BILLIE HOLIDAY, LADY DAY..
Calfilho
Outro dia
desses vi, na televisão, a filmagem remontada daquele que teria sido o último
show de Billie Holiday. Infelizmente, esse show não foi apresentado em gravação
original, ao vivo, mas sim, com atores interpretando a famosa cantora norte
americana, um dos expoentes do jazz e da música negra daquele país. O show
teria acontecido num bar da Filadélfia, o Emerson’s Club, onde a diva já ali se
apresentara em vezes anteriores e gozava da amizade e admiração do dono da casa.
Não sei, realmente, se foi essa a melhor impressão que consegui ter do
espetáculo, eu que não a conheci musicalmente naquele ano em que acabou
morrendo quatro meses depois, em 1959. Nunca tinha ouvido falar dela. Na década
de 50, apesar de termos sido bastante influenciados pela música americana, era
apenas o rockn’roll e algumas baladas cantadas por The Platters ou Frank
Sinatra e ainda Nat King Cole que chegavam até nós. Além, claro, das músicas
melodiosas de Ray Conniff, que animavam nossos bailinhos juvenis do Regatas ou
em casas de alguns colegas.
Nesse
show do Emerson’s Club de 1959, que só assisti em 2017, apenas vi uma cantora
esplêndida, em final de carreira, com apenas 46 anos de idade, contando um
pouco da história de sua vida, auxiliada por doses generosas de copos de whisky
com gelo. A voz, apesar de já um pouco modificada pela passagem do tempo e
pelas agruras da vida que levou, ainda mantinha aquele timbre extraordinário
que encantou o mundo na década de 40. Esse show, remontado, deve ter usado sua voz em play-back. Lady Day, como ficou conhecida naquela década, a de 40, tinha uma capacidade extraordinária de brincar com os agudos e graves de
sua voz maravilhosa...
Alguns
anos antes, talvez vinte ou um pouco mais, lá pelo final dos anos 80, foi que
ouvi, pela primeira vez, Billie Holiday cantar. Vi alguns clipes dela dos anos
40 e, imediatamente, encantei-me com a qualidade de sua voz e a beleza das
músicas que cantava. Eu até começava a estudar um pouco a música popular norte
americana, apesar de não ser admirador profundo da mesma. Mas, o jazz, os
blues, o “rythm and soul” me agradavam muito... Talvez, até por influência das
músicas de Elvis Presley, que tinham muitas coisas da região de Memphis, do
Mississipi...
Nunca fui fã dos Estados Unidos
da América... nunca fui lá, nem pretendo ir... considero-o um povo da mesma
idade do Brasil, com pouca história para contar, e o que contam é 99%
propaganda de um país arrogante, que se considera o influenciador de todas as
outras culturas mundiais... desculpem, americanos, mas jamais vocês vão me
entrevistar, no Consulado de vocês, para poder entrar no Big Brother... acho
que a cultura latino-americana é muito mais rica que a raivosa e intransigente
supremacia branca americana... Fiquem lá, construam seu muro e desperdicem a
qualidade de cultura que outros países do mundo, principalmente da Europa,
podem ensinar-lhes...
Mas,
Billie Holiday é um capítulo à parte... nem sei se ela teria gostado de ter
nascido nos Estados Unidos... filha de escravos, prostituta forçada aos dez
anos de idade, toxicômana, lutou contra todos os preconceitos, para em vez de
ser apenas mais uma pobre imigrante submissa, consagrou-se como uma das
melhores cantoras americanas da década de 1940... e, como todos os grandes, os
foras de série, morreu cedo... 46 anos de idade... Noel morreu com 26... Elvis
com 42... Fora Van Gogh, Lautrec e tantos outros... talvez seja o destino dos
gênios... passam aqui pela terra como cometas, desaparecem rápido, mas seus
vestígios permanecem intactos pela eternidade...
Extraordinária... Billie Holiday... Lady Day...
Permitam-me ouvir e deixar para os amigos a música dela de
que mais gosto...
“What a little moon light can do”...
Isso está no You tube, mas peguem a versão dos anos 40...
não sei como passar do You Tube para cá...
Desculpem-me, de gênios, só sei comentar o que li... dos
vivos não conheço ninguém...
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