A MAGIA DE PARIS
Terceira parte
A CHEGADA EM PARIS
Calfilho
Já deveria ter lido antes da viagem, mas, por absoluta falta de tempo, só abri o livro "Hemingway e Paris, um caso de amor", de Benjamim Santos, editora GRYPHUS, 1999, quando já estava sentado na classe econômica do voo da Air France, Rio de Janeiro/Paris. Teria quase onze horas de viagem para lê-lo com calma e tranquilidade. Já havia lido um outro anteriormente, do mesmo autor, intitulado "SEDUÇÃO DE PARIS" e outro, escrito pelo próprio Ernest Hemingway, cujo título é "PARIS É UMA FESTA".
Recomendo aos viajantes em potencial para a cidade-luz que leiam os três antes da viagem, mas, se não for possível, pelo menos o "SEDUÇÃO DE PARIS", que lhes dará uma visão geral da cidade, os pontos principais a serem visitados, outros não tão badalados, com um rico resumo histórico do que o viajante encontrará naquela cidade.
Hemingway teve uma relação especial com Paris e lá residiu por duas vezes, na década de 20, após uma breve passagem por ocasião da Primeira Guerra Mundial e, ainda posteriormente, nos primeiros momentos da libertação da cidade, nos dias finais do segundo grande conflito do mundo.
Viveu toda a fase boêmia, bem como a intelectual daquela década tão rica da cidade, e, em vários lugares por onde caminhamos ou seguindo indicações de guias turísticos, deparamos com lugares por onde passou. Por isso, talvez seja bem interessante saber qual foi a visão que teve e nos transmitiu tanto no seu livro, como naquele em que descreve os lugares por ele frequentados.
O aeroporto Charles de Gaulle é enorme, um dos maiores que conheço. Tem vários terminais e continuam construindo outros. Os aviões da Air France costumam chegar e partir do terminal 2E, podendo haver variação de acordo com o fluxo do tráfego aéreo. Normalmente, os passageiros deixam o avião por uma espécie de túnel que vai dar diretamente no interior do aeroporto. Raras vezes desembarcam na pista, pegando um ônibus que os leva ao terminal correspondente. Nada de mais...
Chegando ao terminal, procure as placas indicativas em vários letreiros luminosos indicando "BAGAGE". Antes de pegar suas malas que você despachou para o porão, deve tomar um pequeno monotrilho, que tem duas paradas. Fique atento às placas e desça na parada onde está indicado o destino de sua mala. Passará, também antes, pela imigração, quando deverá exibir seu passaporte e, se for pedido, o seguro tipo Schengen, que é o básico para ingressar em qualquer país da comunidade europeia. Localize nos painéis a esteira onde está indicada a procedência de seu voo, pegue sua bagagem, siga as placas de saída (SORTIE), passe pela alfândega seguindo o caminho de NADA A DECLARAR (RIEN A DECLARER) e deixe a área privativa dos passageiros.
Em todos os meus desembarques (quase trinta), nunca me pediram para examinar minhas malas. Verdade que levo o mínimo possível, apenas uma mala média e uma sacola a tiracolo (onde guardo os documentos importantes). Bagagem grande, volumosa, sempre será um empecilho para uma boa locomoção, principalmente se for pegar trem ou metrô durante sua viagem. A polícia e alfândega do aeroporto geralmente visam mais o passageiro que leva muitas malas ou aqueles mais jovens, suspeitando que vão para lá para ficarem. Isso já aconteceu comigo, quando acompanhei minha filha uma vez e meu filho outra. Pensando que eles viajassem sozinhos, pediram documentos, que abrissem malas, etc...
Do aeroporto para o hotel, em Paris, você tem as seguintes opções: taxi (custa por volta de 70 euros); o metrô RER ( há um micro ônibus que transporta os passageiros gratuitamente da saída do aeroporto até a estação do RER, linha B, de onde você pode ir à região central da cidade. O bilhete deve custar por volta de 18 euros, não sei ao certo, pois só usei o RER uma única vez); se seu hotel for perto da Torre de Montparnasse, dos Inválidos, da Gare de Lyon ou do Arco do Triunfo, existem ônibus da própria Air France que fazem esse trajeto ( custam menos de 20 euros): e, finalmente os ônibus da RATP, comuns, que te levam até à região da Ópera (não sei o preço, pois nunca utilizei). A internet fornece maiores detalhes sobre preços.
Nas primeiras vezes em que cheguei ao aeroporto depois de 1990, utilizei o táxi ou os ônibus da Air France, quando me hospedei em Montparnasse. Como disse anteriormente, também fui até o centro pelo RER, que é um metrô mais rápido, que para em menor número de estações. Infelizmente, no meio do caminho ele fica lotado e você viaja muito desconfortavelmente por causa de suas malas. Além disso, ele só serve para quem vai para determinados bairros da cidade, não passando essa linha B por outros bairros onde seu hotel pode estar localizado.
Na minha terceira ou quarta viagem, descobri, por acaso, uma firma de brasileiros que faz transfers do aeroporto para seu hotel e vice-versa. Um pouco mais caro (por volta de 100 euros para duas pessoas), mas o transporte é privativo, eles falam português, te deixam no hotel e, na volta te acompanham até o check-in de embarque. Essa firma também faz passeios personalizados pela cidade e para lugares pitorescos do interior da França, como Vale do Loire, Monte St. Michel, praias da Normandia, Brugges (na Bélgica). Para quem está disposto a gastar um pouco mais, é uma boa indicação. Essa firma se chama DUGA'S e pode ser achada facilmente na internet.
