terça-feira, maio 26, 2015

A MAGIA DE PARIS 13

 

A MAGIA DE PARIS

Décima terceira parte


O MARAIS...
 
Calfilho
 
 
              Acredito que nas doze últimas publicações que fiz aqui sobre Paris (a palavra "post" não me é simpática) tenha dado àqueles que me honraram com sua leitura minha visão e experiência de viagens que fiz àquela maravilhosa cidade. Paris sempre me atraiu, desde que a conheci em 1957 e, depois, pelas leituras que fiz na minha adolescência, juventude e já como adulto, essa atração em muito aumentou. Finalmente, tive a ventura de lá poder voltar voltar várias vezes após minha aposentadoria e, a cada vez que lá retorno, ela sempre tem uma faceta nova a me mostrar.
               Dos locais que visitei (e, para não cansar muito o leitor, este será o último desta série) um dos que mais gosto é o Marais.
                Fica na margem direita do Sena. É considerado um dos bairros mais antigos de Paris, habitado, na maioria, por judeus.
                  Saindo do nosso boulevard de Saint Michel, atravessamos a Cité e chegamos à Rive Droite, a margem direita do "riozinho". Deixamos para trás, na Cité, do nosso lado esquerdo, a Sainte Chapelle, o Palácio da Justiça e a Conciergerie; do lado direito, a Notre Dame. Caminhamos pelo Boulevard du Palais e, ao deixarmos a Cité, deparamo-nos logo com a grandiosidade do Hotel de Ville (a Prefeitura). Em frente ao magnífico prédio existe uma praça enorme, cimentada, que substituiu a antiga Place de Gréve, onde eram realizadas as execuções com o machado, antes da instalação da guilhotina na Praça da Concórdia.
               Essa praça é famosa entre os parisienses por ser ponto de encontro da população quando faz alguma manifestação importante. Lembro que, em 1998, quando fui com Duda, meu filho mais velho dos homens, assistir alguns jogos do Brasil pela Copa do Mundo, havia um jogo da França contra a Arábia Saudita (segundo me recordo era esse o adversário, não estou certo). Passei, por acaso, pela praça do Hotel de Ville e, realmente, fiquei surpreso com a força  e beleza do espetáculo. O jogo passava num telão, a praça estava repleta: homens, mulheres e crianças. E eles, como se fossem uma só voz, cantavam a plenos pulmões a Marselhesa. E não paravam de cantar... Empolgação parecida só havia visto no Maracanã, mas não com tanta intensidade... E, naquele momento, nem os franceses acreditavam muito em sua seleção de futebol, duvidavam que ela chegasse à final... Se soubessem que seriam campeões acredito que ficariam enlouquecidos...              
Torre de St. Jacques
             Depois de atravessarmos a Praça do Hotel de Ville, estamos no Chatêlet, local famoso da cidade, onde se desenrolaram episódios marcantes da história francesa. No subsolo está uma das maiores redes de conexão do metrô e do RER da cidade, com diversas linhas que lá fazem entroncamento. Na superfície, bem em frente, está a torre de St. Jacques, que foi o que restou de uma igreja, parcialmente destruída durante a Revolução Francesa, em 1793.

Pegando a rua de Rivoli à direita, continuamos nossa caminhada, que vai-se desenvolver por pequenas ruas estreitas, que é a marca registrada do bairro. Passamos pelo prédio feio do Centre Georges Pompidou (o Beaubourg), pela rue du Temple, pela rua des Francs-Bourgeois, até chegarmos à rua de Sevigné, onde está um dos melhores museus de Paris, o Carnavalet. É o museu que conta a história da cidade, passando pela época de sua fundação, pela idade média, pela Revolução Francesa (com uma magnífica maquete da prisão da Bastille, também posta abaixo pela Revolução), depois pela Comuna, até chegarmos ao século XX. É um museu maravilhoso e, melhor, a entrada é grátis.
                As ruas do Marais estão repletas de pequenos comércios, como açougues, padarias, "charcuteries", adegas, casas de queijos,  localizados em prédios antigos e que vendem praticamente de tudo.
                  Ali perto está a não menos famosa Place de Vosges, onde está situada a casa onde morou Victor Hugo. Em outra rua encontramos o Museu Picasso. E, seguindo mais a frente e acima, encontramos a Praça da República, também palco de grandes manifestações (inclusive a recente passeata em homenagem às vítimas do Charlie Hebdo) e a Praça da Bastilha. Nesta última, antes da Revolução, havia a famosa prisão, hoje demolida e que deu lugar a um monumento e a uma ópera.               
                  Na Bastilha, encontramos um pequeno porto, o Arsenal, no canal St. Denis, de onde partem diariamente pequenos barcos tipo "bateau mouche" que fazem o passeio por várias eclusas do canal, chegando até a bacia de La Vilette, local muito bonito e que vale a pena visitar, com várias atrações para as crianças.
                  Bem, essa foi, em 13 capítulos, a Paris que eu aprendi a conhecer e dela ser um grande admirador. Espero ter passado alguma coisa da minha experiência àqueles que pretendem visitá-la, repetindo sempre que essa é a minha impressão particular sobre a cidade, o modo como gosto de vê-la, de percorrer suas ruas, seus monumentos, seus museus, seus cafés e bistrôs. Existem várias outras maneiras de conhecê-la, da mais luxuosa à mais simples possível, mas somente após visitá-la é que realmente nos apaixonamos por ela.
              Nas próximas publicações, tentarei descrever outras cidades da França que visitei e que muito me impressionaram...
 


 

 



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