sábado, maio 30, 2015

A BRETANHA

 

 

A BRETANHA

Saint Malo e o Monte Saint Michel

Calfilho
 
 
 
               A segunda cidade francesa de que mais gosto, após Paris evidentemente, é Saint Malo.
               Fica na Bretanha, uma maravilhosa região do oeste da França, bem em frente da costa inglesa, tendo o canal da Mancha a separá-las. Fica abaixo da Normandia, local onde ocorreram os famosos desembarques do Dia D, na Segunda Guerra Mundial.
                Saint Malo é conhecida como cidade corsária, cidade dos marinheiros, dos antigos piratas. Atualmente, existem duas Saint Malo: a antiga, que permanece encerrada "intramuros" e a moderna, fora das muralhas. A cidade, segundo a Wikipédia, foi construída no século I A.C. pelos romanos, que a fortificaram no século 6 D.C.
                 As muralhas ("remparts") foram construídas no século XII pelo bispo Jean de Chatillon, ainda segundo a Wikipédia
St. Malo
St. Malo
         


St. Malo


               Saint Malo foi duramente castigada durante a Segunda Guerra Mundial, praticamente arrasada pela tropas do general americano George Patton, tendo sido quase toda reconstruída anos mais tarde.
                 É uma cidade maravilhosa, totalmente diferente de Paris, com vida e costumes próprios, característicos da Bretanha. Seus restaurantes são maravilhosos, a culinária tem como ponto forte os frutos do mar, principalmente as ostras e os mariscos (as "moules"), tem os crepes como seu prato típico e a cidra como bebida da região.
                "Intramuros", ou seja no interior das muralhas, a cidade fervilha com o movimento contínuo de turistas praticamente o ano todo (mesmo no inverno) que lotam suas lojinhas para comprar souvenirs da região e os restaurantes colados um no outro. Eles veneram Duguay-Trouin, o pirata francês que veio para o Brasil em meados do século XVI e, no Rio de Janeiro, tentou fundar a França Antártica, na ilha que hoje tem o nome de Villegaignon, na baía de Guanabara. As lojinhas exibem pequenas lembranças para os turistas, baseadas sempre em motivos marinhos, como âncoras, camisas listradas de marinheiros, timões, miniaturas de veleiros...
              Famosas também são as "galettes", uma espécie de biscoito amanteigado, vendidos em pequenas latas com as imagens da cidade.
             O meio mais fácil para chegar a Saint Malo, partindo de Paris, é o trem. Pega-se o TGV (train à grande vitesse) na charmosa estação de Montparnasse, bairro tradicional de Paris, onde foi construída uma torre envidraçada, parecida com os edifícios das torres gêmeas, de Nova York, e de onde se tem uma maravilhosa vista da cidade. A estação fica logo atrás da torre. Se estiver com malas e pegar um táxi, peça ao motorista para parar atrás da estação, na rua Comandant Mouchote, onde há uma escada rolante que leva diretamente às diversas plataformas de embarque do TGV. Se não carrega muita bagagem, pegue o ônibus 82 (nosso conhecido) ou o metrô, linha 4, direção Mairie de Montrouge e desça na estação Montparnasse Bienvenue. 
              A estação (gare) de Montparnasse, como a maioria das grandes estações de trem de Paris, atende tanto os passageiros que se destinam a cidades longe da capital, como aquelas mais próximas. Por isso, elas se dividem normalmente em duas, em locais um pouco distantes uma da outra: a principal para as cidades longe de Paris e a secundária para cidades próximas ou subúrbios. Por isso, nas principais estações, você vai encontrar a Montparnasse 1 e 2, Gare de Lyon amarela e azul, o mesmo ocorrendo com a Gare de l'Est.
              Cabe aqui um rápido esclarecimento: a Gare de Lyon liga Paris a cidades como Nice, Marseille, Lyon, e mesmo Turim, Milão, Veneza e Roma. A Gare de L'Est leva os passageiros às cidades do leste da França (Strasbourg, Nancy, Reims, Colmar), bem como a algumas cidades da Alemanha (Stutgart, Augsburg, Munique). A Gare du Nord conduz os viajantes ao norte da França (Lille, por exemplo), como a Bruxelas e Amsterdam. E, de uns anos para cá, depois da inauguração do Eurotúnel, leva e traz diariamente, em vários horários, passageiros de Paris para Londres.
              Existem estações menores, como a Saint Lazare, que serve a cidades da Normandia, como Cherbourg, Deauville, Le Havre, bem como a Rouen e Pontoise. Outra é a estação de Bercy, que só utilizei uma vez, quando peguei um trem noturno para Veneza (esse serviço atualmente é feito pela gare de Lyon), e Austerlitz, onde nunca embarquei.
