O
BRASIL NA COPA DO MUNDO 2018
Calfilho
Passada a euforia
exagerada da classificação da seleção brasileira na fase de grupos da Copa do Mundo
de 2018, e a vitória na partida de oitavas de final contra o México, veio a
derrota e a consequente desclassificação no jogo contra a Bélgica, pelas
quartas de final da importante competição.
Vários comentaristas
especializados das três emissoras de televisão que viajaram para a Rússia já
devem ter emitido suas “abalizadas” e “competentes” opiniões sobre a
“inesperada” desclassificação brasileira. Por isso, atrevo-me a colocar aqui a
minha, que, sem ser tão “competente”, pelo menos é sincera e originária de quem
acompanha de perto o futebol mundial e o brasileiro desde 1950. Mais tempo,
aliás, que os Marcelos Barretos, Andrés Rizek, Júniores, Casagrandes, Caios
Ribeiros, Muricys Ramalhos, Edmundos e tantos outros luminares da crônica
esportiva brasileira. Pelo menos, com a experiência de ter visto jogar Zizinho,
Ademir, Jair da Rosa Pinto, Garrincha, Pelé, Ademir da Guia, Falcão, Sócrates e
outros grandes gênios que enriqueceram o futebol brasileiro, coisa que muitos
desses “comentaristas” não viram...
É inegável que a
seleção melhorou muito desde que o treinador Tite assumiu seu comando.
Anteriormente dirigida por técnicos arrogantes e prepotentes, que se achavam os
donos da verdade como Felipão e Dunga, esteve prestes a não conseguir a
classificação para o torneio mundial.
Tite deu um jeito em
nosso time, chegou a devolver ao brasileiro a alegria de torcer pela seleção,
coisa que já estava sendo perdida algumas Copas do Mundo atrás. Reuniu o que
havia de melhor dos nossos jogadores que atuam na Europa e formou um time que
classificou-se em primeiro lugar na fase das eliminatórias. Nada de
extraordinário, um time de qualidade apenas razoável, mesclado com alguns
jogadores remanescentes do lamentável e inesquecível 7 X 1 para a Alemanha
(Fernandinho, Willian, Marcelo) em pleno Mineirão na Copa de 2014, com alguns
outros bons atletas que apareceram aqui e ali, quase todos atuando no futebol
europeu (como Philipe Coutinho, Firmino e Gabriel Jesus).
Não se pretende
discutir aqui se a convocação foi ou não a ideal para a Copa. Talvez um ou
outro jogador tenha sido esquecido (a meu ver, Luan e Arthur, do Grêmio,
Victor, do Atlético Mineiro, ou Fábio do Cruzeiro, poderiam ter sido chamados),
mas, em linhas gerais pouca crítica se pode fazer à convocação, em especial
àqueles que integraram a esquipe titular.
O mal, a meu ver, já
vem de muito longe. Desde que os europeus entenderam que o futebol brasileiro
era superior ao deles, que o modo de jogar do jovem atleta nascido no Brasil
tinha uma molecagem, um atrevimento, uma individualidade e uma improvisação que
eles não conseguiriam obter nunca, começaram a investir na contratação dos
nossos jogadores. Inicialmente, com aqueles já consagrados ou em final de
carreira, como Julinho Botelho, Dino da Costa, Vinicius, Evaristo (na década de
50), depois com Amarildo, Jair da Costa, Mazola, Vavá, Didi, até mesmo Germano
e outros menos cotados (na década de 60), mais tarde com Falcão, Júnior, Zico,
Cerezo, Sócrates e tantos outros (nas décadas seguintes), como Romário, Bebeto,
os dois Ronaldos, o carioca e o gaúcho, para, finalmente, com a praga dos
empresários no futebol, levarem daqui jogadores ainda com 13, 14, 15 anos de
idade, para lá serem criados e educados, juntamente com as respectivas
famílias, geralmente pobres e sem recursos, e lá aprenderem a jogar o futebol ...
europeu...
Adeus, molecagem, adeus
improvisação, adeus espontaneidade... nossos “craques” passaram a jogar um
futebol mecanizado, obediente a táticas rígidas, sem liberdade de ação, de
criação... Deu no que deu...
E lá foi o futebol
brasileiro disputar as Copas do Mundo com seleções com pouca ou quase nenhuma
identificação com seu país de origem. Jogadores que foram criados lá fora,
jogam o futebol de lá, formaram famílias nos países onde atuam, seus filhos lá
nasceram... Foi-se a identificação, foi-se a raiz, foi-se a beleza do futebol
que encantava o mundo... Adeus, Garrincha, adeus Pelé, adeus Didi, adeus Nílton
Santos... Lamentável de se ver hoje o retorno da seleção derrotada ao Brasil e
do avião somente desembarcarem o técnico e uns três ou quatro jogadores... O
resto ficou lá pela Europa mesmo, onde residem e ganham seu sustento...
A seleção que acabou de
perder para Bélgica saiu derrotada, como poderia ter saído vencedora... o nível
dessa Copa é mediano, qualquer equipe pode ganhar ou perder, nada irá causar
surpresa, nem sensações diferentes...
Só discordo daqueles
que achavam que Neymar era um gênio, que Coutinho era extraordinário (apesar de
considerá-lo bom jogador, mas que sumiu inexplicavelmente nos momentos
decisivos), que Gabriel Jesus era o maior centroavante do futebol mundial, que
Marcelo também fosse considerado o melhor lateral esquerdo dos últimos
tempos...
Ou que, na Copa de 2014
o Bernard (cadê ele?) tinha asas nas pernas, ou que nesta o Willian fosse um “foguetinho”
(que não saiu do chão...)
Menos... menos...
Deixem a euforia tresloucada para
os Galvões Buenos da vida...
Nenhum comentário:
Postar um comentário