quinta-feira, fevereiro 23, 2017

MAIS SUFOCO... AO QUADRADO...

MAIS SUFOCO... AO QUADRADO...

Calfilho


      Como escrevi ontem aqui mesmo, o jogo do Botafogo contra o Olimpia, do Paraguai, seria uma partida de fortes emoções...
   Apesar de ter a vantagem do empate, graças à vitória alcançada no primeiro jogo, no Engenhão, sempre achei que essa vantagem era insignificante. A partida seria em Assunção, num estádio que é um verdadeiro caldeirão, com a torcida ficando praticamente em cima dos jogadores. E a torcida, em quase sua totalidade, seria do Olimpia... E 1 X 0 é muito pouco como vantagem...
    O Botafogo, desde a época em que Zagallo foi seu treinador, no final da década de 60 do século passado, passou a utilizar uma filosofia de jogo de priorizar o setor defensivo e decidir os jogos em rápidos contra ataques... Naquela época, entretanto, o time tinha Jairzinho, Roberto Miranda, Rogério e Paulo Cesar atuando na linha de frente e Gerson e Carlos Roberto defendendo o meio de campo e alimentando o ataque...
    Os anos decorreram, as equipes alvinegras passaram a ser de  medianas para medíocres (salvaram-se o Campeonato Brasileiro de 1995 e alguns cariocas - não nos esqueçamos que o clube ficou 21 anos sem ganhar um carioca), mas essa filosofia de jogo de defender-se bem e tentar um contra ataque rápido continuou sendo a marca registrada do time.
      Ano passado, 2016, quando conseguimos a brilhante classificação para a Libertadores de 2017, jogamos dessa forma em todo o Brasileiro: defesa e meio de campo consistentes, sólidos, e a velocidade de Neílton, Sassá ou Pimpão para marcar os poucos gols que nos deram algumas vitórias muito importantes... Quando conseguíamos algum golzinho no decorrer da partida, já sabíamos que o final do jogo seria de sofrimento, de angústia, com o time todo lá atrás, defendendo-se como podia, tentando evitar o gol de empate do adversário...               Algumas vezes essa tática deu certo, em outras infelizmente não... Levávamos o gol nos últimos minutos de jogo, alguns até nas prorrogações...
   Este ano, nos jogos iniciais da chamada pré-Libertadores, a mesma filosofia de jogo foi utilizada... Contra o Colo-Colo, aqui no Rio e no Chile e contra o Olimpia, no nosso estádio... Jogamos sempre nos defendendo, dando a iniciativa das jogadas ao adversário, deixando que eles rondassem nossa área, que nos levasse perigo até o apito final do juiz...       Deu certo e nós, torcedores, sabemos o que sofremos, sabemos o sufoco que passamos...
     Torcer pelo Botafogo, depois que acabou a era Garrincha, Nilton Santos, Didi, Quarentinha, Amarildo, Gerson, Jairzinho, Roberto, sempre foi um grande teste para  os corações alvinegros, substituindo, com vantagem e intensidade, qualquer prova de esforço em esteira ou bicicleta ergométrica...
 Dissemos na matéria de ontem que consideramos fraco o nosso time. E não somos somente nós que achamos isso. Vários comentaristas esportivos de nossos jornais e televisão também pensam assim. A força da equipe, depois que o filho de Jairzinho, o Jair Ventura, assumiu sua direção técnica, reside na união dos jogadores, na entrega, na doação em campo, de não considerar nunca um resultado adverso como definitivo. Enfim, de lutar até o fim, suando a camisa com devoção e empenho. Por isso, disse ontem que considero que o Botafogo joga no seu limite...
    Não concordo com a tática que o treinador tem utilizado nos últimos jogos, principalmente o de ontem. Colocou o time todo na defesa, abdicou do ataque, entregou o campo de jogo ao adversário, que ficou martelando nossa defesa o tempo todo... Isso é tática de time pequeno e o Botafogo não é um time dessa dimensão... Pode não ter atualmente grandes craques em seu elenco, mas tem uma camisa gloriosa a ser defendida...
    Realmente, ontem, depois do previsível e previsto gol do Olimpia, quase no final do jogo, achei que tudo estava perdido...                Poderíamos ter tomado o segundo gol e toda uma campanha, tão esperada e desejada, iria por água abaixo... "Água mole em pedra dura tanto bate até que fura"...
     Conseguimos segurar o placar contra de 1 X 0 até o final do jogo, o que nos permitiu decidir a partida na disputa das penalidades máximas... Fomos felizes e os paraguaios infelizes, como perfeitamente poderia ter sido o contrário... Se acontecesse o inverso, ou seja, o Olimpia classificado e o Botafogo eliminado, os comentários de hoje seriam bem diferentes...
  Não podemos jogar dessa maneira os demais jogos que se aproximam, deixando o adversário, até inferiores tecnicamente, tomar conta do jogo, ocupando nosso campo e abdicando do ataque... Temos que ter equilíbrio em campo, é certo, mas não podemos deixar de ter ambição... 
 Caso contrário, muitos corações botafoguenses não aguentarão o sufoco dos finais de jogo...
     Minha professora de matemática do Liceu dizia que "quadrado" é quase sempre maior que "dobro", "triplo" ou outro multiplicador...
  Com o Botafogo estamos sofrendo sufocos... ao "quadrado"...

Nenhum comentário: