SUFOCO...
Calfilho
Ontem à
noite decidi deixar a preguiça de lado e acompanhei meu filho ao estádio Nilton
Santos, o popular Engenhão. Já faz tempo
que perdi o entusiasmo de me deslocar até um campo de futebol para assistir uma
partida do esporte que admiro desde criança. A violência que hoje impera dentro
e fora dos estádios, a difícil locomoção, o trânsito permanentemente
engarrafado do Rio de Janeiro, a volta para casa quase sempre muito difícil,
além da qualidade medíocre dos espetáculos apresentados, fizeram-me assinante
da TV a cabo e, da minha poltrona, em frente ao aparelho de televisão, assisto
confortavelmente os jogos que me interessam, principalmente os do meu Botafogo.
Além disso, atualmente, por imposição das “novelas” da TV-Globo, os jogos
noturnos começam quase às vinte e duas horas e terminam próximo da meia-noite.
Convenhamos que, no estado atual da violência e dos assaltos em nossa cidade,
pegar condução na rua a essa hora é uma temeridade.
Bem, mas
ontem era jogo da Libertadores e meu filho acabou por convencer-me. Pegamos um
carro da UBER antes das 20 horas e, depois de um engarrafamento monstruoso na
Av. Brasil, chegamos ao estádio minutos antes do começo do jogo. Bom público,
motivado pela boa campanha do time ano passado e pela ultrapassagem do primeiro
obstáculo no torneio continental.
Se não
estavam completamente cheias, as arquibancadas do belo estádio estavam repletas
de bandeiras e cartazes alvinegros, formando belos mosaicos com o escudo do
clube quando da entrada das equipes no gramado.
O jogo
começou nervoso e o Botafogo, necessitando fazer um bom resultado em casa,
lançou-se logo ao ataque. Muito desordenado, sem jogadas ensaiadas, talvez mais
pela presença de alguns jogadores contratados no início deste ano, como Jonas,
Montillo e Roger e, pela presença da
grata revelação Marcelo na zaga central. O goleiro foi o terceiro reserva
Helton Leite, já que Jefferson ainda se recupera da grave lesão sofrida ano
passado e Cachito Fernandez, contratado este ano ao Figueirense, estava machucado.
Aos 14
minutos, Montillo sente uma lesão muscular e pede sair. Entra João Paulo, contratado
este ano, vindo do Santa Cruz. O Botafogo trocava muitos passes no meio do
campo, com pouca penetração e raros chutes a gol. O Olimpia, do Paraguai, procurava
apenas se defender, mas tocava bem a bola. Entretanto, sem maior perigo para
Helton Leite. Até que, numa jogada ocasional, sem maiores pretensões, Jonas
bate um lateral próximo à área paraguaia. A bola é lançada com força, mais parecendo
um escanteio, resvala na cabeça de um zagueiro paraguaio que a disputou no alto
com Roger e acabou sobrando para Pimpão. Este, de costas para o gol, rapidamente
tentou uma bicicleta, mesmo assediado por outro jogador paraguaio, e a bola
acabou entrando. Botafogo 1 X 0...
O primeiro
tempo terminou com jogadas amarradas de meio de campo.
No segundo
período, Bruno Silva, um de nossos melhores jogadores, ficou no vestiário,
também sentindo lesão muscular. Foi substituído pelo jovem Guilherme, emprestado
pelo Grêmio de Porto Alegre.
O Botafogo,
então, perde completamente o domínio do meio de campo, passando o Olímpia a
controlar o jogo. E foi essa a tônica do segundo tempo... O time paraguaio
jogando praticamente na metade do campo do Botafogo, e este se defendendo como
podia. Senti, preocupado, como tantas outras vezes, que o gol do empate poderia
acontecer a qualquer momento... Time que só se defende acaba levando gols... “água
mole em pedra dura, tanto bate até que fura...”.
Enfim, a
duras penas e com muito sofrimento para os corações botafoguenses, conseguimos
segurar a vitória... 1 X 0 e olhe lá...
Gostei das
atuações de Marcelo na zaga (esse não sai mais do time: muita personalidade,
muita raça e bom futebol); do Victor Luiz na lateral esquerda, combativo e atuante
como sempre; do Aírton, incansável no meio de campo e do Pimpão, não tão brilhante
como no jogo de volta contra o Colo-Colo, mas correndo muito, dedicando-se ao
extremo e sendo premiado com o gol da vitória. Decepcionei-me, mais uma vez,
com Camilo (que parecia alheio ao jogo, perdendo bolas divididas no meio de
campo, que resultaram em perigosos contra ataques) e do Roger, que parece estar
completamente fora do ritmo da equipe.
O time me pareceu muito cansado no segundo
tempo, não conseguindo acompanhar a correria do Olímpia. As contusões
musculares talvez se devam ao pouco tempo de preparo na pré-temporada. Mas,
essa deficiência no preparo físico talvez possa ser decisiva em jogos contra
adversários mais fortes...
Voltei para
casa contente com a vitória, mas muito desconfiado e temeroso quanto a um bom
resultado no jogo de volta no caldeirão do “El Chaco”...
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