domingo, julho 30, 2017

AS MENINAS...








AS MENINAS... 

Calfilho

"Para o saudoso amigo Mario Augusto de Oliveira, com quem tive a honra de trabalhar e conviver durante um largo período de minha vida adulta".






              O ano: 1969, mês de junho...
             Após mais um cansativo dia de trabalho foram ao bar do Espanhol para um aperitivo, um relax mental. Faziam isso quase todas as noites após deixarem o escritório e antes de voltarem para casa.
              Estavam na terceira dose do “Ile de France”, beliscando uma porção de polvo no azeite para “adoçar” a boca.
             Chegaram João e Antonio, serventuários de uma das varas criminais da cidade.
             -- Oi, Joaquim, oi Serginho, boa noite – disse João com aquele seu tom de voz característico, saindo-lhe gutural pela garganta.
               Olhou para a garrafa de conhaque sobre o balcão do Espanhol.
             -- Posso tomar um gole, Joaquim?
           -- Claro – respondeu o advogado, com o rosto já suado pelas doses ingeridas, acrescida do calor niteroiense...
             O Espanhol, atrás do balcão, logo apresentou dois copos, servindo duas doses generosas para João e Antonio...
            Já eram oito e meia, quase nove da noite...
        João, estalando a língua de satisfação, após virar o conhaque de um só gole, começou:
           -- Porra, prenderam umas meninas conhecidas nossas, lá do Morcegão.
            Serginho, pegando um pedaço de polvo com o palito, molhou-o no azeite, levando-o à boca. Depois de mastigá-lo bem, perguntou:
        -- Prenderam quem? – indagou, com a boca ainda cheia.
          -- Dendeca, Baianinha, Marcinha e mais umas três que acho vocês não conhecem—respondeu João.
            Depois de engolir o pedaço de polvo e virar mais um gole do seu “Ile”, Serginho perguntou:
            -- Estão onde, João?
    -- Na Costumes, Serginho... aquele babaca do Vermeralla...
     Serginho não gostava do Vermeralla... era um investigador da Costumes, arbitrário como ele só, metido a importante, o terror das prostitutas de Niterói. Já tivera uns dois atritos com ele, quando o mesmo trabalhava na Delegacia do Barreto, a 5ª. DP. Naquela época, Serginho estava começando na advocacia criminal, cheio de ideais quanto à sua carreira.
         Serginho e Joaquim eram companheiros de escritório, situado na Amaral Peixoto, entre Barão de Amazonas e Visconde de Itaboraí. Edifício “Gold Star”, um enorme emaranhado de salas comerciais, onde tinha escritório de tudo: advogado, médico, dentista, contador, venda de ouro, agiota, cafetões... Os dois haviam estudado no Liceu de Niterói, Joaquim mais velho que Sergio, não tendo conhecido um ao outro naquela época liceísta. Joaquim, o dono do escritório, foi apresentado a Sergio por um colega comum. Joaquim não advogava no crime, Sergio dava os primeiros passos no direito penal. Dessa apresentação e a afinidade que entre os dois logo nasceu, veio o convite de Joaquim para Sergio trabalhar em seu escritório.
         -- Porra, Sergio, eu só advogo no cível, mesmo assim mais na parte comercial. Mas, atendendo a um pedido de um amigo meu de infância, passei a ser advogado do sindicato de motoristas de Niterói. Porra, não entendo nada de crime, não gosto da matéria. E só me aparece motorista de ônibus que provocou desastre, que atropelou e matou um monte de gente, a maioria alcoolizado ao volante. Isso me embrulha o estômago. Não quero largar o sindicato que, aliás, também me traz alguns clientes do cível e mais ainda para não deixar esse meu amigo na mão...
          Sergio pensou um pouco antes de responder:
     -- Joaquim, vou ser sincero com você: não tenho dinheiro para dividir as despesas do escritório contigo. Casei há pouco tempo, o dinheiro é contadinho para as despesas de casa. Além do mais trabalho num emprego fixo de 7 da manhã à uma da tarde. Depois disso, estou livre. Se quiser, faço toda a parte criminal do sindicato para você. É o que posso te oferecer.
        -- Tudo bem, Sergio. Não quero perder o sindicato, pois tenho muitos amigos lá dentro. Mas, como te disse, não sei nada de crime, nem quero saber.
         Assim começou a sociedade dos dois.
     Já trabalhavam juntos há pouco mais de três anos. Sergio cuidava da parte criminal, Joaquim do cível, já que era advogado de alguns comerciantes de Niterói. Também fazia algumas outras coisas, como desquites, pensões alimentícias, muitas cobranças de títulos vencidos.
         Sergio, depois desses três anos, já se destacava como um dos melhores advogados criminalistas da cidade. Tudo que ganhava era colocado no escritório, dividindo os honorários com Joaquim, pagando-lhe, assim, um pouco das despesas que o mesmo tinha com a locação do imóvel.
         João era um dos serventuários de uma das varas criminais de Niterói com quem tinham grande afinidade. Aliás, Sergio e Joaquim, nesses três anos de intensa advocacia, fizeram um número bem grande de amigos entre os serventuários das varas da comarca.
         -- E então, João, quer fazer alguma coisa pelas meninas? – indagou Joaquim.
         João enfiou o palito num pedaço de polvo que estava sobre o pires no balcão. Mastigou-o vagarosamente, driblando os buracos da dentadura.
         -- É, se vocês puderem dar um pulo lá na Delegacia para ver se soltam elas -- respondeu.
         Sergio pensou um pouco. Retrucou:
         -- Não adianta, João. Aquele babaca do Vermeralla não vai liberar. E, a essa hora, já quase dez da noite, não deve ter Delegado lá. Ele vai humilhar a gente e não vai soltar as meninas.
         Joaquim e Sergio conheciam algumas das meninas. Faziam ponto no Morcegão, um barzinho aconchegante que funcionava num sobrado da esquina de Barão do Amazonas com Conceição. Ali elas enfeitavam o ambiente, tomavam um drinque com os clientes, saiam com alguns deles para uma esticada na noite niteroiense. Ambiente calmo, tranquilo, sem sobressaltos... Dendeca era amiga de João, ficava o dia inteiro na vara em que ele trabalhava, sentava-se em uma cadeira de sua mesa. Já era conhecida de todos no Cartório, ninguém reclamava de sua presença ali. Muito menos o escrivão, que tinha um respeito danado por João, que era quem praticamente resolvia todos os problemas da vara. O escrivão, Otávio, não entendia nada de crime, nem queria entender...
           Baianinha, como o apelido já dizia, era uma soteropolitana arretada, cheia de vida e alegria para dar e vender, um par de pernas fabuloso, ainda mais quando usava aquelas minissaias que já estavam virando moda no Brasil...
           As outras, bem as outras... eram as meninas... queridas por todos nós, a alegria do “Morcegão”...
           Sergio continuou:
           -- Vamos entrar com um “habeas corpus”, dar um susto no imbecil do Vermerala.
João ponderou:
-- Tem um problema. Onde vamos conseguir despacho de juiz a essa hora da noite?
Sergio pensou um pouco. Prosseguiu:
-- Não tem um juiz novo lá na tua vara? Podemos ir na casa dele...
-- É... -- retrucou João, meio descrente. -- Esse juiz nem conheço direito, só está na vara há uns dez dias, vai ficar lá apenas este mês substituindo o titular. Mas, a gente pode tentar...
-- Então vamos lá pro escritório datilografar o HC. – completou Serginho, depois de virar o resto do seu conhaque.