Recentemente, encontrei uma outra firma semelhante (seu dono, aliás, já tinha sido motorista da DUGA'S). Seu nome é L'UNIVERS e seu dono e motorista chama-se Marco.
Existem outras pequenas vans que fazem esse trajeto aeroporto/hotel/aeroporto, mas não gosto delas porque vão deixando ou apanhando os passageiros em vários hotéis da cidade.
Bem, essa minha opinião a respeito dos meios de locomoção quando de sua chegada a Paris. Eu prefiro utilizar os serviços da DUGA'S ou da L'UNIVERS.
Chegamos ao hotel. O primeiro em que me hospedei a partir de 1990 foi reservado pelo meu amigo Patrick Louet, que conheci em Salvador em 1988. Chama-se HOTEL DE SENLIS, fica na rua Malebranche, nºs. 7 e 9, próximo ao Pantheon.
Quando solicitei a Patrick que me reservasse um quarto de hotel, disse-lhe que preferia um hotel simples, nada luxuoso, localizado no Quartier Latin, que fora o bairro onde estivera hospedado em 1957. Queria rever os lugares em que estivera trinta e três anos antes, verificar como estariam atualmente, o que se modificara, o que continuava como antes.
Patrick reservou-me o SENLIS porque, além de ficar naquele bairro, estava situado próximo ao seu local de trabalho. Assim, segundo ele, poderia estar próximo, dar-me a atenção que ele achava que eu merecia (em outra oportunidade, conto como conheci Patrick). O hotel ficava numa pequena rua bem tranquila, sem muito movimento, mas, ao mesmo tempo, a dois quarteirões do Boulevard Saint Michel, uma das principais avenidas de Paris, local que servia de palco para as grandes manifestações da juventude estudantil parisiense, como, por exemplo, o Movimento de 1968, o "Chienlit", que marcou época na vida da capital francesa. Ali perto, como disse na publicação anterior, ficam a Sorbone, a grande universidade; o Pantheon, local onde estão enterradas grandes figuras da França, entre elas, Victor Hugo e Voltaire; as termas de Cluny, ruínas da época da passagem romana por Paris, que ainda permanecem vivas no centro da cidade; a igreja de Sainte Geneviève du Mont, ao lado do Pantheon, onde Paris teria sido fundada; o Jardim du Luxembourg, onde se encontra atualmente o Senado, que teria sido um dos locais onde Richelieu e os Três Mosqueteiros viveram suas aventuras. Mas, principalmente, o que me encantara naquele bairro era a efervescência da vida estudantil, pulsando vigorosamente nos arredores da Sorbone.
Patrick parece que entendeu bem o que eu desejava como hospedagem: um hotel calmo, barato e perto dos lugares de que eu mais gostava. O SENLIS, repito, é modesto, os quartos são acanhados, o preço é bem razoável ( pouco mais de cem euros a noite), o elevador é antiquíssimo, com porta tipo sanfona, onde só cabem duas pessoas apertadas. O café da manhã é servido no subsolo, uma espécie de "cave" de vinhos adaptada.
Nunca gostei de hotel luxuoso. Até porque só fico no hotel para dormir e tomar um banho. Saio para a rua logo depois do café da manhã e só retorno à noite. Então, para que um quarto luxuoso?
Hospedei-me no SENLIS várias vezes posteriormente, já conheço razoavelmente o pessoal da portaria e do café. Mas, hospedei-me também em outros pequenos hotéis da redondeza, sempre do lado esquerdo do Sena, a "Rive Gauche". Já me hospedei no Hotel Cluny Sorbone (rue du Victor Cousin), no Cujas Pantheon (rue Cujas, 18), no Suez (Boulevard Saint Michel), no Claude Bernard (rue des Écoles), no Home Latin (rue du Sommerard), onde pretendo ficar agora em março e abril de 2015. Todos hotéis de categoria semelhante (duas ou três estrelas), preço variando entre 100 e 160 euros a noite, localizados nas imediações da Sorbone, naquele quadrilátero mágico de Paris, que vai do Sena até o Jardim de Luxembourg, tendo o Boulevard de Saint Michel como eixo principal.
Já me hospedei algumas vezes em Montparnasse, outro bairro extraordinário, refúgio de Hemingway, Scott Fitzgerald, Picasso, Modigliani. A meu ver não tem a intensidade do Quartier Latin, mas, nem por isso deixa de ser muito atraente. Bons cinemas, bons restaurantes e bares, uma estação de trem fervilhante (a Montparnasse), a torre que tenta rivalizar com a Eiffel, apesar de arquitetura bem mais moderna, excelentes lojas. Fiquei hospedado algumas vezes no antigo hotel Acacias St. Germain (que já não existe), na rua de Rennes e no Unic Renoir, rue du Montparnasse. Todos eles no lado esquerdo do Sena, na "Rive Gauche".
Aconselho o viajante, principalmente o de primeira viagem, a adquirir um bom mapa da cidade (geralmente as portarias dos hotéis os oferecem gratuitamente), familiarizar-se com o plano do metrô e, se possível, também o dos ônibus e, depois de instalar-se em seu quarto, tomar um banho, sair para conhecer a cidade mágica...
3 comentários:
Beleza!!!
Tinha razão o seu amigo que sugeriu que você escrevesse um guia para não iniciados.
Muito bom.
Abraço
Valeu, Carrano. Como disse anteriormente, minha intenção não é escrever um guia. Apenas de transmitir minhas experiências pessoais, o que gosto de conhecer numa cidade, principalmente a convivência com seu povo. Por isso, menciono o tipo de viagem que gosto de fazer, os hotéis em que fiquei, os lugares que costumo frequentar. Nada mais que isso.
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