OS TREINADORES...
Calfilho
Acompanho futebol desde meus oito anos de idade, quando ouvi pelo rádio o Brasil perder a Copa do Mundo de 1950, em pleno Maracanã. Essa derrota marcou muito minha infância e, sobretudo, toda a população brasileira. Éramos favoritos absolutos, vínhamos de impor duas homéricas goleadas contra Suécia e Espanha, o empate contra a modesta seleção uruguaia nos daria o ambicionado título mundial. Além do mais tínhamos uma linha atacante endiabrada: Friaça, Zizinho, Ademir, Maneca e Chico.
Foi nesse fatídico ano de 1950 que conheci a figura do treinador (ou técnico) de futebol. Aquele, o da derrota vergonhosa, Flavio Costa, também conhecido por "Alicate". Mesmo após o vexame não perdeu a pose, a arrogância, como se fosse verdadeira sumidade a deitar cátedra sobre nós, pobres e ignorantes mortais, que não sabiam nada de futebol. Mesmo após o desastre, continuou técnico do Vasco da Gama (também do Flamengo) e sendo respeitado por toda a crônica esportiva da época...
Depois, a outra grande figura do futebol brasileiro, na condição de treinador, foi Zezé Moreira. Vendia a imagem de ser um grande estudioso do esporte, sabia tudo de táticas, dizia ser fã da marcação por zona, que seria uma inovação no futebol brasileiro, e que revolucionaria tudo que sabíamos até então sobre o popular esporte bretão. Seu time preferido foi o Fluminense, apesar de também ter treinado o Botafogo. Suas equipes jogavam na retranca, baseados num forte esquema defensivo e, quando tinham oportunidade, ganhavam um joguinho aqui, outro ali, por apenas 1 X 0. Por isso, aliás, o Fluminense ficou conhecido na década de 50 como sendo o "timinho"... Foi escolhido para ser o treinador da seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo seguinte, a de 1954, na Suiça... Outra decepção, derrota humilhante para a fabulosa Hungria de Puskas, Kocsis, Grocsis por 4 X 2, com direito a pancadaria em campo, iniciada pelos inconformados brasileiros com o resultado da partida. Até mesmo Zezé Moreira, nosso treinador, deu umas botinadas com uma chuteira nas mãos na cabeça de um jogador húngaro... Zezé, entretanto, ao voltar ao Brasil, continuou reverenciado como treinador de primeira linha...
Ainda nessa época outros nomes pontificaram como treinadores. No Rio, o paraguaio Fleitas Solich, que conquistou um tricampeonato com o Flamengo (1953/1954/1955), Martim Francisco, que comandava o América, o folclórico Gentil Cardoso, que passou por Botafogo e Vasco, além de outros, uns mais, alguns menos badalados, como Tim, Yustrich, Gradim, Geninho, Filpo Nuñes... Em São Paulo, tivemos Oswaldo Brandão (Corinthians e Palmeiras), Lula (Santos), Aymoré Moreira (Palmeiras), o húngaro Bela Gutman (São Paulo)... Menos arrogantes que os dois anteriormente citados, mas não deixando de perder a pose, como se só eles fossem os responsáveis pelas vitórias de seus times...
Nessa década de 50 talvez o único treinador (que, na realidade era jornalista), que não exibiu soberba, que falava a linguagem simples do jogador e que levou o Botafogo ao memorável título de 1957, foi João Saldanha. Vejam bem: não estava habituado a atuar dentro das quatro linhas (apesar de ter sido um jogador modesto na juventude), mas não precisava inventar táticas mirabolantes, nem se achar o dono da verdade para conseguir o que conseguiu. Pegou um time de cobras, que não conseguia obter sucesso com técnicos anteriores e, simplesmente, deixou-os à vontade para fazerem o que sabiam: jogar futebol. Aquela geração de Nilton Santos, Pampolini, Didi, Garrincha, Paulinho Valentim e Zagallo, talvez tenha formado um dos times mais importantes e gostoso de se ver jogar da história do futebol brasileiro.