Joaquim esfregava as mãos de satisfação. Apesar de não advogar no crime, empolgava-se com a atuação de Sergio na defesa de seus clientes. Sustentações orais no tribunal, recursos para o Tribunal de Justiça, até para o Supremo. Aquilo tudo mexia com ele, às vezes criticava a si próprio por não ter estudado Direito Penal mais a fundo.
-- Espanhol, paga a despesa aqui. Vamos levar o resto da garrafa de conhaque, inclui na conta, faz favor.
E lá foram os quatro para o Gold Star, caminhando pela calçada da Amaral Peixoto, já quase deserta àquela hora da noite.
x.x.x.x.x.x.
Na minúscula sala onde ficava o escritório de Joaquim e Sergio, os quatro acomodaram-se como puderam. Antonio, o auxiliar de João, sentou no chão. O local era tão apertado, que, às vezes, durante a semana, alguns dos clientes de Joaquim tinham que ficar aguardando no corredor para serem atendidos.
Sergio sentou-se em uma cadeira em frente a uma pequena escrivaninha, onde estava a máquina de escrever. Pegou duas folhas de papel, colocou um carbono entre elas, enfiou-as no rolo da Remington. Atrás dele, Joaquim e João sentaram-se num sofá surrado e com o revestimento rasgado em alguns locais. Já bebericavam o conhaque que trouxeram. Sergio pediu um copo para ele também. Já estavam todos relativamente alcoolizados.
Rapidamente, Sergio começou a datilografar o “HABEAS CORPUS”. Nem precisou consultar qualquer livro, acostumado que estava a redigir o “remédio heroico”. Ainda mais coisa simples, como aquele que seria dirigido à autoridade policial.
O prédio estava mergulhado em profundo silêncio. Só se ouvia o matraquear da máquina de escrever onde Sergio datilografava a petição. Levantou a cabeça e perguntou:
-- Problema: qual o nome das pacientes? Eu só sei os apelidos delas.
João e Joaquim se entreolharam, interrogativamente.
-- Bem, a Dendeca eu sei que se chama Maria das Graças. Merda, não sei o sobrenome... Fez um gesto negativo com a cabeça: -- Não, não sei o nome das outras...
-- Nem da Baianinha? – indagou Sergio, que tinha uma pequena queda pela moreninha de Salvador.
-- Não, não sei – respondeu João. – Você sabe, Antonio? Você que não sai lá do Morcegão?
Antonio, sentado no chão do escritório, já estava quase dormindo, um pouco pelo sono mesmo, outro tanto pela ação do álcool. Respondeu, voz pastosa:
-- Não, também não sei...
Sergio parou um pouco de datilografar, pensando numa solução.
Joaquim sugeriu:
-- Não pode botar os apelidos mesmo? Já ouvi dizer que requerem “habeas corpus” até para cachorro, gato...
Sergio sorriu:
-- È, não tem jeito, vão ser os apelidos mesmo. Pelo menos, desta forma, os nomes verdadeiros delas não ficam expostos. Mas, quanto à Dendeca, vou colocar o primeiro nome, para dar uma aparência de seriedade ao pedido. Continuou a datilografar.
De repente, começaram a ouvir gemidos de um dos andares abaixo do deles. Devia ser um casal transando, pois a mulher gemia muito e quase gritava:
-- Goza, Alfredo, goza logo, que eu não aguento mais...
O homem arfava e respirava rapidamente, o barulho era ouvido nitidamente no escritório de Joaquim. Sergio parou um pouco de datilografar, todos ficaram com os ouvidos atentos na cena:
-- Goza logo, Alfredo, goza meu bem...
E Alfredo nada de gozar, sua respiração acelerada continuava a ecoar no prédio. Sergio voltou a datilografar a petição.
Embaixo, continuava a ladainha:
-- Goza, Alfredo, goza Alfredo.
Então Antonio, que quase não falou nada durante todo o tempo, levantou-se subitamente e gritou:
-- Porra, Alfredo, goza logo, pra gente poder terminar isso aqui. Tá atrapalhando o raciocínio do doutor.
Fez-se silêncio no prédio.
