OS DESBRAVADORES
Capítulo 18
Calfilho
XVIII
O próximo porto foi São João da Ponta, já na entrada
da baía de Marajó.
Faustino disse a Maria Teresa que aguardasse no navio,
enquanto ele ia à cidade em companhia de Pedro e dos homens.
Ela, a princípio, não entendeu. Ele tentou explicar:
– É melhor, Teresa, não vou poder ficar perto de você,
eu e o Pedro temos uma coisa muito importante para resolver com os homens.
Ela insistiu:
– Puxa, Faustino, eu queria tanto ir. Ficar dias e
dias dentro dessa cabine, sem nada para fazer... a única oportunidade de mudar
de ambiente é quando o navio para num porto.
Ele deu-lhe um beijo carinhoso na testa. Foi incisivo:
– Não, meu bem, infelizmente, não posso te levar. Eu e
o Pedro temos que resolver esse problema, não é coisa pra mulher.
Ela continuou insistindo:
– Mas, Faustino, o que é que vocês vão fazer que é tão
importante assim? Será que eu não posso saber?
Ele olhou para ela, hesitou um pouco. Depois, falou:
– Bem, você já não é mais criança, posso te contar.
Então, relatou a ansiedade que tomava conta dos
homens, as brigas que eles tiveram, a conversa que tivera com Pedro sobre a
necessidade de afrouxar um pouco as rédeas em relação a eles. Com muito jeito,
procurou explicar a necessidade que eles tinham de ir a um puteiro.
– Veja bem, Teresa, eles aqui estão sozinhos, um monte
de homem dentro de uma cabine. Não têm uma mulherzinha cheirosa como você na
hora de dormir, de deitar nos seus ombros. Tão tudo doido por aí, se
masturbando no banheiro. E vão ficar muito mais, quando a gente sentar
acampamento na selva. Por isso, eu e o Pedro decidimos dar uma folga a eles.
Mas, vamos ficar de olho, vigiando de longe para que não façam besteira. Afinal
de contas, não podemos nos dar ao luxo de perder esses caras agora, quando já
estamos quase chegando lá.
Ela enrubesceu, à medida em que ele ia contando a
história. Depois que terminou, ela, encabulada, levantou os olhos em sua
direção. Disse, timidamente:
– Puxa, Faustino, isso nem tinha me passado pela
cabeça. Tá certo, vai com eles. Mas, vê se não aproveita e também arranja uma
mulher pra você... – brincou.
Ele abriu um largo sorriso. Disse:
– Pode deixar, meu bem, eu já tenho você. Pelo menos,
enquanto o neném deixar, depois não sei... – brincou também.
Ela deu-lhe um soco carinhoso no peito, enquanto ele a
abraçava.
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