terça-feira, fevereiro 24, 2015

A MAGIA DE PARIS 7

 

A MAGIA DE PARIS

Sétima parte

 

Continuando nossa "balade" pelo "cinquième".
 
 
Calfilho
 
 
                               "Balade" é uma palavra francesa que significa passear, andar sem direção certa, deixar-se levar para onde o destino nos levar. Talvez "flanar". É uma  palavra normal da língua como também um pouco de "gíria" (ou "argot", como eles preferem).
                                 Nossa juventude, a brasileira, importou há poucos anos a expressão, transformando-a em "balada", com um significado um pouco diferente dos franceses. "Balada" aqui significa programa, em geral noturno, quando a juventude sai para curtir uma festinha, uma boate ou discoteca, quase sempre às sextas, sábados e domingos.
Pantheon
Pela manhã, após ter tomado o café matinal na "cave" do Senlis, saímos para explorar as redondezas do "cinquième". Subindo a rue Soufflot, chegamos logo ao Pantheon, o grande monumento da arquitetura francesa. Vemos logo escrita no alto de sua frente a frase "AUX GRANDS HOMMES LA PATRIE RECONAISSANTE". Se entrarmos pela porta principal, divisamos de imediato, no centro, o pêndulo de Foucault, que mede a rotação da terra. A entrada é paga.
Interior do Pantheon
                               Continuamos pelo enorme salão e lá no fundo achamos uma pequena porta que dá acesso à cripta, onde estão enterrados alguns dos homens célebres da história francesa. Entre eles Victor Hugo, Émile Zola, Voltaire, Jean-Jacques Rousseau, André Malraux, Jean Moulin (apenas em memória, pois seu corpo nunca foi encontrado), o casal Pierre e Marie Curie, Alexandre Dumas, Diderot, Jean Jaurés, Mirabeau, Louis Braille, René Descartes. É uma senhora viagem no tempo e, para aqueles que estudaram um pouco mais a fundo a história da França, um tesouro inestimável.
                                Se entrarmos por trás do Pantheon, onde também existe uma pequena porta, teremos acesso diretamente à cripta. É por lá que saímos. À nossa esquerda, no alto da montanha de Sainte Geneviève, está a igreja em homenagem à padroeira de Paris. Vale a pena uma visita ao seu interior, pois, espalhadas pelas amplas paredes existem pinturas que narram a história de Santa Genoveva, desde a época de Clóvis. A entrada é gratuita, são necessárias pelo menos duas horas para acompanhar a narração das pinturas, feita, aliás, em francês antigo.
                                 Deixando a igreja, por trás do Pantheon, descemos a rua Clovis até alcançarmos, mais à frente, a rua Descartes. Dobramos à direita e chegamos a um dos locais de que mais gosto em Paris, a Place de Contrescarpe. Digo isso porque ali ainda é um dos poucos lugares que conservam aquele ambiente de Paris do passado, da Paris autêntica, sem os modernismos que invadiram outros pontos da cidade.

Place de Contrescarpe
 A Contrescarpe é uma praça pequena, redonda, com um chafariz ao centro, cercado por uma vegetação bem cuidada, sendo uma espécie de rotatória onde poucos carros ali fazem manobras. Em toda a sua volta existem bares, bistrôs, lojas de souvenirs. Do seu lado esquerdo está a rua Cardinal Lemoine, onde logo no seu início, do lado esquerdo, existe um pequeno prédio, de quatro andares, tendo na sua portaria uma placa que diz que ali morou Ernest Hemingway.
                                   Dando a volta na praça, apreciando os cardápios de seus vários bistrôs expostos nas portas, escolhendo uma ou outra lembrancinha para comprar mais tarde para algum amigo ou amiga brasileiros, chego à famosa e incomparável rue du Mouffetard. Ali, realmente sinto-me à vontade.

Rue Mouffetard
Rue Mouffetard
                             
Rue Mouffetard


                              A Mouffetard é uma rua estreita, poucos carros passam por ela. Os mais íntimos a chamam de "La Mouffe". Ali, praticamente todos os dias da semana existe uma feira, que vende praticamente de tudo. Existem lojas tradicionais, mas, também os barraqueiros vendendo frutas, peixes, queijos, vinhos, roupas... Ali ainda se fala o francês autêntico, genuíno. Aos domingos grupos de música tocam seus instrumentos em cantos da rua, outros dançam velhas canções francesas: "La vie en rose", "Sous le ciel bleu de Paris", "La foule", etc... Existem restaurantes franceses, vietnamitas, japoneses, árabes, marroquinos, até argentinos... Enfim, uma visita que não se deve deixar de fazer, principalmente aos domingos, quando a rua se enche de gente...
                                Depois de provar um pedaço de queijo Époisse, tomar um gole de um Bordeaux bem forte, vamos até o fim da Mouffetard, voltamos pela rua du Monge e, se não estivermos cansados, fazemos uma rápida visita às Arenas de Lutéce, um dos marcos da presença romana em Paris...
                          

 

Um comentário:

Jorge Carrano disse...

Está cada vez melhor.
Abraço