Sergio acabou de datilografar as duas últimas linhas da petição, o “NESTES TERMOS, PEDE DEFERIMENTO”, tirou o papel da máquina, deu para Joaquim assinar as duas vias, ele também as assinou. Aliás, tudo no escritório era assinado pelos dois.
Ganharam a rua, praticamente deserta àquela hora. Só foram encontrar um taxi em frente às Barcas. Entraram os quatro, foram para Santa Rosa, onde residia o Dr. Ney Roberto, o juiz em exercício na vara criminal onde João trabalhava.
Lá chegando, mandaram o táxi esperar, saltaram João e Sergio. Antonio, dormindo, ficou no veículo, Joaquim preferiu aguardar.
João procurou uma campainha, achou-a no alto do portão de ferro que guarnecia a casa, um sobrado cercado de árvores por todos os lados.
Esperaram um pouco, ninguém apareceu. João novamente apertou a campainha. Silêncio, ninguém. Sergio, já meio calibrado e impaciente, decidiu bater palmas.
Acendeu-se uma luz no andar de cima da casa. Apareceu um senhor rechonchudo, meio calvo, de pijama. Sergio não o conhecia, pois o juiz estava há pouco tempo em Niterói. Tinha vindo de Trajano de Morais, sua comarca de origem.
-- Boa noite, Excelência – cumprimentou João, com a característica voz gutural, um pouco rouca, um pouco pastosa. – Estou aqui com o Dr. Sergio, advogado militante aqui de Niterói, que foi até minha casa procurar-me para uma solução para um problema urgente.
Que mentiroso filho de uma mãe – pensou Sergio”.
O magistrado, cara de sono, coçando os olhos, perguntou:
-- Do que se trata, doutor?
Sergio refletiu um pouco antes de responder:
-- Um arbitrariedade, excelência. Prenderam uma jovem, grávida de quatro meses, quando ela e algumas amigas faziam um lanche numa padaria do centro de Niterói. Foi uma batida da Delegacia de Costumes, que, arbitrariamente, pensou que as jovens fossem prostitutas e as levou presas.
O juiz pensou um pouco.
-- Isso não pode ficar para amanhã? Afinal de contas, já passa de meia noite e não sei se os senhores conseguem resolver isso ainda hoje.
-- Desculpe, excelência. O caso é urgente. Minha cliente, grávida, está muito nervosa, já sofreu um aborto espontâneo anteriormente, está muito preocupada... Fiz um pedido de “Habeas corpus”, só queria que Vossa Excelência solicitasse informações à Delegacia - retrucou Sergio.
João não falava nada, permanecia em silêncio ao lado de Sergio, que discursava no meio da rua pacata de Santa Rosa...
Dr. Ney já parecia enfadado, cansado daquela conversa, irritado por ter sido acordado no meio da noite. Deu a decisão final:
-- Não, não vou descer para despachar nada, desculpe-me doutor. Estou respondendo pela vara por pouco tempo, não sei qual a orientação do juiz titular a respeito de casos semelhantes. Com licença, vou fechar a janela e voltar a dormir. Amanhã, se quiser, o senhor me procure em meu gabinete, examinaremos a questão com mais calma.
Sergio ainda tentou argumentar, João o puxou pela manga do paletó.
-- Deixa pra lá, Serginho, não vai adiantar...
Voltaram para o táxi. Discutiam acaloradamente.
-- Porra, esse cara é um “cagão” – esbravejou Sergio. – Juiz tem que atender os advogados a qualquer hora, em casos de urgência.
Antonio, até então sempre calado, também deu seu palpite:
-- Tem razão, Serginho, esse juiz me pareceu um covarde desde o dia em que assumiu a vara. Tem medo de despachar, tudo pede a opinião do “seu” Otávio ou do promotor. Deve ter sido advogado do cível, caiu no crime de paraquedas.
Joaquim perguntou:
-- Mas, ele nem quis ver tua petição, Serginho?
-- Não, o filho da mãe não se dignou a descer.
O motorista do taxi, que parecia estar se divertindo com a discussão dos passageiros, finalmente indagou:
-- Bem, senhores, para onde?
-- Para a Amaral Peixoto – respondeu Sergio, irritado.
x.x.x.x.x.