              As passagens podem ser compradas em bilhetes avulsos (adquiridos pela internet ou através de algumas agências de viagem aqui no Brasil, ou diretamente nos guichês das estações). Se você pretende fazer várias viagens, em trechos longos, talvez o mais cômodo seja adquirir um passe (existem vários, costumo usar o SAVER, destinado para duas ou mais pessoas que viagem juntas), o que torna a viagem bem mais barata. Os passes só são vendidos para pessoas que residem fora do continente europeu e são emitidos para viagens em primeira ou segunda classes, para o número de dias de viagens desejado, e, depois é só fazer a reserva de assentos.
               Praticamente em quase todos os trens europeus de alta velocidade (TGV, na França; Flecha Vermelha ou Branca, na Itália; Thalys, na Bélgica e Holanda; AVE, na Espanha e Lyria, na Suiça, além dos três da Grã Bretanha) a reserva de lugares é obrigatória antes da viagem. Já nos trens regionais, que ligam pequenas cidades, não há necessidade de reserva.
             Para St. Malo, partindo de Montparnasse, atualmente existem TGVs diretos ou com baldeação em Rennes. Até poucos anos atrás, não havia TGV direto, a troca de trens em Rennes era obrigatória.
              Escolhemos um direto, a viagem dura pouco mais de três horas. Chegando na estação de Saint Malo, que fica na parte nova da cidade, pegamos um táxi que nos conduza ao hotel que fica "intramuros"). Viagem curta, pouco mais de 3 quilômetros. Existem vários e bons hotéis. Já fiquei no Hotel du Louvre, no Chateaubriand e, nas últimas viagens hospedamo-nos no Cartier. Fica bem perto da porta Saint Vincent, a principal, que dá acesso ao interior das muralhas.
            Deixamos as malas no quarto e saímos para almoçar. Ali perto, está um restaurante muito bom, o "Lion d'Or", onde fazemos uma refeição farta e correta.
             Mais tarde, passeamos na parte de cima dos "remparts" onde se tem uma vista maravilhosa para o mar e algumas ilhas próximas, inclusive aquela em que está enterrado o poeta francês Chateaubriand. O mar, ali é muito forte, e a maré sobe e desce bastante, e... rapidamente. Nos dias de baixa pode-se ir a pé até algumas das ilhas.
            Perto dali, ao sul, existem duas pequenas cidades, Dinar e Dinan, sem maiores atrativos turísticos. Ao norte, a meio caminho do Mont Saint Michel, fica a cidade de Cancale, famosa por sua produção de ostras.
            Até poucos anos atrás, do lado externo da porta de St. Vincent, havia um estacionamento de ônibus que levavam às cidades da região. Inclusive, havia um, tipo executivo, que levava passageiros daquele local até o Monte St. Michel. Lá, ele aguardava que os turistas passeassem no interior das dependências do local, onde há uma abadia, várias lojas de souvenirs, vários restaurantes, alguns hotéis e até um pequeno museu. Atualmente, parece que esse ônibus parte da estação de trem, já que o estacionamento em frente à porta St. Vincent foi desativado. Pelo menos, foi essa a informação que tive nas duas últimas vezes em que estive em St. Malo (este ano e o passado).
           O Monte St. Michel, considerado uma das oito maravilhas do mundo (seu apelido é "La Merveille"), é uma espécie de fortaleza, construída em pedra.
Fica numa espécie de cabo (acidente geográfico) e, quando a maré sobe os acessos ficam interrompidos e o monte fica isolado do continente.
 
 
Realmente, a vista do Mont Saint Michel é espetacular. Ainda, dentro do ônibus, quando dele nos aproximamos e o vemos crescendo ante nossos olhos, a sensação é de imponência, de algo muito grandioso e belo. E, lá dentro, subindo suas ruas estreitas, no emaranhado de pessoas se cruzando, temos a sensação de estarmos num lugar mágico. É uma visita absolutamente imprescindível para aqueles que   pretendem visitar a França. 
           Ainda, sobre a Bretanha, destaco a cidade de Nantes, que fica abaixo de St. Malo, onde desemboca o rio Loire e, onde, em 1998, eu e um dos meus filhos, o Duda, assistimos o Brasil ganhar de Marrocos por 3 a zero, na segunda partida da equipe brasileira, ainda na fase classificatória da Copa do Mundo de 1998.                              
 
 




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