E aí, no glorioso ano de 1958, a redenção: já descrentes da qualidade de nossos treinadores/figurões, a antiga CBF, mais descrente ainda na possibilidade de êxito na seleção que formou para disputar a Copa do Mundo na Suécia, entregou a direção da equipe a um quase desconhecido, mero auxiliar técnico do São Paulo Futebol Clube. Como se lavasse as mãos e dissesse: "Vai, Feola, não tens nada a perder. O fracasso da seleção já é esperado, conforme-se com sua insignificância".
E o Brasil, desacreditado, quase esquecido pela opinião pública esportiva do país, com um treinador que deixou o time à vontade (até porque não devia entender muito de táticas e esquemas), revelou ao mundo a beleza do futebol de um Garrincha, de um Didi, de um Zito, de um Nilton Santos, de um Vavá, até mesmo do limitado Zagallo. E, conseguiu, finalmente, conquistar o tão ambicionado campeonato mundial de futebol... Conquista que já almejávamos desde 1934, que quase se torna realidade em 1950 e cujo fracasso o arrogante Flavio Costa teimou em negar...
Veio a década de 60, surgiram alguns novos nomes como Jorge Vieira (campeão carioca pelo América em 1960), Paulo Amaral (que, de preparador físico da seleção de vitoriosa de 1958 e 1962, tentou a carreira como técnico de futebol, fazendo sucesso no seu Botafogo). No final dos anos 60, vários dos ex-jogadores que tinham sido bicampeões mundiais na Suécia e no Chile, já paravam de jogar. A idade e o passar do tempo são implacáveis... Alguns deles tentavam começar a carreira de treinador: Zagallo, Dino Sani, Pepe, entre outros...
Saldanha, que, depois do título carioca de 1957, voltou à sua profissão de jornalista, é novamente chamado, depois do retumbante fracasso do seleção brasileira na Copa do Mundo na Inglaterra. Volta como salvador da Pátria, pois a equipe nacional voltou em frangalhos depois da derrocada em terras inglesas em 1966...
Agora, não é mais o Botafogo que ele tem que salvar: é a própria seleção brasileira.
Sem frescuras, sem filigranas táticas, sem mistérios, escala logo a sua seleção titular, suas "onze feras"... E o time ressurge, passa com facilidade pelas eliminatórias, carimba o passaporte para a Copa de 1970, no México.
Saldanha fica incomodado com a intromissão dos militares que detinham o poder no Brasil, em especial do Presidente da República que cisma em querer impor o Dario, do Atlético Mineiro, na seleção brasileira. Atrita-se com os subservientes dirigentes da CBF, é colocado para fora da seleção.
Assume o então treinador do Botafogo, que no final dos anos 60 reformulou sua equipe e voltou a repetir o sucesso que tinha feito no início da mesma década. Zagallo, guindado à função de técnico do juvenil do Botafogo, onde encerrara a carreira de jogador, logo assumiu a direção da equipe principal. O sucesso do time botafoguense foi tão grande, que, na saída de Saldanha, os cartolas da CBF, desorientados, sem saber como agir, decidiram chamar Zagallo, então o treinador da melhor equipe do Brasil no momento.
Este, até por respeito a Saldanha, de quem tinha sido jogador e campeão em 1957, pouco mexeu no time, colocou para jogar as melhores "feras" que tinha à sua disposição e o time foi tricampeão mundial.
Já em 1974, repetindo Zagallo no comando da equipe nacional este botou as manguinhas de fora, quis colocar o time para jogar segundo suas ideias retranqueiras e, ... outro fracasso... time eliminado pela excelente equipe da Holanda.
Aí, começou a era dos "professores"... maldita era...
