domingo, julho 08, 2018

O BRASIL NA COPA DO MUNDO 2018




O BRASIL NA COPA DO MUNDO 2018


Calfilho





         Passada a euforia exagerada da classificação da seleção brasileira na fase de grupos da Copa do Mundo de 2018, e a vitória na partida de oitavas de final contra o México, veio a derrota e a consequente desclassificação no jogo contra a Bélgica, pelas quartas de final da importante competição.

          Vários comentaristas especializados das três emissoras de televisão que viajaram para a Rússia já devem ter emitido suas “abalizadas” e “competentes” opiniões sobre a “inesperada” desclassificação brasileira. Por isso, atrevo-me a colocar aqui a minha, que, sem ser tão “competente”, pelo menos é sincera e originária de quem acompanha de perto o futebol mundial e o brasileiro desde 1950. Mais tempo, aliás, que os Marcelos Barretos, Andrés Rizek, Júniores, Casagrandes, Caios Ribeiros, Muricys Ramalhos, Edmundos e tantos outros luminares da crônica esportiva brasileira. Pelo menos, com a experiência de ter visto jogar Zizinho, Ademir, Jair da Rosa Pinto, Garrincha, Pelé, Ademir da Guia, Falcão, Sócrates e outros grandes gênios que enriqueceram o futebol brasileiro, coisa que muitos desses “comentaristas” não viram...

         É inegável que a seleção melhorou muito desde que o treinador Tite assumiu seu comando. Anteriormente dirigida por técnicos arrogantes e prepotentes, que se achavam os donos da verdade como Felipão e Dunga, esteve prestes a não conseguir a classificação para o torneio mundial.

        Tite deu um jeito em nosso time, chegou a devolver ao brasileiro a alegria de torcer pela seleção, coisa que já estava sendo perdida algumas Copas do Mundo atrás. Reuniu o que havia de melhor dos nossos jogadores que atuam na Europa e formou um time que classificou-se em primeiro lugar na fase das eliminatórias. Nada de extraordinário, um time de qualidade apenas razoável, mesclado com alguns jogadores remanescentes do lamentável e inesquecível 7 X 1 para a Alemanha (Fernandinho, Willian, Marcelo) em pleno Mineirão na Copa de 2014, com alguns outros bons atletas que apareceram aqui e ali, quase todos atuando no futebol europeu (como Philipe Coutinho, Firmino e Gabriel Jesus).

           Não se pretende discutir aqui se a convocação foi ou não a ideal para a Copa. Talvez um ou outro jogador tenha sido esquecido (a meu ver, Luan e Arthur, do Grêmio, Victor, do Atlético Mineiro, ou Fábio do Cruzeiro, poderiam ter sido chamados), mas, em linhas gerais pouca crítica se pode fazer à convocação, em especial àqueles que integraram a esquipe titular.

         O mal, a meu ver, já vem de muito longe. Desde que os europeus entenderam que o futebol brasileiro era superior ao deles, que o modo de jogar do jovem atleta nascido no Brasil tinha uma molecagem, um atrevimento, uma individualidade e uma improvisação que eles não conseguiriam obter nunca, começaram a investir na contratação dos nossos jogadores. Inicialmente, com aqueles já consagrados ou em final de carreira, como Julinho Botelho, Dino da Costa, Vinicius, Evaristo (na década de 50), depois com Amarildo, Jair da Costa, Mazola, Vavá, Didi, até mesmo Germano e outros menos cotados (na década de 60), mais tarde com Falcão, Júnior, Zico, Cerezo, Sócrates e tantos outros (nas décadas seguintes), como Romário, Bebeto, os dois Ronaldos, o carioca e o gaúcho, para, finalmente, com a praga dos empresários no futebol, levarem daqui jogadores ainda com 13, 14, 15 anos de idade, para lá serem criados e educados, juntamente com as respectivas famílias, geralmente pobres e sem recursos, e lá aprenderem a jogar o futebol ... europeu...

     Adeus, molecagem, adeus improvisação, adeus espontaneidade... nossos “craques” passaram a jogar um futebol mecanizado, obediente a táticas rígidas, sem liberdade de ação, de criação...  Deu no que deu...

            E lá foi o futebol brasileiro disputar as Copas do Mundo com seleções com pouca ou quase nenhuma identificação com seu país de origem. Jogadores que foram criados lá fora, jogam o futebol de lá, formaram famílias nos países onde atuam, seus filhos lá nasceram... Foi-se a identificação, foi-se a raiz, foi-se a beleza do futebol que encantava o mundo... Adeus, Garrincha, adeus Pelé, adeus Didi, adeus Nílton Santos... Lamentável de se ver hoje o retorno da seleção derrotada ao Brasil e do avião somente desembarcarem o técnico e uns três ou quatro jogadores... O resto ficou lá pela Europa mesmo, onde residem e ganham seu sustento...

            A seleção que acabou de perder para Bélgica saiu derrotada, como poderia ter saído vencedora... o nível dessa Copa é mediano, qualquer equipe pode ganhar ou perder, nada irá causar surpresa, nem sensações diferentes...

         Só discordo daqueles que achavam que Neymar era um gênio, que Coutinho era extraordinário (apesar de considerá-lo bom jogador, mas que sumiu inexplicavelmente nos momentos decisivos), que Gabriel Jesus era o maior centroavante do futebol mundial, que Marcelo também fosse considerado o melhor lateral esquerdo dos últimos tempos...

         Ou que, na Copa de 2014 o Bernard (cadê ele?) tinha asas nas pernas, ou que nesta o Willian fosse um “foguetinho” (que não saiu do chão...)

          Menos... menos...

       Deixem a euforia tresloucada para os Galvões Buenos da vida...

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