quarta-feira, junho 03, 2015

PROVENCE E CÔTE D'AZUR

 

 

PROVENCE E CÔTE D'AZUR...

Calfilho
                   Duas das regiões mais badaladas e visitadas da França são a Provence e a Côte d'Azur. Na verdade é uma só região, a Provence, que vai desde a cidade de Aix-em-Provence até Nice. Mas, alguns preferem destacar a importância da Côte d'Azur, a Riviera francesa, como uma região autônoma, por sua exposição e por ser palco de tantos acontecimentos famosos que marcaram a história da França.
                    Vou tentar relatar minha experiência em relação às cidades que visitei, em algumas ficando hospedado, em outras em rápidos passeios de um dia de duração. Perdoem-me se não separar perfeitamente uma região da outra, porque até geograficamente elas se confundem.
                    As principais cidades são: Aix-en-Provence, Arles, St. Remy de Provence, Avignon, Cannes, Luberon, Marseille, Nice, St. Tropez, St. Paul de Vence, Grasse, St. Raphael. Umas no litoral, à beira-mar; outras, mais para o interior.
                 AVIGNON
                Já me hospedei em Avignon por duas vezes e, até por coincidência, sem disso saber, na época da festa da colheita da uva, no mês de outubro. Avignon é cortada pelo rio Rhone, e naquela região se produz um dos vinhos tintos mais populares da França: o Côte de Rhone. Fica no departamento (no Brasil, mais ou menos o correspondente aos nossos  "estados") de Vaucluse. Foi residência dos papas da igreja católica, pois alguns deles lá residiram, entre 1309 e 1377. Lá foi construído um prédio muito bonito, justamente para a residência dos papas, denominado Palácio dos Papas (Palais des Papes).
                A cidade é pequena, com muitos prédios antigos, cercada por uma grande muralha, que não fica muito visível como em St. Malo porque Avignon é bem maior e a muralha fica um pouco distante do centro da cidade. Em outubro, a praça principal fica repleta de barraquinhas vendendo produtos da região. Nas mesas dos restaurantes, nessa ocasião, os produtores de vinho chegam até os fregueses que fazem sua refeição e oferecem uma taça de vinho da sua produção para degustação.
                Um outro local digno de interesse é a Ponte Quebrada ("Le pont cassé" -- não esquecer que ponte em francês é substantivo masculino e não feminino, como em português), que, começando numa margem do Rhone, é interrompida no meio do rio. Foi construída no século XII, reconstruída várias vezes, e, após uma grande enchente, em 1660, ficou do jeito que está hoje.
                Para chegar a Avignon partindo de Paris o melhor meio de transporte é o TGV, partindo da gare de Lyon. São pouco mais de duas horas e meia até a estação Avignon-TGV, que fica fora da cidade. Dela, você pode pegar um trem regional que leva até a estação Avignon Centre, que é a antiga estação, já dentro das muralhas, ou pegar um táxi, nem sempre muito fácil de encontrar.
                 Em Avignon, fiquei hospedado no hotel de l'Horloge, em frente à praça do mesmo nome, onde se realiza a festa da colheita da uva. Não é caro, preço de um hotel de 3 estrelas no interior da França.
                 Na pequena rodoviária da cidade, que fica ao lado da antiga estação de trem, peguei um ônibus para Saint Rémy de Provence, seguindo orientação que me foi dada por um funcionário do escritório de turismo de Avignon. Viagem de aproximadamente 45 minutos, que valeu a pena.
                Saint Rémy se assemelha a várias cidades do interior francês. Uma pracinha, uma igreja, o edifício da prefeitura, ruas estreitas, arquitetura antiga. Há um pequeno museu sobre Van Gogh, que ali morou algum tempo. Almoçamos num restaurante local uma deliciosa refeição regional.
              Ainda da estação central de Avignon (a antiga) pode-se ir até Arles, outra cidade onde morou Van Gogh e, onde, se não estou enganado, ele cortou a própria orelha depois de um desentendimento com Gauguin. Desse período em Arles, onde a loucura de Van Gogh se tornou mais aguda, foram pintados alguns de seus melhores quadros. Infelizmente, não cheguei a visitar Arles.
MARSEILLE 
           Uma das cidades de que mais gosto na França, apesar de ser mal vista por muitos, por ter fama de ser reduto de contrabandistas, de gente da máfia. Já estive lá umas cinco ou seis vezes e, pelo menos aparentemente, não percebi nenhum perigo em andar por suas ruas. Claro que, como todo carioca, sempre andei prevenido contra qualquer incidente desagradável, bem como evitei sair das redondezas do hotel muito tarde à noite. Mas, a cidade é poderosa, dá-nos a impressão de que é dominada por uma atmosfera de mistério, até mesmo de sedução. Perto do "Vieux Port", onde me hospedei algumas vezes no muito bom hotel "Résidence", fica o movimento maior da cidade, com vários restaurantes com mesas do lado de fora, nas calçadas, e o antigo porto de onde atualmente partem barcos de turismo para passeios no mar e para o Château d'If (celebrizado por Alexandre Dumas, no famoso "O Conde de Monte Cristo", por ter sido a prisão de onde escapou Edmond Dantés, o herói de seu livro).
              A avenida principal, a Canabíére, leva do "Vieux Port" até a estação de trem Marseille-St. Charles. As ruas que a cortam são repletas de lojas e restaurantes. Os marselheses têm muito orgulhos do seu time de futebol, o Olympique. Aliás, em 1998, o segundo jogo do Brasil que eu e meu filho assistimos foi justamente em Marseille, contra a Noruega.
