sexta-feira, novembro 20, 2020

PAIS E FILHOS... NO FUTEBOL...

 

PAIS E FILHOS... NO FUTEBOL...

 

Calfilho

 

 

          Em talvez oitenta por cento das hipóteses, os filhos seguem os caminhos que os pais já desempenharam em suas próprias vidas. Assim, muitos médicos também se formam em medicina porque seu pai ou sua mãe foram médicos. O mesmo ocorre na advocacia (com suas variantes para a magistratura ou Ministério Público, mesmo Defensoria), engenharia, odontologia e outras carreiras de nível superior... Não porque, necessariamente, já tinham vocação para seguir a mesma profissão,  mas, quase sempre pela influência familiar... talvez até por comodismo, por já encontrarem o escritório ou consultório do pai ou da mãe estabelecido, o bom nome que eles já conquistaram no exercício de suas profissões e a maior facilidade que teriam em começar uma atividade laborativa após o término de seus ciclos de estudos convencionais...

          Cada um deve ter sua própria história para contar. Muitas delas são iguais, outras parecidas, algumas bem diferentes...

        Vou contar a minha, se me permitem. Meu pai era médico e acho que um dos seus maiores sonhos era que eu também fizesse medicina. Por isso, cursei o antigo científico, que era preparatório para medicina, engenharia, odontologia, entre outras carreiras. Estudei, sem necessidade, matemática mais avançada, desenho, química, física, matérias que nunca utilizei no futuro.  Acabei cursando Direito (poderia ter feito o clássico e me livrado daquelas matérias) e segui outra carreira, mesmo sem ter vocação para ela. Sei que decepcionei profundamente meu pai, mas acho que fiz o que achei que era melhor para mim na ocasião. Seria um médico apenas razoável, acabei um magistrado também apenas razoável...

        No futebol, meu pai também não me influenciou... Na realidade, não sei para qual time torcia. Senti nele uma leve predileção pelo Vasco, mas foi apenas minha impressão. Entretanto, levou-me várias vezes ao Maracanã para assistir jogos de times diversos, entre eles até o São Cristóvão. Com ele, assisti partidas diurnas e noturnas, do campeonato carioca e do antigo torneio Rio-São Paulo. Minha opção pelo Botafogo, depois de minha fase cantorriense foi tomada somente por mim, por mais ninguém.

     Já em relação aos meus filhos foi um pouco diferente. Não dei nenhum palpite sobre a carreira que deveriam seguir. Deixei exclusivamente a critério deles essa escolha. Minha filha mais velha e dois dos meus filhos homens escolheram Direito, não sei o motivo. Não advogo depois que me aposentei (nem revalidei minha inscrição na OAB), não tenho escritório e pouco posso ajudá-los, já que o Direito mudou muito depois da minha aposentadoria. Outro filho meu cursou Física e hoje é professor da UFRJ, tendo vários cursos de mestrado, doutorado e pós-graduação nos EEUU., Europa, até China.

    Já quanto ao futebol, aí não. Ainda crianças de colo me acompanharam devidamente uniformizados com a camisa, calção e meia do Botafogo a jogos no Maracanã. Hoje, são quatro botafoguenses doentes. Um deles, como eu, é sócio proprietário do clube.

    Já meu neto, doutrinado pelo pai, é tricolor, não consegui influenciá-lo.

         Democracia em tudo, menos no futebol...

3 comentários:

Jorge Sader Filho disse...

No futebol cabe traição. Muito gostoso ler suas antigas histórias, Carlinhos. Grande abraço, caro e velho amigo. Ah! Se tivesse feito o clássico, seria meu colega e de Eduardo, que sentava perto da menina mais bonita da sala!

Calfilho disse...

Ironias do destino. No científico, tive uma Miss Niterói sentada perto de mim...

Jorge Carrano disse...


Carlinhos,
Tenho dois filhos, ambos vascaínos. Uma neto, vascaíno, e uma neta sem opção futebolística.
Minha mulher vascaína, era torcedora do Estrela, em Cachoeiro de Itapemirim. A sede era próxima a casa dela.
Minha irmã mais velha, mas mais nova do que eu, vascaína, por minha causa.
Aos dois três anos vestia meus filhos com a camisa do Vasco e fotografava. Não tinha escapatória.