O primeiro deles, Claudio Coutinho, militar colocado na comissão técnica da seleção de 1970 pelo governo ditatorial da época, começou a inventar. Teve um sucesso efêmero como treinador do Flamengo e logo foi designado para o cargo de treinador da seleção brasileira. Inventou o tal do "ponto futuro" que só ele sabia o que significava.
Novo fracasso na Copa de 1978, quando o "professor" Coutinho declarou o Brasil como "campeão moral"...
Depois, outro militar, também remanescente da comissão de 70, Carlos Alberto Parreira. Teórico, sem jogo de cintura, quis impor um estilo de jogo ao futebol brasileiro que também só ele sabia o que significava.
E os "professores" proliferaram...
Telê, o mais arejado deles, jogador apenas regular quando atuou pelo Fluminense, pelo menos era ousado (o que não foi quando jogador), gostava do futebol bonito. Não sei se deu a liberdade que os jogadores queriam para desenvolver suas qualidades em campo, mas, pelo menos, conseguiu reunir um excelente grupo em 1982, que realmente merecia ter conquistado o título máximo. Mas, ficamos no meio do caminho...
Telê, novamente escolhido para treinador da seleção em 1986, deu adeus ao seu sonho de fazer o Brasil jogar bonito. Num penalty perdido por Zico no jogo contra a França, na Copa do México, foram-se as esperanças do treinador e do país.
Ressurge Parreira e, tendo Zagallo ao seu lado, mais uma seleção retrancada. Final "emocionante" contra a Itália, em 1994. Retranca contra retranca. Numa incrível decisão de Copa do Mundo nas penalidades máximas, o Brasil é tetracampeão do mundo.
Claro que a qualidade técnica do jogador brasileiro caiu muito nas últimas décadas. Depois da famigerada Lei Pelé, o destino das jovens promessas do nosso futebol caiu nas mãos de empresários, ávidos por lucros imediatos, pouco ou nenhum valor dando ao futuro do nosso futebol. Jogadores com 16, 17 anos, vão para a Europa aprender o feio futebol europeu e lá é que são formados. Para lá foram Romário, Ronaldo, Ronaldinho, três dos maiores craques mundiais que não tiveram tempo de exibir e aprimorar o dom que Deus lhes deu nos campos brasileiros. O dinheiro falou mais alto, foram aprender futebol na Europa. E, assim todas as gerações que se seguiram.
E tome "professor"... Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Mano Menezes, Murici, Nelsinho, Abel, Leão... Dunga (não mereço isto)... Todos ex-jogadores de futebol, que não passaram da mediocridade, sem nenhum estudo maior, sem nenhuma preparação prévia, são colocados à frente de equipes da primeira linha do futebol brasileiro e logo são tachados de "professores" por seus obedientes alunos.
E, a coisa vira rotina... para se manterem nos empregos, os "professores" armam rígidos sistemas defensivos, nos quais surgem os "brucutus", uma infinidade de volantes, muitos marcadores que não sabem o que fazer quando têm a bola em seus pés...
Um ou outro deles consegue um sucesso eventual em algum clube brasileiro. Acham-se os poderosos, os sábios do futebol, aqueles a quem nada ou ninguém pode contrariar. Ficam irritados quando são contestados, são mal educados, mal humorados... Aqui, no Brasil, consideram-se os reis do pedaço. Quando algum deles tenta treinar um clube da Europa, caem do cavalo, o fracasso é total. Veja-se o exemplo do Luxemburgo no Real Madrid ou do Felipão no Chelsea. Talvez na Arábia ou na Ásia tenham algum sucesso...
Quando são contratados por algum clube em desespero, sob ameaça de rebaixamento, às vezes conseguem alguns resultados positivos e o ego logo se infla.
