A BRETANHA
Saint Malo e o Monte Saint Michel
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LOUVRE E ADJACÈNCIAS
Décima primeira parte
Calfilho
Deixando o cinquième, podemos chegar ao Louvre de quatro formas formas: de ônibus, de metrô, de taxi ou a pé. Como, aliás, chegamos a qualquer lugar em Paris.
De ônibus, pegamos o de no. 21 ou 27 num dos pontos do boulevard Saint Michel (direção Gare de Saint Lazare). O primeiro te deixa em frente e o segundo ao lado do museu.
De metrô, pegamos a linha 4 na estação Saint Michel (direção porte de Clignancourt), fazemos baldeação na estação Châtelet e pegamos a linha 1 (direção La Défense), saltando na estaçâo Palais Royal e estamos do lado do Louvre.
De taxi, é claro que basta indicar ao motorista onde pretende ir que ele te deixará lá.
Preferimos fazer o percurso a pé, tentando reviver o trajeto que os condenados à guilhotina faziam quando deixavam a prisão da Conciergerie na carreta que os conduzia à antiga Praça da Revolução (hoje, Praça da Concórdia), onde o carrasco Sansom os aguardava (se tiverem interesse e paciència, consultem meu livrinho "O RENASCER", onde conto a história de um desses condenados).
Deixando o Boul'mich, atravessamos a ponte que nos leva à Cité. Aí, seguindo reto, pegamos o boulevard.du Palais, passando em frente à Sainte Chapelle, ao Palácio da Justiça e à parte lateral da Conciergerie, a famosa.prisão da época da Revolução Francesa.
Deixando a Cité, atravessamos a mesma ponte que os condenados também atravessavam, chegando ao Châtelet para alcançar a rua Saint Honoré. Ali, dobramos à esquerda, passamos por várias ruas menores até chegarmos à rua Royale, onde a carreta dos condenados dobrava novamente à esquerda. Dali eles já a divisavam, terrível e fria como a lâmina que iria cortar-lhes a cabeça: a temida guilhotina...
É um percurso maravilhoso ( para nós, não para os condenados), parece que somos transportados para 1794, o período do Terror da Revolução Francesa, o xingamento do povo que acompanhava o trajeto da carreta, o rufar dos tambores dos soldados que escoltavam o cortejo, tudo isso parece ressoar em nossa cabeça enquanto caminhamos tranquilamente pela rua Saint Honoré.
No meio desse caminho, antes de atingir arue Royale, entramos por uma porta lateral que dá acesso ao Louvre. Isso, se tivermos comprado o passe "Paris Museum"; se não o tivermos, teremos que entrar pela porta principal, a da pirâmide. Aí, enfrentamos a primeira fila, para descermos até o enorme pátio que dá acesso às galerias. Vamos até a segunda fila, para comprar o ingresso. Com ele nas mãos, escolhemos a galeria pela qual entraremos. Sugiro a DENON, onde estão três das principais obras do Louvre: a Vênus de Milo, a Vitória de Samitrace e a Mona Lisa (Gioconda).
Sugiro, também, que apanhem um mapinha do museu, pois é bem fácil perder-se na imensidão e complexidade de suas galerias. Alguém já disse que, para conhecer bem o Louvre são necessários três dias inteiros de visita. Ouso acrescentar que, para os realmente "experts" em arte, talvez dez dias seja pouco. Em matéria de pintura e escultura talvez não haja local igual no mundo inteiro. Existem galerias enormes contendo obras da antiguidade grega, romana, mulçumana, abissínia, egípcia (com suas múmias e esfinges), pinturas de espanhóis, italianos, franceses, holandeses. Uma entre as muitas que gosto de visitar fica num dos subsolos do museu e conta a históroa de sua construção. Enfim, o Louvre é gigantesco, maravilhoso, imponente, chega a doer na alma sua grandiosidade.
Após o verdadeiro banho de cultura que representa a visita ao Louvre, deixamos o museu pela feia pirâmide colocada como objeto estranho.na sua frente. Passamos pelo arco do Carrossel do Louvre e alcançamos o Jardim das Tulherias, uma imensa área verde que vai até a Praça da Concórdia. Nesse local havia um grande castelo que serviu de moradia para alguns reis franceses e até para o imperador Napoleão Bonaparte. Foi demolido na época da Comuna, uma segunda mini Revolução Francesa, ocorrida em meados do século XIX, bem descrita por Victor Hugo, em sua obra imortal "OS MISERÁVEIS". Os franceses, que gostam tanto de preservar seus prédios antigos, demonstrando grande respeito pela conservação de sua arquitetura secular, infelizmente derrubaram prédios históricos de relevância, como a prisão da Bastilha e o palácio das Tulherias. Chegando ao fim do grande jardim, do lado esquerdo, margeando o Sena, encontra-se um pequeno museu, pouco badalado, mas de indiscutível valor artístico, o "L'Orangerie", que contém várias das "Nympheas" de Claude Monet. Vale a pena uma visita, principalmente para os admiradores da obra do grande pintor impressionista.