              Do calçadão em frente ao "Vieux Port" parte um trenzinho de turismo, muito comum nas cidades do interior da França. Ele faz um tour de uma hora pela cidade, inclusive te levando ao ponto turístico principal, a catedral de Notre Dame de la Garde, que, do alto de uma colina, parece proteger a cidade.
                Da estação de trem poderemos ir até Aix-en-Provence, outra típica cidade interiorana francesa. A "gare", a igreja, uma larga avenida principal, por onde só circulam pedestres, um belíssimo chafariz, e muitas ruas estreitas onde fervilha um comércio de quase tudo. E, como costumamos encontrar em outras cidades da Europa, lá também estão as tradicionais feiras de domingo, muito semelhantes às nossas feiras do Brasil, onde se vende também quase tudo, inclusive, artigos perecíveis, como carne de porco, peixe, queijos, etc... Tudo muito limpo, quase sempre já embalado em sacos plásticos, pois lá a fiscalização sanitária é bastante rigorosa.
               Aix-en-Provence fica a uns 40 minutos de Marseille e vale a pena uma visita.
NICE
               É outra das grandes cidades da região onde fiquei hospedado várias vezes.
                Bons hotéis, bons restaurantes, excelente cidade que podemos fazer de pião para conhecermos outras menores que ficam por perto. Já fiquei lá por umas seis vezes, gosto de me hospedar no hotel Gounod, que fica na rua do mesmo nome, a meio caminho da estação de trem e o centro da cidade. O preço é o habitual para hotéis de três ou duas estrelas: entre 110 e 150 euros, dependendo da época em que vai se hospedar, da duração da hospedagem, etc...
            Saindo do hotel, podemos pegar a continuação da rua Gounod (que muda de nome no próximo quarteirão, passando a chamar-se rua Meyerbeer) em direção à praia, o Promenade des Anglais. Uns três quarteirões abaixo está a rua de France, a principal rua de pedestres e do movimento maior da cidade. Dobramos à esquerda e vamos procurar um lugar para almoçar. Deixo de indicar algum em especial, pois são vários aqueles em que almocei ou jantei, todos eles excelentes e a preços razoáveis.
               Bem, seguindo pela rua de France até ela terminar, chegaremos até a rua Massena, sua continuação e, um pouco mais a frente, à direita, chegaremos à parte velha da cidade, o "Vieux Nice". Antes de entrarmos em suas ruas estreitas e sinuosas, divisamos a estação rodoviária, de tamanho médio, onde poderemos pegar ônibus para várias cidades vizinhas, inclusive para algumas da Itália.
                Ingressando na parte velha, o mesmo cenário de outras cidades francesas: uma quantidade enorme de lojas que vendem uma variedade enorme de mercadorias, muitos restaurantes típicos, cuja especialidade são os frutos do mar, muitos prédios antigos que insistem em permanecer em pé, e, surpreendentemente, bem conservados. Uma visita que, realmente, não se deve deixar de fazer.
              Na rodoviária, podemos pegar um ônibus que nos leve a Saint Paul de Vence, uma pequena cidade medieval, escondida num dos morros da região. É um Mont Saint Michel mais espalhado, as muralhas que a cercam, as ruas estreitas, os pequenos hotéis, os restaurantes, as lojinhas de souvenir. A viagem demora uns trinta minutos aproximadamente. Descemos do ônibus na estrada, fora da cidade e o pegamos de volta no mesmo lugar, só que em sentido inverso.
             Também na rodoviária (ou mesmo na estação de trem), existe transporte para Grasse, outra cidade conhecida da região, famosa por suas flores que dão origem aos não menos famosos perfumes franceses (veja-se, a respeito, o filme sobre a vida de Coco Chanel). Infelizmente, não cheguei a conhecê-la.
                   Na praia de Nice, no Promenade des Anglais (muito bonito, por sinal, ao contrário da praia propriamente dita, cuja areia nem de longe se assemelha à das praias brasileiras), pode-se também pegar um desses trenzinhos de turismo que faz o percurso pela cidade velha ("Vieux Nice") e sobe até um castelo que fica em cima de um morro, no fim (ou começo) da praia. Lá de cima tem-se uma vista maravilhosa da cidade.
                    Da estação de trem pode-se ir até o Principado de Mônaco (Monte Carlo), que vale realmente um dia de visita. Ali, pode-se curtir o charme dessa cidade badalada no mundo inteiro, passear pelas ruas do circuito de Fórmula 1, caminhar em frente ao Cassino famoso (nunca entrei, meu cacife não dá para tanto), visitar o Palácio do príncipe Albert, comprar um souvenir em muitas de suas lojinhas, almoçar num bom restaurante. 30 minutos de viagem, da estação de Nice até a de Mônaco.
              Também de trem, pode-se ir até Ventimiglia, já na Itália, pequena cidade da Riviera Italiana, a primeira delas depois da fronteira. Achei a cidade muito atraente, desde a primeira vez em que por lá passei. Decidi ficar hospedado para conhecê-la melhor, o que fiz depois por mais três ou quatro vezes. A cidade é muito simpática, pequena, um pouco francesa, um pouco italiana, tem uma praia muito bonita, restaurantes de culinárias variadas. Hospedei-me lá no Hotel Sol e Mare, cujos quartos são todos de frente para o mar. De Nice até Ventimiglia são 40 minutos de trem.
                Ainda sobre aquela região podemos falar de Cannes, St. Raphael, St. Tropez, cidades bastante conhecidas no mundo inteiro, mas que só por elas passei sem ficar, quando ia de Nice a Paris ou vice-versa.

 

 

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