Não sei se repararam, mas a maioria deles se julga perseguido pelas arbitragens, como se os maus árbitros não prejudicassem os times que dirigem, mas sim a eles, os treinadores. Hoje, o "professor" está no time A e quando perde uma partida, o juiz prejudicou seu time. Quando são contratados pelo time B, outro juiz prejudicou o novo time, quando o resultado é adverso. E, isso, nos times C, D, E, F, G, H... Onde aquele treinador está, o time por ele dirigido sempre é o prejudicado.
Mas, não perdem a empáfia, a arrogância, a soberba.
Faço uma ressalva aqui para os nomes de Cuca, Tite e Marcelo Oliveira, que me parecem controlados, serenos, estudiosos e responsáveis. Talvez até bem mais humildes que seus colegas.
Enfim, a vaidade é própria do ser humano..
Quem sofreu com essa proliferação de "professores" foi o pobre futebol brasileiro, que já foi o melhor do mundo durante décadas e hoje perde de 7 X 1, em sua casa, para uma seleção europeia, nem tão boa assim como a Hungria de 1954 ou a Holanda de 1974.
Ainda nessa época outros nomes pontificaram como treinadores. No Rio, o paraguaio Fleitas Solich, que conquistou um tricampeonato com o Flamengo (1953/1954/1955), Martim Francisco, que comandava o América, o folclórico Gentil Cardoso, que passou por Botafogo e Vasco, além de outros, uns mais, alguns menos badalados, como Tim, Yustrich, Gradim, Geninho, Filpo Nuñes... Em São Paulo, tivemos Oswaldo Brandão (Corinthians e Palmeiras), Lula (Santos), Aymoré Moreira (Palmeiras), o húngaro Bela Gutman (São Paulo)... Menos arrogantes que os dois anteriormente citados, mas não deixando de perder a pose, como se só eles fossem os responsáveis pelas vitórias de seus times...
Nessa década de 50 talvez o único treinador (que, na realidade era jornalista), que não exibiu soberba, que falava a linguagem simples do jogador e que levou o Botafogo ao memorável título de 1957, foi João Saldanha. Vejam bem: não estava habituado a atuar dentro das quatro linhas (apesar de ter sido um jogador modesto na juventude), mas não precisava inventar táticas mirabolantes, nem se achar o dono da verdade para conseguir o que conseguiu. Pegou um time de cobras, que não conseguia obter sucesso com técnicos anteriores e, simplesmente, deixou-os à vontade para fazerem o que sabiam: jogar futebol. Aquela geração de Nilton Santos, Pampolini, Didi, Garrincha, Paulinho Valentim e Zagallo, talvez tenha formado um dos times mais importantes e gostoso de se ver jogar da história do futebol brasileiro.
E aí, no glorioso ano de 1958, a redenção: já descrentes da qualidade de nossos treinadores/figurões, a antiga CBF, mais descrente ainda na possibilidade de êxito na seleção que formou para disputar a Copa do Mundo na Suécia, entregou a direção da equipe a um quase desconhecido, mero auxiliar técnico do São Paulo Futebol Clube. Como se lavasse as mãos e dissesse: "Vai, Feola, não tens nada a perder. O fracasso da seleção já é esperado, conforme-se com sua insignificância".
E o Brasil, desacreditado, quase esquecido pela opinião pública esportiva do país, com um treinador que deixou o time à vontade (até porque não devia entender muito de táticas e esquemas), revelou ao mundo a beleza do futebol de um Garrincha, de um Didi, de um Zito, de um Nilton Santos, de um Vavá, até mesmo do limitado Zagallo. E, conseguiu, finalmente, conquistar o tão ambicionado campeonato mundial de futebol... Conquista que já almejávamos desde 1934, que quase se torna realidade em 1950 e cujo fracasso o arrogante Flavio Costa teimou em negar...