Voltamos às Tulherias e, em frente, está a famosa Praça da Concórdia. Do seu lado direito (para quem segue em direção ao Arco do Triunfo), existe um monumento erguido no local onde ficava instalada a guilhotina na época da Revolução Francesa. Um outro monumento idêntico fica no lado esquerdo da praça. E, no centro, há um grande obelisco, com vários dizeres escritos em hieroglifos, presente dos egípcios aos franceses. A praça da.Concórdia, antes chamada
Praça da Revolução foi palco de importantes execuções de personagens célebres da história francesa, como Danton, Robespierre, o rei Luís XVI e a rainha Maria Antonieta. Ali foi instalada a temida guilhotina em substituição ao machado, utilizado no início das execuções na antiga Place de Grève, para dar maior celeridade ao cumprimento das condenações obtidas pelo temido promotor Fouquier Tinville (que também acabou guilhotinado).
Prosseguindo em nossa caminhada, atravessamos com cuidado a rua que vai dar acesso à famosa avenida dos Champs Elysées, apelidada por muitos como a "Passarela do mundo", já que por ela transitam diariamente pessoas de todos os cantos do universo, ouvindo-se idiomas diferentes em cada uma de suas esquinas, enormes magazines, luxuosos restaurantes.
A Champs Elysées é uma larga avenida, por onde transitam veículos nas duas mãos de direção, margeada por duas espaçosas calçadas onde pessoas do mundo inteiro fazem o seu "footing". Tem numa de suas extremidades o Arco do Triunfo, na praça da Etoile, e a Praça da Concordia, na outra. Caminhando vagarosamente por uma de suas calçadas, vemos crescer o famoso Arc du Triomphe, mandado construir por Napoleão Bonaparte para celebrar suas vitórias nas guerras europeias. É um monumento muito bonito, com o exterior todo trabalhado, contendo o nome das vitórias napoleônicas. Na sua parte de baixo, no centro, encontra-se uma pira com o fogo sempre aceso, em homenagem ao "soldado desconhecido" francês morto em campo de batalha. Pode-se subir até o seu topo, pela escada ou elevador. A subida é paga, estando incluìda no passe dos museus e monumentos. Lá em cima existe uma exposição sobre sua construção e acontecimentos marcantes da história francesa que ali tiveram lugar.
Do Arco do Triunfo partem doze avenidas (entre elas a Champs Elysées), formando o desenho de uma estrela, daí.ser denominada Place d'Étoile.
Bem, ali pegamos o metrô da linha 1, direção Château de Vincennes' fazemos uma baldeação no Châtelet com a linha 4, direção Porte d'Orléans, para descermos na estação Saint Michel.
Pronto, estamos de volta ao Quartier Latin.
Décima parte
DANDO UMA DE TURISTA...
Calfilho
Após visitarmos com calma o Orsay e nos deliciarmos com o melhor do movimento impressionista, pegamos o RER fora do museu e descemos na estação Saint Michel. Estamos de volta ao nosso porto seguro, o Quartier Latin.
Ali mesmo, no bairro dos gregos, vamos almoçar num pequeno restaurante que fica na rue Saint Sévérin, quase na esquina com a rue de Harpe. É o "Demi Lune", onde já conheço o gerente, o Nicolas, um grego boa praça que nos recebe com um abraço. Isso agora, em 2014, várias viagens após meu retorno a Paris em 1990. Uma dica: leia nos cartazes e nas pedras de ardósia expostas na porta da maioria dos restaurantes franceses se eles oferecem o "menu" ou a "formule" que consiste na escolha de uma entrada, um prato principal e uma sobremesa entre diversas opções sugeridas, custando praticamente o preço de um único prato. As opções de escolha são sempre muito boas e vale a pena fazer uma refeição completa pagando o preço de um prato.
Depois do almoço volto ao hotel para um rápido cochilo, pois a manhã foi bem intensa (e proveitosa).
Às cinco já estamos novamente na rua.
Bem, desta vez estamos acompanhados de uma pessoa que ainda não conhece Paris. E, como é óbvio, seria obrigatório levá-la até a torre Eiffel, principal cartão postal da cidade. Vamos aproveitar que já conhecemos o ônibus 82 e pegá-lo novamente no ponto final do Jardim de Luxemburgo.
Ainda está claro, na primavera e verão Paris só começa a escurecer perto das dez da noite.
