A
MAGIA DE PARIS
Oitava
parte
Transporte
parisiense
Quem me acompanha
neste passeio por Paris deve ter reparado que visitamos a Cité e o quinto
arrondissement a pé, não pegando nenhuma condução para tanto. E, olha que, em
nosso passeio, conhecemos bastante coisa desses dois lugares. Segundo
aqueles que realmente conhecem Paris o melhor modo de fazê-lo é mesmo a pé,
caminhando por entre suas ruas estreitas ou por seus amplos boulevares ou
avenidas. Assim, além dos pontos turísticos mais conhecidos, olhando para a
direita ou esquerda, você vai descobrir sempre uma coisa nova, um novo ponto de
interesse.
Por isso, o que sempre fiz quando chego à cidade é estudar com antecedência os
locais que desejo visitar, procurar localizá-los num mapa de um bairro e ver se
em outros bairros próximos também existem pontos que merecem uma visita. Assim
fazendo, posso tranquilamente fazer a pé todo esse percurso e conhecer aquilo
que realmente me interessa.
Partindo do cinquième, de um dos hotéis onde geralmente me hospedo (Senlis,
Home Latin, Suez, Cujas Pantheon, ou Clunny Sorbonne), já vimos que podemos
visitar a pé a Cité e todo o cinquième. Dali também podemos atravessar todo o
Jardim de Luxemburgo e alcançar o bairro de Montparnasse, passando pela rue de
Fleurus (onde residiu Gertrude Stein, cuja casa era frequentada pela
intelectualidade da década de 1920, como Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso,
James Joyce, Modigliani, entre outros). É um passeio delicioso, abrindo nossos
pulmões para respirar o ar puro e arborizado do Luxemburgo, onde além do
prédio do Senado, existe um grande lago onde as crianças brincam com seus barquinhos
à vela, além de quadras de tênis e playgrounds para as crianças. Deixando a rue
de Fleurus, atravessamos o Boulevard Raspail, depois a rue Notre Dame
des Champs (outro endereço de Hemingway) para alcançar a rue de Rennes e,
subindo a mesma, chegar em frente à enorme Torre de Montparnasse. Na rue de
Rennes fiquei por umas três ou quatro vezes num hotel modesto, o Acacias St.
Germain, dirigido por uma francesa apaixonada pelo Brasil, chamada Cécile. O
hotel acabou sendo vendido para uma firma americana, que o reformou e mudou de
nome.
No térreo da Torre de Montparnasse, existem várias lojas, inclusive uma filial
das famosas "Galerias Lafayette". Pode-se subir até o alto da torre,
com mais de 56 andares, em rápidos elevadores e, lá de cima, apreciar uma vista
deslumbrante da cidade. A subida é paga.
Mais ao fundo, depois da torre, fica a Gare Montparnasse, moderna e funcional,
de onde partem os trens para cidades próximas a Paris, como Chartres e Provins
e para locais mais longínquos, com Saint Malo, Brest, Rennes, etc...
Montparnasse é mais sofisticado que o Quartier Latin, com lojas e restaurantes
mais elegantes. No Boulevard do mesmo nome, ficam alguns restaurantes
frequentados pela elite dos anos 20, como o "Le Dome", o "La
Coupole", o "La Rotonde", "o Hipopotamus", além do
famoso "Closerie des Lilas", reduto de Hemingway, situado na
confluência do Boulevard de Montparnasse com o de St. Michel. Próximo à torre,
nas duas ruas laterais (du Depart e d'Arrivée) encontramos vários restaurantes
com culinária típica da Bretanha, sobressaindo os crepes e as cidras.
Bem, agora nos aventuremos a tentar alçar alguns voos mais afastados daquele
miolo parisiense.
Paris
é muito bem servida em matéria de transportes. A primeira grande diferença que
encontrei entre 1957 e 1990 foi a construção do RER, que não existia àquela
época. O metrô já corria pelos subterrâneos parisienses em 1957, cortando a
cidade quase toda, em todas as direções. Praticamente há uma estação do
metrô comum, assinalada com um M vermelho, em cada duas esquinas de Paris. Não
precisa andar muito para localizar uma delas. Lógico que, em 1957, havia muito
menos estações, que foram acrescidas com o aumento da cidade. Mas, naquela
época, já achava impressionante como era possível locomover-se em todas
direções, de forma rápida e segura, com um único bilhete de metrô.
Primeira característica: com um só bilhete
você pode fazer quantas baldeações quiser, desde que não saia de alguma estação
para o exterior, ou seja, para a rua. Como praticamente quase todas as linhas
se cruzam entre elas, você pode planejar seu itinerário de onde se encontra até
onde pretende chegar, fazendo as baldeações necessárias para alcançar o seu
destino, sejam elas quantas forem. Mantenha sempre seu bilhete consigo após
validá-lo nas roletas de acesso às plataformas. Só o jogue fora quando atingir
definitivamente sua estação de destino. Preste atenção por onde
transita sua linha escolhida (todas são numeradas, a partir da número 1), para
não pegar a direção errada, pois cada linha tem duas direções (aqui no Rio, por
exemplo, General Osório/Pavuna). Tenha certeza de que pegou a direção certa
para não acabar na ponta errada da linha.
Os bilhetes podem
ser comprados individualmente ou em carnets com 10 tickets (sai mais barato
adquirir o carnet). Se você pretende usar o metrô várias vezes, em dias
seguidos, talvez saia mais em conta comprar um passe de um, dois, três ou
cinco dias, que dá direito a viagens ilimitadas durante o período de aquisição,
desde que sua utilização seja em dias corridos e não intercalados. Esses passes
são vendidos nas grandes estações do metrô.
Para mim, em 1990,
a grande inovação foi a criação do RER. Trata-se de uma nova rede de metrô,
construída um nível abaixo da antiga, com trens maiores e mais velozes, que só
param em algumas estações (umas próprias, outras comuns com as da linha M),
indo a locais fora dos limites de Paris, como os aeroportos Charles de Gaulle
e Orly, a Eurodisney, Versailles. Se você circular apenas dentro de Paris, pode
utilizar o RER com o mesmo bilhete do metrô comum. Se, entretanto, for para
fora de Paris deve comprar um bilhete especial vendido em qualquer estação do
RER.
Os bilhetes do
metrô valem também para os ônibus e devem ser validados numa maquininha que
fica ao lado do motorista. Os bilhetes valem apenas para uma viagem, não se
podendo fazer baldeações entre ônibus, devendo o passageiro mantê-lo em seu
poder, depois de validado até descer do veículo. Caso contrário, poderá ser multado, caso apareça um fiscal inesperado...
5 comentários:
A citada década de 1920 e os intelectuais e artistas da época estão no filme (muito bom) do Woody Allen,
"Midnight in Paris".
Vi o filme, Carrano, que me trouxe várias lembranças dos lugares que visitei em Paris. Só nunca gostei muito do estilo do Woody Allen, nem do artista que faz o papel principal no filme.
Com todas as vênias, permito-me discordar. Woody Allen é um dos melhores cineastas ainda em atividade.
Seus filmes, digamos, "medianos", são melhores do que a maioria dos que são dos chegam às telas. E tem obras fantásticas.
je vous demande pardon.
Desculpe o comentário empastelado: queria dizer "melhores do que a maioria dos que chegam às telas de cinema".
A discordância é a essência da democracia...
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