Veio a década de 60, surgiram alguns novos nomes como Jorge Vieira (campeão carioca pelo América em 1960), Paulo Amaral (que, de preparador físico da seleção de vitoriosa de 1958 e 1962, tentou a carreira como técnico de futebol, fazendo sucesso no seu Botafogo). No final dos anos 60, vários dos ex-jogadores que tinham sido bicampeões mundiais na Suécia e no Chile, já paravam de jogar. A idade e o passar do tempo são implacáveis... Alguns deles tentavam começar a carreira de treinador: Zagallo, Dino Sani, Pepe, entre outros...
Saldanha, que, depois do título carioca de 1957, voltou à sua profissão de jornalista, é novamente chamado, depois do retumbante fracasso do seleção brasileira na Copa do Mundo na Inglaterra. Volta como salvador da Pátria, pois a equipe nacional voltou em frangalhos depois da derrocada em terras inglesas em 1966...
Agora, não é mais o Botafogo que ele tem que salvar: é a própria seleção brasileira.
Sem frescuras, sem filigranas táticas, sem mistérios, escala logo a sua seleção titular, suas "onze feras"... E o time ressurge, passa com facilidade pelas eliminatórias, carimba o passaporte para a Copa de 1970, no México.
Saldanha fica incomodado com a intromissão dos militares que detinham o poder no Brasil, em especial do Presidente da República que cisma em querer impor o Dario, do Atlético Mineiro, na seleção brasileira. Atrita-se com os subservientes dirigentes da CBF, é colocado para fora da seleção.
Assume o então treinador do Botafogo, que no final dos anos 60 reformulou sua equipe e voltou a repetir o sucesso que tinha feito no início da mesma década. Zagallo, guindado à função de técnico do juvenil do Botafogo, onde encerrara a carreira de jogador, logo assumiu a direção da equipe principal. O sucesso do time botafoguense foi tão grande, que, na saída de Saldanha, os cartolas da CBF, desorientados, sem saber como agir, decidiram chamar Zagallo, então o treinador da melhor equipe do Brasil no momento.
Este, até por respeito a Saldanha, de quem tinha sido jogador e campeão em 1957, pouco mexeu no time, colocou para jogar as melhores "feras" que tinha à sua disposição e o time foi tricampeão mundial.
Já em 1974, repetindo Zagallo no comando da equipe nacional este botou as manguinhas de fora, quis colocar o time para jogar segundo suas ideias retranqueiras e, ... outro fracasso... time eliminado pela excelente equipe da Holanda.
Aí, começou a era dos "professores"... maldita era...
O primeiro deles, Claudio Coutinho, militar colocado na comissão técnica da seleção de 1970 pelo governo ditatorial da época, começou a inventar. Teve um sucesso efêmero como treinador do Flamengo e logo foi designado para o cargo de treinador da seleção brasileira. Inventou o tal do "ponto futuro" que só ele sabia o que significava.
Novo fracasso na Copa de 1978, quando o "professor" Coutinho declarou o Brasil como "campeão moral"...
Depois, outro militar, também remanescente da comissão de 70, Carlos Alberto Parreira. Teórico, sem jogo de cintura, quis impor um estilo de jogo ao futebol brasileiro que também só ele sabia o que significava.
E os "professores" proliferaram...
Telê, o mais arejado deles, jogador apenas regular quando atuou pelo Fluminense, pelo menos era ousado (o que não foi quando jogador), gostava do futebol bonito. Não sei se deu a liberdade que os jogadores queriam para desenvolver suas qualidades em campo, mas, pelo menos, conseguiu reunir um excelente grupo em 1982, que realmente merecia ter conquistado o título máximo. Mas, ficamos no meio do caminho...
Telê, novamente escolhido para treinador da seleção em 1986, deu adeus ao seu sonho de fazer o Brasil jogar bonito. Num penalty perdido por Zico no jogo contra a França, na Copa do México, foram-se as esperanças do treinador e do país.
Achando que o Brasil não podia jogar bonito, jogar solto, surgiram outros "professores" que passaram a imitar o futebol europeu, retrancado, sem criatividade, sem improvisação, sem gênios... O importante era defender, ganhar quando fosse possível, pelo placar mínimo excelente, empatar ótimo, o que valia era o resultado...