Quando desciam a larga avenida, totalmente deserta aquela hora, viram que o bar do Espanhol ainda não havia fechado. Serginho mandou o motorista deixá-los em frente. Havia um casal que conversava em pé junto ao balcão, enquanto bebiam uma cerveja. Os quatro se aproximaram.
Serginho logo ordenou:
-- Manolo, serve umas doses de conhaque pra gente.
O dono do bar nem se espantava mais. Aquele pessoal não tinha hora para passar em seu estabelecimento, bastava o mesmo estar aberto.
O casal que ali bebia pagou a conta e foi embora. Serginho perguntou, depois de virar de um só gole o conteúdo de seu copo.
-- E agora, João, fazemos o quê? Vamos deixar as meninas lá? Aquela corja do Vermeralla vai se aproveitar delas...
João estava indeciso. Gostava muito de Dendeca, mas pensava em seu emprego, no que colocaria em risco se partisse para o confronto.
Tomou também seu conhaque. Repentinamente, pegou a petição do “habeas corpus” das mãos de Serginho, puxou uma caneta do bolso da camisa e escreveu no lugar dos despachos:
‘DE ORDEM DO MM. JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DE NITERÓI, SOLICITO URGENTES INFORMAÇÕES SOBRE O PEDIDO DE HABEAS CORPUS ABAIXO IMPETRADO”. NITERÓI, 18 DE JUNHO DE 1969. JOÃO SILVA FERNANDES. ESCRIVÃO SUBSTITUTO.
E rubricou abaixo do despacho.
Entregou a petição a Sergio.
Este, após ler o “despacho”, sorriu levemente.
-- Bem, agora a guerra vai começar...
Foram ele e Joaquim até a Costumes. Sergio ficou na frente, Joaquim atrás... Um outro investigador estava na recepção. Sergio perguntou, agressivo:
-- Quero falar com o Delegado – exibiu logo sua carteira da Ordem dos Advogados.
O investigador, que já conhecia Sergio de nome, ficou meio assustado, Respondeu:
-- Não, ele não está, saiu em diligência...
Sergio riu... Sabia qual era “a diligência”...
-- Bem, quem é o responsável?
-- O Dr. Vermeralla...
Sergio riu outra vez. Realmente, sabia que o Vermeralla estava cursando Direito, mas já era chamado de “doutor”...
-- Bem, vá chamá-lo, tenho um ofício do juiz aqui comigo...
O “amarra-cachorro” saiu rápido da sala, em busca do superior.
Cinco minutos depois, aparece o Vermeralla. Cara de sono, aparentando estar aborrecido por ter sido acordado por um advogado inoportuno.
-- O que desejam?
Sergio foi agressivo:
-- Quero a liberdade das moças que vocês prenderam esta noite no Morcegão.
Vermeralla, sentado em sua cadeira, respondeu, exibindo um sorriso debochado:
-- Não, elas vão passar a noite aqui para aprenderem.
Tirando calmamente a as duas vias do “habeas corpus” do bolso interno do paletó, colocou-as em cima da mesa e disse:
-- Bem, se é assim, o senhor me responda esse “habeas corpus” ao Dr. Juiz. Depois, vou representar contra a Delegacia por prisão ilegal.
Vermeralla empertigou-se na cadeira. Mudou o tom:
-- Bem, não precisa ser assim...
-- A lei de abuso de autoridade está em vigor desde 1965, sabia, não é “doutor” ?... ironizou Sergio. – O senhor, por favor, assine o recibo na segunda via da petição, que amanhã eu a entrego ao juiz.
Vermeralla ficou vermelho, roxo, amarelo, furta-cor, como dizia um velho samba de Noel...
Gritou para o assessor:
-- Martins, solte as moças aqui para o doutor. Levantou-se da mesa e saiu, sem ao menos ter lido ou assinado a cópia do recibo da petição. Sergio apanhou o original e a cópia em cima da mesa, guardou-as no bolso e ficou aguardando.
Dez minutos depois, as meninas, em fila, chegaram até a porta da Costumes. Eram cinco. A Baianinha, irritada, nervosa, saiu cantarolando:
“PATATI... PATATÁ... DANÇAR PELADA NÃO É BRINQUEDO... PATATI... PATATÁ...”.
Joaquim não parou de rir durante uma semana...




OBSERVAÇÃO:   Os nomes dos personagens acima mencionados são fictícios, mas os fatos são verdadeiros.









Um comentário:

Jorge Sader Filho disse...

Os limites da criatividade com o fictício, numa história que cansei de passar pelas mesmas dificuldades, quando advogava no crime.
Grande abraço, Calos Augusto. Feliz 2020.