quinta-feira, fevereiro 26, 2015

A MAGIA DE PARIS 8




 



 

A MAGIA DE PARIS
Oitava parte
 
Transporte parisiense
 
 Calfilho
 
 
 
 
                         Quem me acompanha neste passeio por Paris deve ter reparado que visitamos a Cité e o quinto arrondissement a pé, não pegando nenhuma condução para tanto. E, olha que, em nosso passeio, conhecemos bastante coisa desses dois lugares. Segundo aqueles que realmente conhecem Paris o melhor modo de fazê-lo é mesmo a pé, caminhando por entre suas ruas estreitas ou por seus amplos boulevares ou avenidas. Assim, além dos pontos turísticos mais conhecidos, olhando para a direita ou esquerda, você vai descobrir sempre uma coisa nova, um novo ponto de interesse.
                          Por isso, o que sempre fiz quando chego à cidade é estudar com antecedência os locais que desejo visitar, procurar localizá-los num mapa de um bairro e ver se em outros bairros próximos também existem pontos que merecem uma visita. Assim fazendo, posso tranquilamente fazer a pé todo esse percurso e conhecer aquilo que realmente me interessa.
                           Partindo do cinquième, de um dos hotéis onde geralmente me hospedo (Senlis, Home Latin, Suez, Cujas Pantheon, ou Clunny Sorbonne), já vimos que podemos visitar a pé a Cité e todo o cinquième. Dali também podemos atravessar todo o Jardim de Luxemburgo e alcançar o bairro de Montparnasse, passando pela rue de Fleurus (onde residiu Gertrude Stein, cuja casa era frequentada pela intelectualidade da década de 1920, como Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso, James Joyce, Modigliani, entre outros). É um passeio delicioso, abrindo nossos pulmões para respirar o ar puro e arborizado do Luxemburgo, onde além do prédio do Senado, existe um grande lago onde as crianças brincam com seus barquinhos à vela, além de quadras de tênis e playgrounds para as crianças. Deixando a rue de Fleurus, atravessamos o Boulevard Raspail, depois a rue Notre Dame des Champs (outro endereço de Hemingway) para alcançar a rue de Rennes e, subindo a mesma, chegar em frente à enorme Torre de Montparnasse. Na rue de Rennes fiquei por umas três ou quatro vezes num hotel modesto, o Acacias St. Germain, dirigido por uma francesa apaixonada pelo Brasil, chamada Cécile. O hotel acabou sendo vendido para uma firma americana, que o reformou e mudou de nome.
                           No térreo da Torre de Montparnasse, existem várias lojas, inclusive uma filial das famosas "Galerias Lafayette". Pode-se subir até o alto da torre, com mais de 56 andares, em rápidos elevadores e, lá de cima, apreciar uma vista deslumbrante da cidade. A subida é paga.
                            Mais ao fundo, depois da torre, fica a Gare Montparnasse, moderna e funcional, de onde partem os trens para cidades próximas a Paris, como Chartres e Provins e para locais mais longínquos, com Saint Malo, Brest, Rennes, etc...
                            Montparnasse é mais sofisticado que o Quartier Latin, com lojas e restaurantes mais elegantes. No Boulevard do mesmo nome, ficam alguns restaurantes frequentados pela elite dos anos 20, como o "Le Dome", o "La Coupole", o "La Rotonde", "o Hipopotamus", além do famoso "Closerie des Lilas", reduto de Hemingway, situado na confluência do Boulevard de Montparnasse com o de St. Michel. Próximo à torre, nas duas ruas laterais (du Depart e d'Arrivée) encontramos vários restaurantes com culinária típica da Bretanha, sobressaindo os crepes e as cidras.
                            Bem, agora nos aventuremos a tentar alçar alguns voos mais afastados daquele miolo parisiense.
                             Paris é muito bem servida em matéria de transportes. A primeira grande diferença que encontrei entre 1957 e 1990 foi a construção do RER, que não existia àquela época. O metrô já corria pelos subterrâneos parisienses em 1957, cortando a cidade quase toda, em todas as direções. Praticamente há uma estação do metrô comum, assinalada com um M vermelho, em cada duas esquinas de Paris. Não precisa andar muito para localizar uma delas. Lógico que, em 1957, havia muito menos estações, que foram acrescidas com o aumento da cidade. Mas, naquela época, já achava impressionante como era possível locomover-se em todas direções, de forma rápida e segura, com um único bilhete de metrô.
                             Primeira característica: com um só bilhete você pode fazer quantas baldeações quiser, desde que não saia de alguma estação para o exterior, ou seja, para a rua. Como praticamente quase todas as linhas se cruzam entre elas, você pode planejar seu itinerário de onde se encontra até onde pretende chegar, fazendo as baldeações necessárias para alcançar o seu destino, sejam elas quantas forem. Mantenha sempre seu bilhete consigo após validá-lo nas roletas de acesso às plataformas. Só o jogue fora quando atingir definitivamente sua estação de destino. Preste atenção por onde transita sua linha escolhida (todas são numeradas, a partir da número 1), para não pegar a direção errada, pois cada linha tem duas direções (aqui no Rio, por exemplo, General Osório/Pavuna). Tenha certeza de que pegou a direção certa para não acabar na ponta errada da linha.
                           Os bilhetes podem ser comprados individualmente ou em carnets com 10 tickets (sai mais barato adquirir o carnet). Se você pretende usar o metrô várias vezes, em dias seguidos, talvez saia mais em conta comprar um passe de um, dois, três ou cinco dias, que dá direito a viagens ilimitadas durante o período de aquisição, desde que sua utilização seja em dias corridos e não intercalados. Esses passes são vendidos nas grandes estações do metrô.
                             Para mim, em 1990, a grande inovação foi a criação do RER. Trata-se de uma nova rede de metrô, construída um nível abaixo da antiga, com trens maiores e mais velozes, que só param em algumas estações (umas próprias, outras comuns com as da linha M), indo a locais fora dos limites de Paris, como os aeroportos Charles de Gaulle e Orly, a Eurodisney, Versailles. Se você circular apenas dentro de Paris, pode utilizar o RER com o mesmo bilhete do metrô comum. Se, entretanto, for para fora de Paris deve comprar um bilhete especial vendido em qualquer estação do RER.
                              Os bilhetes do metrô valem também para os ônibus e devem ser validados numa maquininha que fica ao lado do motorista. Os bilhetes valem apenas para uma viagem, não se podendo fazer baldeações entre ônibus, devendo o passageiro mantê-lo em seu poder, depois de validado até descer do veículo. Caso contrário, poderá ser multado, caso apareça um fiscal inesperado...

 

5 comentários:

Jorge Carrano disse...

A citada década de 1920 e os intelectuais e artistas da época estão no filme (muito bom) do Woody Allen,
"Midnight in Paris".

Calfilho disse...

Vi o filme, Carrano, que me trouxe várias lembranças dos lugares que visitei em Paris. Só nunca gostei muito do estilo do Woody Allen, nem do artista que faz o papel principal no filme.

Jorge Carrano disse...

Com todas as vênias, permito-me discordar. Woody Allen é um dos melhores cineastas ainda em atividade.
Seus filmes, digamos, "medianos", são melhores do que a maioria dos que são dos chegam às telas. E tem obras fantásticas.
je vous demande pardon.

Jorge Carrano disse...

Desculpe o comentário empastelado: queria dizer "melhores do que a maioria dos que chegam às telas de cinema".

Calfilho disse...

A discordância é a essência da democracia...