quinta-feira, fevereiro 16, 2017

SUFOCO...



SUFOCO...

  

Calfilho


              Ontem à noite decidi deixar a preguiça de lado e acompanhei meu filho ao estádio Nilton Santos, o popular Engenhão.  Já faz tempo que perdi o entusiasmo de me deslocar até um campo de futebol para assistir uma partida do esporte que admiro desde criança. A violência que hoje impera dentro e fora dos estádios, a difícil locomoção, o trânsito permanentemente engarrafado do Rio de Janeiro, a volta para casa quase sempre muito difícil, além da qualidade medíocre dos espetáculos apresentados, fizeram-me assinante da TV a cabo e, da minha poltrona, em frente ao aparelho de televisão, assisto confortavelmente os jogos que me interessam, principalmente os do meu Botafogo. Além disso, atualmente, por imposição das “novelas” da TV-Globo, os jogos noturnos começam quase às vinte e duas horas e terminam próximo da meia-noite. Convenhamos que, no estado atual da violência e dos assaltos em nossa cidade, pegar condução na rua a essa hora é uma temeridade.
             Bem, mas ontem era jogo da Libertadores e meu filho acabou por convencer-me. Pegamos um carro da UBER antes das 20 horas e, depois de um engarrafamento monstruoso na Av. Brasil, chegamos ao estádio minutos antes do começo do jogo. Bom público, motivado pela boa campanha do time ano passado e pela ultrapassagem do primeiro obstáculo no torneio continental.
            Se não estavam completamente cheias, as arquibancadas do belo estádio estavam repletas de bandeiras e cartazes alvinegros, formando belos mosaicos com o escudo do clube quando da entrada das equipes no gramado.
            O jogo começou nervoso e o Botafogo, necessitando fazer um bom resultado em casa, lançou-se logo ao ataque. Muito desordenado, sem jogadas ensaiadas, talvez mais pela presença de alguns jogadores contratados no início deste ano,  como  Jonas,  Montillo e Roger e, pela presença da grata revelação Marcelo na zaga central. O goleiro foi o terceiro reserva Helton Leite, já que Jefferson ainda se recupera da grave lesão sofrida ano passado e Cachito Fernandez, contratado este ano ao Figueirense, estava machucado.
            Aos 14 minutos, Montillo sente uma lesão muscular e pede sair. Entra João Paulo, contratado este ano, vindo do Santa Cruz. O Botafogo trocava muitos passes no meio do campo, com pouca penetração e raros chutes a gol. O Olimpia, do Paraguai, procurava apenas se defender, mas tocava bem a bola. Entretanto, sem maior perigo para Helton Leite. Até que, numa jogada ocasional, sem maiores pretensões, Jonas bate um lateral próximo à área paraguaia. A bola é lançada com força, mais parecendo um escanteio, resvala na cabeça de um zagueiro paraguaio que a disputou no alto com Roger e acabou sobrando para Pimpão. Este, de costas para o gol, rapidamente tentou uma bicicleta, mesmo assediado por outro jogador paraguaio, e a bola acabou entrando. Botafogo 1 X 0...
           O primeiro tempo terminou com jogadas amarradas de meio de campo.
           No segundo período, Bruno Silva, um de nossos melhores jogadores, ficou no vestiário, também sentindo lesão muscular. Foi substituído pelo jovem Guilherme, emprestado pelo Grêmio de Porto Alegre.
           O Botafogo, então, perde completamente o domínio do meio de campo, passando o Olímpia a controlar o jogo. E foi essa a tônica do segundo tempo... O time paraguaio jogando praticamente na metade do campo do Botafogo, e este se defendendo como podia. Senti, preocupado, como tantas outras vezes, que o gol do empate poderia acontecer a qualquer momento... Time que só se defende acaba levando gols... “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...”.
           Enfim, a duras penas e com muito sofrimento para os corações botafoguenses, conseguimos segurar a vitória... 1 X 0 e olhe lá...
           Gostei das atuações de Marcelo na zaga (esse não sai mais do time: muita personalidade, muita raça e bom futebol); do Victor Luiz na lateral esquerda, combativo e atuante como sempre; do Aírton, incansável no meio de campo e do Pimpão, não tão brilhante como no jogo de volta contra o Colo-Colo, mas correndo muito, dedicando-se ao extremo e sendo premiado com o gol da vitória. Decepcionei-me, mais uma vez, com Camilo (que parecia alheio ao jogo, perdendo bolas divididas no meio de campo, que resultaram em perigosos contra ataques) e do Roger, que parece estar completamente fora do ritmo da equipe.
            O time me pareceu muito cansado no segundo tempo, não conseguindo acompanhar a correria do Olímpia. As contusões musculares talvez se devam ao pouco tempo de preparo na pré-temporada. Mas, essa deficiência no preparo físico talvez possa ser decisiva em jogos contra adversários mais fortes...
            Voltei para casa contente com a vitória, mas muito desconfiado e temeroso quanto a um bom resultado no jogo de volta no caldeirão do “El Chaco”...

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