quinta-feira, julho 30, 2015

"COM CERTEZA" E OUTRAS MAIS...

 

 

 

"COM CERTEZA" E OUTRAS MAIS...


 
Calfilho
 
 
        Fico realmente impressionado como certas expressões de nosso vocabulário assumem uma posição de relevância em nossa língua falada, e são repetidas no dia a dia, sem que as pessoas que as proferem saibam realmente o que significam.
        Não ia escrever sobre isso, pois acho que minha opinião de pouco vai adiantar para mudar o que vemos diariamente. Mas, cansado de tanto ouvir essas mesmices, resolvi escrever estas breves linhas, que, se não servirão para nada, ao menos me darão alguma satisfação pessoal.
          Já repararam como as pessoas atualmente têm "certeza" de tudo o que se passa ao seu redor?
           O repórter de campo entrevista o jogador num intervalo de jogo de futebol:
            "-- Asdrúbal, seu time já levou quatro gols só nos primeiros 20 minutos de jogo. Você acha que ele tem condições de reagir?"
            Vem a resposta, na ponta da língua:
             "-- Com certeza. Vamos ver o que o professor passa pra gente no vestiário e, "com certeza", vamos virar o jogo no segundo tempo."
             O entrevistador indaga ao entrevistado numa reportagem sobre economia:
             "-- Ministro, com a inflação em alta,  os preços subindo, o desemprego rondando as empresas, o senhor acha que a situação vai melhorar?"
              Vem a resposta, rápida, de bate pronto:
              "-- Com certeza. As medidas que estamos implementando no momento farão com que, "com certeza", a curto prazo, nós estaremos fora da recessão."
              E, como todo mundo "tem certeza de tudo", todas as coisas que nos afligem serão resolvidas no futuro. Nos telejornais diários, "todo mundo tem certeza", não têm dúvidas sobre nada, sejam os repórteres, sejam as pessoas que são entrevistadas, seja o transeunte que é pego de surpreso na rua e, até mesmo sem saber qual o motivo da pergunta que lhe é feita, responde logo:
               "-- Com certeza..."
 
                Outra expressão que os apresentadores ou repórteres da televisão usam e abusam é o "gente...".
                 Quando se dirigem ao telespectador, em vez de dizerem simplesmente "vocês" ou mesmo "os senhores ou as senhoras", ou mesmo "a população", disparam o vulgar "gente..".
                 "--   "Gente", prestem atenção, a conta de luz vai subir."
                  "-- "Gente", atenção quando passarem pela estrada tal, o trânsito está horrível por lá..."
                  "-- "Gente", tirem os agasalhos da gaveta pois vai fazer frio hoje..."
                   E os pobres telespectadores, todos impessoais no "gente", acabam sentindo-se realmente parte de uma "gentalha". Há uma repórter de rua do Jornal do meio dia da Globo que fala cinco palavras numa frase e três delas são "geeenteee.." (a entonação é dela).
             Outra mania que outros têm, principalmente os repórteres de atrações de entretenimento, é que, para eles, tudo é "imperdível...".  Tal  espetáculo, tal museu, tal filme, tal jogo de futebol, tal peça de teatro, tudo para eles, é "imperdível". Não encontrei essa palavra no dicionário Aurélio e, mesmo que existisse, nada nesse mundo é "imperdível...". Sempre pode-se perder alguma coisa, achar outra melhor e, segundo Lavoisier, "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma...".
         Enfim, é pena que nossa língua, tão rica em vocábulos e expressões, fique limitada a tão poucos e inexpressivos lugares comuns...
 
 
 

PORTUGAL

 

 

 

PORTUGAL

 
Calfilho
 
 
        Acredito que todos aqueles que gostam de viajar guardem várias passagens interessantes de cada uma de suas viagens. Mas, a que mais me fez rir e da qual não me esqueço até hoje ocorreu na viagem de trem que fiz de Vigo (Espanha) até a cidade do  Porto (Portugal). Foram mais de seis horas em um trem médio, ou seja, não era um trem de alta velocidade.
           Depois de rodar algum tempo em terras espanholas, o "comboio" chegou à fronteira com Portugal. Parou por alguns minutos, pensei que fosse para conferir passaportes ou cumprir alguma formalidade alfandegária entre os dois países.
             Dois condutores entraram no vagão em que eu estava,  usando seus trajes de trabalho. Notei que os uniformes que usavam, apesar de parecidos, não eram iguais. Um deles, que já estava no trem desde Vigo e que havia conferido antes os bilhetes dos passageiros, disse em espanhol que dali para a frente assumiria seu colega português. Feita a apresentação, retirou-se.
            O lusitano, um senhor de uns sessenta anos aproximadamente, corpo volumoso, cabelos embranquecendo nas têmporas, um vasto bigode sobre os lábios, abriu um largo sorriso e falou:
             -- Senhoras e senhores, bom dia. Sejam bem vindos ao trem que os levará à cidade do Porto.
             Fiquei satisfeito por ouvir alguém falando em português, depois de mais de um mês ouvindo as línguas francesa e espanhola. O condutor continuou sua saudação, com o sotaque carregado. Tinha um sorriso maroto no canto da boca:
              -- Nós ficaremos aqui e daremos marcha a ré por uma hora para que possamos acertar nossos relógios. Como os senhores sabem, o horário de Portugal e Inglaterra é diferente do resto da Europa. Nós estamos sempre uma hora atrás deles.
              E saiu do vagão, fazendo força para esconder o riso... Nem eu, nem os passageiros entendemos imediatamente o que ele quis dizer. Ficamos esperando um pouco ansiosos o que iria acontecer...
               Cinco minutos depois o trem começava a andar. E andar para trás!!!  Fez algumas manobras, parou, e voltou a andar... Ainda bem que agora era para frente...
              Logo depois um passageiro que viajava no banco ao lado do meu explicou, também com um forte sotaque lusitano:
               -- São manobras de ajuste das bitolas, já que os trilhos de Portugal são diferentes dos espanhóis. Aquele condutor gosta de fazer gracinha... 
            Pensei comigo mesmo: "Depois os portugueses reclamam quando fazemos piadas sobre eles".
 
