quinta-feira, setembro 22, 2016

EXEMPLOS DE VIDA...




EXEMPLOS DE VIDA...

Calfilho



             Se nossa vida terrena é apenas uma passagem como muitos sustentam, ou se é algo que tem começo, meio e fim, sem possibilidade de recomeço, como vários outros admitem e aceitam, entendo que algumas reflexões são cabíveis quando acabamos de assistir os Jogos Paralímpicos (ou Paraolímpicos?) em nossa cidade.
              Passados os dezesseis dias de euforia que vivemos quando da realização dos Jogos Olímpicos, quando vimos que a cidade, além de maravilhosa, sabe ser agradável, alegre, receptiva e até razoavelmente tranquila, saímos agora do período dos Jogos Paralímpicos que reuniu atletas do mundo inteiro também, apenas com a característica de apresentarem algum tipo de deficiência física ou mental.
        Sinceramente, pensei que não iria emocionar-me com a Paraolimpíada depois de ter assistido os melhores atletas do mundo tentando quebrar recordes, dando o máximo de si nas competições que disputaram. Assisti outras anteriores, em outros países, mas, estes Jogos deixaram sua marca, talvez até impregnados do calor humano carioca, talvez até com maior relevância que aqueles outros que os precederam.
             Vimos nesses últimos dias nas piscinas, nas pistas de atletismo, nas quadras, nas ruas e até no mar, como pessoas que nasceram com algum tipo de deficiência ou foram atingidos em algum momento da vida por um acidente, uma bala perdida ou mesmo até uma doença qualquer, vão alegres, com um sorriso nos lábios disputar uma medalha em alguma modalidade esportiva. É o prazer da vida, de continuarem lutando mesmo que o infortúnio os tenha atingido de alguma forma, tentando viver da melhor forma possível e fazendo dessa luta diária um motivo a mais para continuarem entre nós. O esforço que fazem em cada disputa esportiva realmente é digno de nossos aplausos e nossa admiração.
         Vários deles, campeões em suas modalidades, afirmaram e reafirmaram que não querem ser vistos com pena, com comiseração... desejam que nós outros (os normais?) reconheçam neles os méritos e qualidades dos atletas, que são bons realmente naquilo que fazem, que treinaram duramente para atingir os resultados que alcançaram e que a sociedade deve reconhecer em todos eles esse mérito...
         Por isso, realmente não entendemos como muitos daqueles que não apresentam qualquer deficiência física ou de saúde vivem sempre reclamando de alguma coisa, de algum ínfimo problema do cotidiano. Talvez não tenham a menor consciência da dificuldade daqueles que tentam subir num ônibus diariamente para trabalhar e chegam no ponto do coletivo em uma cadeira de rodas... e o elevador da porta do veículo não funciona... Ou então aqueles outros que não conseguem atravessar uma rua e... na outra calçada não existe uma rampa para facilitar-lhe o acesso...
       Assistimos, com muita emoção a alegria de nadadores paraolímpicos sem um braço, uma perna, às vezes ambos, quando atingiam a borda da piscina, mesmo que em último lugar, mas que sentiam o prazer de ter ultrapassado a dificuldade que a vida lhes impôs... Ou então, da atleta paraolímpica, cega, ao cruzar a linha de chegada na prova dos 100 metros rasos, ostentando, vaidosa, sorriso escancarado ns lábios, uma venda estilizada nos olhos...
          Nós, os normais (?), temos o hábito de reclamar de quase tudo que nos cerca diariamente... Alguns até cometem o suicídio, incapazes de enfrentar qualquer dificuldade que a vida coloca em nossa frente...                    Deveríamos trocar de lugar, apenas por um dia para sentir a experiência, com alguns daqueles que, atingidos pelo infortúnio de uma deficiência qualquer, lutam bravamente para serem apenas... iguais a nós (os ditos normais?)

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