Aí, os "professores" tomaram conta do nosso futebol. Em 1990, com a seleção comandada pelo arrivista Lazaroni (meu Deus do céu!!!), vexame... seleção retrancada, com medo de jogar, defendendo, defendendo, até cair ante a genialidade de Maradona e companheiros...Ressurge Parreira e, tendo Zagallo ao seu lado, mais uma seleção retrancada. Final "emocionante" contra a Itália, em 1994. Retranca contra retranca. Numa incrível decisão de Copa do Mundo nas penalidades máximas, o Brasil é tetracampeão do mundo.
Claro que a qualidade técnica do jogador brasileiro caiu muito nas últimas décadas. Depois da famigerada Lei Pelé, o destino das jovens promessas do nosso futebol caiu nas mãos de empresários, ávidos por lucros imediatos, pouco ou nenhum valor dando ao futuro do nosso futebol. Jogadores com 16, 17 anos, vão para a Europa aprender o feio futebol europeu e lá é que são formados. Para lá foram Romário, Ronaldo, Ronaldinho, três dos maiores craques mundiais que não tiveram tempo de exibir e aprimorar o dom que Deus lhes deu nos campos brasileiros. O dinheiro falou mais alto, foram aprender futebol na Europa. E, assim todas as gerações que se seguiram.
E tome "professor"... Vanderlei Luxemburgo, Felipão, Mano Menezes, Murici, Nelsinho, Abel, Leão... Dunga (não mereço isto)... Todos ex-jogadores de futebol, que não passaram da mediocridade, sem nenhum estudo maior, sem nenhuma preparação prévia, são colocados à frente de equipes da primeira linha do futebol brasileiro e logo são tachados de "professores" por seus obedientes alunos.
E, a coisa vira rotina... para se manterem nos empregos, os "professores" armam rígidos sistemas defensivos, nos quais surgem os "brucutus", uma infinidade de volantes, muitos marcadores que não sabem o que fazer quando têm a bola em seus pés...
Um ou outro deles consegue um sucesso eventual em algum clube brasileiro. Acham-se os poderosos, os sábios do futebol, aqueles a quem nada ou ninguém pode contrariar. Ficam irritados quando são contestados, são mal educados, mal humorados... Aqui, no Brasil, consideram-se os reis do pedaço. Quando algum deles tenta treinar um clube da Europa, caem do cavalo, o fracasso é total. Veja-se o exemplo do Luxemburgo no Real Madrid ou do Felipão no Chelsea. Talvez na Arábia ou na Ásia tenham algum sucesso...
Quando são contratados por algum clube em desespero, sob ameaça de rebaixamento, às vezes conseguem alguns resultados positivos e o ego logo se infla.
Não sei se repararam, mas a maioria deles se julga perseguido pelas arbitragens, como se os maus árbitros não prejudicassem os times que dirigem, mas sim a eles, os treinadores. Hoje, o "professor" está no time A e quando perde uma partida, o juiz prejudicou seu time. Quando são contratados pelo time B, outro juiz prejudicou o novo time, quando o resultado é adverso. E, isso, nos times C, D, E, F, G, H... Onde aquele treinador está, o time por ele dirigido sempre é o prejudicado.
Mas, não perdem a empáfia, a arrogância, a soberba.
Faço uma ressalva aqui para os nomes de Cuca, Tite e Marcelo Oliveira, que me parecem controlados, serenos, estudiosos e responsáveis. Talvez até bem mais humildes que seus colegas.
Enfim, a vaidade é própria do ser humano..
Quem sofreu com essa proliferação de "professores" foi o pobre futebol brasileiro, que já foi o melhor do mundo durante décadas e hoje perde de 7 X 1, em sua casa, para uma seleção europeia, nem tão boa assim como a Hungria de 1954 ou a Holanda de 1974.
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