PAIS E FILHOS...
NO FUTEBOL...
Calfilho
Em
talvez oitenta por cento das hipóteses, os filhos seguem os caminhos que os
pais já desempenharam em suas próprias vidas. Assim, muitos médicos também se
formam em medicina porque seu pai ou sua mãe foram médicos. O mesmo ocorre na
advocacia (com suas variantes para a magistratura ou Ministério Público, mesmo
Defensoria), engenharia, odontologia e outras carreiras de nível superior...
Não porque, necessariamente, já tinham vocação para seguir a mesma profissão, mas, quase sempre pela influência familiar...
talvez até por comodismo, por já encontrarem o escritório ou consultório do pai
ou da mãe estabelecido, o bom nome que eles já conquistaram no exercício de
suas profissões e a maior facilidade que teriam em começar uma atividade
laborativa após o término de seus ciclos de estudos convencionais...
Cada
um deve ter sua própria história para contar. Muitas delas são iguais, outras
parecidas, algumas bem diferentes...
Vou
contar a minha, se me permitem. Meu pai era médico e acho que um dos seus
maiores sonhos era que eu também fizesse medicina. Por isso, cursei o antigo
científico, que era preparatório para medicina, engenharia, odontologia, entre
outras carreiras. Estudei, sem necessidade, matemática mais avançada, desenho,
química, física, matérias que nunca utilizei no futuro. Acabei cursando Direito (poderia ter feito o
clássico e me livrado daquelas matérias) e segui outra carreira, mesmo sem ter
vocação para ela. Sei que decepcionei profundamente meu pai, mas acho que fiz o
que achei que era melhor para mim na ocasião. Seria um médico apenas razoável,
acabei um magistrado também apenas razoável...
No
futebol, meu pai também não me influenciou... Na realidade, não sei para qual
time torcia. Senti nele uma leve predileção pelo Vasco, mas foi apenas minha
impressão. Entretanto, levou-me várias vezes ao Maracanã para assistir jogos de
times diversos, entre eles até o São Cristóvão. Com ele, assisti partidas
diurnas e noturnas, do campeonato carioca e do antigo torneio Rio-São Paulo.
Minha opção pelo Botafogo, depois de minha fase cantorriense foi tomada somente
por mim, por mais ninguém.
Já
em relação aos meus filhos foi um pouco diferente. Não dei nenhum palpite sobre
a carreira que deveriam seguir. Deixei exclusivamente a critério deles essa
escolha. Minha filha mais velha e dois dos meus filhos homens escolheram
Direito, não sei o motivo. Não advogo depois que me aposentei (nem revalidei
minha inscrição na OAB), não tenho escritório e pouco posso ajudá-los, já que o
Direito mudou muito depois da minha aposentadoria. Outro filho meu cursou
Física e hoje é professor da UFRJ, tendo vários cursos de mestrado, doutorado e
pós-graduação nos EEUU., Europa, até China.
Já
quanto ao futebol, aí não. Ainda crianças de colo me acompanharam devidamente
uniformizados com a camisa, calção e meia do Botafogo a jogos no Maracanã.
Hoje, são quatro botafoguenses doentes. Um deles, como eu, é sócio proprietário
do clube.
Já
meu neto, doutrinado pelo pai, é tricolor, não consegui influenciá-lo.
Democracia
em tudo, menos no futebol...
3 comentários:
No futebol cabe traição. Muito gostoso ler suas antigas histórias, Carlinhos. Grande abraço, caro e velho amigo. Ah! Se tivesse feito o clássico, seria meu colega e de Eduardo, que sentava perto da menina mais bonita da sala!
Ironias do destino. No científico, tive uma Miss Niterói sentada perto de mim...
Carlinhos,
Tenho dois filhos, ambos vascaínos. Uma neto, vascaíno, e uma neta sem opção futebolística.
Minha mulher vascaína, era torcedora do Estrela, em Cachoeiro de Itapemirim. A sede era próxima a casa dela.
Minha irmã mais velha, mas mais nova do que eu, vascaína, por minha causa.
Aos dois três anos vestia meus filhos com a camisa do Vasco e fotografava. Não tinha escapatória.
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