando e José Carlos (Amarildo), Alvinho, Jorge, Madeira, Pinheiro, Adalto (irmão de Matheus), Toninho Pêssego, entre outros.
            Escolhemos nosso "campo": a faixa de areia junto à calçada entre as ruas Presidente Backer e Lopes Trovão, na Praia de Icaraí.
           Daí em diante, todos os sábados, religiosamente às 9 horas da manhã, encontrávamo-nos naquele local e dividíamos os dois times, escrevendo os nomes dos "atletas" na calçada com um pedaço de carvão.
           Essas nossas "peladas" animadas, que iam até quase o meio dia, duraram quase quatro anos. O curioso é que, na calçada, várias pessoas assistiam às mesmas, alguns ex-liceístas, outros meros espectadores. Terminado o "racha", depois de um refrescante mergulho nas águas de Icaraí, alguns de nós iam até o "Luciu's", um bar anexado a uma mercearia, na esquina de Lopes Trovão com Tavares de Macedo, para uma rápida cervejinha.
         Nossos times eram muito bons, modéstia à parte. Chegamos a fazer uma excursão à Arraial do Cabo quando empatamos em 1 X 1 com a equipe da Álcalis.
            Depois, muitos de nós seguiram suas carreiras profissionais, alguns em outras cidades e Estados, e o grupo se desfez.
          Muitos anos depois, mais de quarenta, meu inesquecível amigo, Toninho Matheus, então médico em Paraisópolis, interior de Minas, telefonou-me:
              -- Carlinhos, porra, vê se consegue entrar em contato com o pessoal do futebol da praia e marca uma reunião pra gente bater um papo, saber das novidades de cada um. Se não, a gente só vai se encontrar no enterro de algum de nós...
            Liguei para o Renato, que eu sabia ter o telefone ou endereço da maioria do pessoal do grupo, além de morar em Icaraí, sendo mais fácil entrar em contato com a turma. A convocação foi feita e, no sábado seguinte, conseguimos juntar uns seis senhores de cabelos brancos ou mesmo sem cabelo, para um chope na antiga Gruta de Capri. Dali em diante de dois em dois meses, conseguimos reunir uns doze ex-integrantes do grupo original em um botequim qualquer de Niterói.
                  Muitos já nos deixaram: Telúrio, Silvinho, Toninho Matheus, Oswaldinho, Serginho.
                    Nas nossas reuniões atuais, os pais de família e hoje advogados, médicos, engenheiros, relembram, com saudade os "rachas" dos anos 60...

2 comentários:

Eduardo Muniz disse...

Correr atrás da bola, onde quer que ela rolasse. Times escolhidos no par-ou-ímpar, sem precisão de juiz, uniformes desnecessários, sem hora para terminar, até quando o mais cansado ordenava: "Quem fizer o primeiro gol ganha! Cansados e felizes, uma geladinha para comemorar e a volta para casa com um sorriso de satisfação. plantado no rosto. Sim, fomos felizes. Sem precisar saber.

CARLOS disse...

Muito bom. E que coincidência...quase 30 anos depois, entre 87 e 88, também jogava ali, toda sexta, por volta de três da tarde, camisas hering azuis, no mesmo trecho,com meus amigos do Instituto Abel.