RECORDAR
É VIVER...
Calfilho
Essa frase, “RECORDAR É VIVER”,
título de uma música cantada por Gilberto Alves e que fez grande sucesso no
Carnaval de 1955, é sempre atual quando queremos relembrar alguma fase ou
episódio feliz de nossas vidas.
Sábado último, 15 de julho, mais uma
vez ela foi mencionada quando, eu e alguns amigos, todos com mais de 70 anos de
idade, nos reunimos num botequim de São Francisco, em Niterói, em um encontro para
reavivarmos nossa amizade de mais de sessenta anos, relembrarmos fatos pitorescos
de nossa adolescência e juventude, comentarmos nossas trajetórias de vida, e,
até debatermos, mesmo que superficialmente, os temas dos nossos dias atuais.
Eu, Irapuam, Toninho, João e Josa
nos vemos e nos telefonamos com alguma frequência, mesmo que não seja ela a
ideal para nós quatro, já que deveríamos nos encontrar com mais assiduidade.
Eu, Irapuam, João e Josa nos conhecemos quando cursávamos o curso científico,
do Liceu Nilo Peçanha, de Niterói, mesmo estudando em séries diferentes. Isso,
em 1958, quando o Grêmio nos uniu.
Toninho, eu conhecia desde quando
comecei a frequentar o Canto do Rio F.C., em sua sede da rua Visconde do Rio
Branco, em 1953, e lá praticávamos vários esportes. Eu, futebol de salão e
tênis de mesa. Toninho, basquete e futebol de salão. Voltamos a nos encontrar
no futebol de praia organizado pelo saudoso amigo Telúrio Aguiar, no início dos
anos 60, em animados “rachas” disputados no trecho da Praia de Icaraí (recuso-me
a chamá-la de Jornalista Alberto Torres), entre as ruas Presidente Backer e
Lopes Trovão (ainda bem que ainda não mudaram os nomes dessas duas).
Anésio, fomos conhecer no citado
futebol de praia, quando se incorporou ao nosso grupo, predominantemente
composto de ex-liceístas.
Finalmente, Carrano, que também
conheci no Liceu em 1958, e que foi eleito presidente do nosso Grêmio por duas
vezes consecutivas.
Apesar de serem bem espaçados nossos
encontros, desta vez conseguimos reunir esse pequeno grupo, o que não é muito
fácil, pois eu e Irapuam moramos no Rio de Janeiro, Anesio em Pendotiba,
Toninho em São Gonçalo e Carrano só o encontro via internet, eu e ele
acompanhando reciprocamente nossos modestos “blogzinhos” (desculpem-me o neologismo).
Organizamos o encontro mais para revermos
Carrano (que já não víamos há algum tempo, mais de três ou quatro anos), bem
como Anésio (que tem dificuldade de encontrar tempo livre, por problemas familiares),
além de comemorarmos antecipadamente o aniversário de Irapuam, que fará 80 anos
em 17 de setembro, ocasião em que deverei estar viajando ao exterior.
Ao meio dia já estávamos sentados em
cadeiras do lado de fora do bar Informal, na praia de São Francisco: eu,
Carrano e Toninho. Logo depois chegaram João e Josa. Um pouco mais tarde, Irapuam
e Anesio. Todos com a cabeça povoada de fios brancos de cabelo, Toninho mesmo
sem eles...
Carrano uma vez comentou num dos “posts”
de seu blog que “as amizades verdadeiras são aquelas que fazemos na infância e
adolescência”. A frase talvez não tenha sido exatamente esta, mas o sentido é
esse. Concordo plenamente com ele. E, nesse encontro, essa afirmação tornou-se
mais verdadeira e presente, quando relembramos várias fases de nossas vidas e
acabamos concordando que, realmente, a melhor delas foi quando éramos crianças
e adolescentes.
Para mim, particularmente, o Liceu e
o Canto do Rio foram os dois locais onde melhor me senti na vida, onde estava
realmente à vontade, dentro do meu verdadeiro ambiente. Ali, principalmente no
Liceu, fiz as amizades que se perpetuaram por minha fase adulta e na idade
madura. Lamento, profundamente que alguns desses amigos tenham partido tão cedo
para a outra dimensão, como os inesquecíveis Toninho Matheus e Silvinho
Ribeiro. Todos eles, pessoas que marcaram profundamente meu crescimento e minha
personalidade como adulto.
Acabamos não almoçando, pois um
prato cheio de comida iria atrapalhar nossas conversas. Apenas beliscamos um ou
outro salgadinho e bebemos vários copos de cerveja. Aliás, era o que fazíamos
há 60 anos atrás, quando ainda não trabalhávamos e não tínhamos dinheiro para
um almoço completo.
Mas, só deixamos o Informal lá
pelas quatro da tarde, felizes de reencontramos as verdadeiras amizades.
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