O 82 passa novamente por Montparnasse e os Inválidos, onde descemos pela manhã. Mais à frente, dobra à esquerda e passamos em frente à École Militaire à nossa esquerda e o Champs de Mars à direita, imenso jardim onde Santos Dumont fez suas primeiras experiências com balões no fim do século XIX e início do XX. E, ao fundo do Champs de Mars já a divisamos sobressaindo na paisagem de fim de tarde, a "torrezinha" dos franceses, como costuma chamá-la carinhosamente um amigo meu.
O ônibus dobra à direita mais a frente, entrando na rue du Suffren, seguindo paralelamente ao Champs de Mars até alcançar a margem esquerda do Sena (o "riozinho" dos franceses, com mais de dois mil anos de História). Ali, dobra novamente à direita e tocamos a campainha para descermos no próximo ponto. Andamos mais alguns metros e estamos embaixo da enorme construção de ferro, que se apresenta gigantesca sobre nossas cabeças.
Particularmente, a Torre Eiffel não está entre meus monumentos preferidos de Paris. Assim como também não estão a pirâmide do Louvre e o Beaubourg (Centre Georges Pompidou). Representam uma expressão de modernidade da qual os parisienses procuram veementemente não compartilhar.
A própria Torre Eiffel foi severamente criticada antes, durante e após sua construção. Era para ser demolida após a Exposição de 1890. Acabou ficando por lá e depois tornou-se um dos maiores, talvez o maior símbolo da cidade.
Paris, que foi severamente ras-
gada em suas entranhas durante as obras de reurbanização promovidas pelo barão Haussman no fim do século XIX, hoje resiste bravamente a qualquer modificação que se tenta fazer em sua arquitetura tradicional. Mesmo os prédios antigos que necessitam de fazer reformas hidráulicas ou elétricas, procuram manter as fachadas externas intactas, preservando a arquitetura anterior. Tanto que os novos edifícios que são construídos estão localizados fora da região central da cidade, como no bairro La Défense, por exemplo.
Mas, se a Torre Eiffel tornou-se um símbolo oficial de Paris, o mesmo não se pode dizer da destoante pirâmide colocada como objeto estranho na frente do tradicional prédio do Louvre, hoje talvez o museu mais importante do mundo e, antigamente, moradia de reis e rainhas da história francesa, palco de tão significativos episódios daquele país. Muito menos do rídiculo Centre Georges Pompidou, o horroroso Beaubourg, encravado num local tido como um dos mais tradicionais da cidade, junto ao Chatêlet, ao Hôtel de Ville, a histórica Place de Grève, antigo local das execuções dos criminosos, depois transferido para a Praça da Revolução, que hoje tem o nome de Praça da Concórdia. O Beaubourg nem um prédio é, construção futurista de metal em forma de tubos, pintados em cores extravagantes, destoando completamente da beleza que a história do local contém em todos os antigos edifícios que estão à sua volta. Enfim, há gosto para tudo...
Mas, voltemos à nossa Torre. Depois de enfrentarmos a primeira grande fila para comprar os ingressos (a visita pode ser feita até um andar intermediário ou até o topo, podendo também ser feita por escadas até o primeiro andar), enfrentamos a segunda de igual tamanho que nos permitirá o acesso ao primeiro elevador. Descemos deste, visitamos todo esse andar intermediário e entramos em outra fila para pegar o segundo elevador.
Chegamos, finalmente, ao último andar, onde, na verdade tem-se uma vista deslumbrante de Paris. Ainda está claro, começando a escurecer, as primeiras luzes se acendem, a cidade começa a iluminar-se...
Para mim, a cidade mais bonita que conheço, vista do alto do Pão de Acúcar ou do Corcovado, é o Rio de Janeiro (aí incluída minha querida Niterói, onde fui praticamente criado). Mas, Paris também é linda, fulgurante, especialmente quando o sol começa se por e ela se ilumina...
Descendo da torre e, aproveitando por estarmos no local, podemos continuar nosso "passeio turístico"... Atravessamos a rua em frente ao Sena e pegamos um "bateau mouche" para fazermos o circuito por um dos rios mais famosos do mundo e que traz dentro de si tanta.história guardada em suas águas normalmente tranquilas... O passeio começa em frente à Torre Eiffel, vai até depois da ilha de Saint Louis, passando por toda a região central da cidade, pela Cité e Notre Dame, voltando ao ponto de partida, em frente à torre... Ali mesmo, do lado do Sena, existe um ponto do ônibus 82, que pegamos na direção do Jardim de Luxemburgo, seu ponto final...
Dali, caminhamos até o hotel, que fica a umas três quadras... paramos no caminho para comermos alguma coisa leve e bebermos a taça saideira de vinho... são quase onze da noite, chegamos no hotel... Tomamos uma restauradora ducha e tentamos recuperar nossas forças para o dia seguinte, quando tentaremos continuar nosso passeio, para a visita também obrigatória ao Louvre e arredores...