              Esse trem, que vai de Vigo ao Porto, segue costeando o litoral dos dois países. Lembro que passou por várias cidades, entre elas Viana do Castelo. Desembarcamos na estação São Bento, por sinal muito bonita, as paredes decoradas com azulejos azuis.  Foto do mural 4      Panorama
 
            A cidade do Porto é bem interessante, vale a pena uma visita. Resultado de imagem para cidade do porto em portugal
 
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               A cidade fica no noroeste de Portugal, é cortada pelo rio Douro. É antiga, tradicional. Do outro lado do rio ficam Vila Nova de Gaia e Matosinhos.
             Fiz um city tour muito proveitoso, que, além de fazer a visita da cidade propriamente dita, atravessou a ponte e foi até Vila Nova de Gaia, onde estão as fábricas que produzem o famoso vinho do Porto.
             Também na portaria do hotel consegui um táxi que me levou até Coimbra e Braga, num passeio bem interessante pelo interior de Portugal. As rodovias portuguesas estão muito boas após a entrada do país na comunidade europeia. Tinha ouvido dizer que antes eram muito ruins, mal conservadas. Resultado de imagem para coimbra portugal   Resultado de imagem para coimbra portugal   Resultado de imagem para braga portugal fotos  Resultado de imagem para braga portugal fotos           Resultado de imagem para braga portugal fotos

              
         Do Porto, onde fiquei três dias, peguei outro trem na estação Campanhã, que me levou até Lisboa. O trem era veloz, tipo TGV, bastante confortável. Aproximadamente três horas do Porto até Lisboa, Cheguei na capital portuguesa na estação Santa Apolônia.
          Era a segunda vez que estava em Lisboa, sendo a primeira na minha viagem de 1957. Do pouco que me lembrava, achei a cidade bastante modificada. Agora tive tempo para percorrer  suas ruas, visitar seus pontos principais.
           A cidade é encantadora, muitas lojas, muitos bons restaurantes, muitos monumentos para visitar. O rio Tejo corta-a ao meio, indo desembocar no oceano mais à frente.
            Perto da Torre de Belém estão o monumento aos grandes navegadores portugueses e o mosteiro de São Jerônimo. No interior deste último encontra-se o túmulo de Camões. Ali do lado do mosteiro encontra-se uma confeitaria que vende o autêntico pastel de Belém (não confundir com o pastel de nata).


Torre de Belém
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Torre de Belém
                


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Monumento aos Navegadores
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O elétrico
  


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Praça do Rossio
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Mosteiro São Jerônimo
  
Castelo de São Jorge
               No centro da cidade destaca-se a Praça do Rossio, onde está o monumento a Dom Pedro I, que, depois de ser imperador do Brasil foi ser rei em Portugal, com o nome de Pedro IV. Ali perto está a Praça da Figueira, onde se pega um "elétrico" para subir até o castelo de São Jorge, de onde se tem uma vista maravilhosa da cidade (elétrico nº. 30). Também é de ser destacada a praça do Comércio, que é ligada ao Rossio pela rua Augusta. Também entre as duas praças está o elevador da Justa, numa rua paralela à Augusta.    Resultado de imagem para elevador da justa

             Depois dessa viagem estive outras vezes em Lisboa, de onde peguei passeios de um dia a Fátima, Cascaes, Sintra e Estoril.
              Hospedei-me nessas vezes no hotel Mundial, no centro da cidade, perto da praça da Figueira.
              Lisboa é uma cidade que merece ser visitada, bem como as outras acima mencionadas, de fácil acesso. A culinária é excelente, principalmente na rua das Portas de Santo Antão, que começa (ou termina) no Rossio. Ali encontramos vários restaurantes que oferecem a típica comida portuguesa.
              Não deixe de visitar Alfama, famosíssima por suas ruas estreitas e por suas casas de fado, bem como assistir um show numa dessas casas.
               E, para facilitar nossa viagem, a população fala português.