A RUA DA CONCEIÇÃO...
Calfilho
Uma das ruas mais importantes de Niterói nos anos 50 do século passado talvez tenha sido a rua da Conceição.
Começando na rua Visconde do Rio Branco (antiga rua da Praia), na altura da Casa de Saúde Santa Cruz muda de nome, passando a chamar-se Dr. Celestino, que vai até a rua Marquês do Paraná.
Não resta dúvida que a Av. Amaral Peixoto, que antes chamava-se Duque de Caxias, na época passou a homenagear o então governador do Estado (antes interventor, genro que era do ex e novamente presidente do Brasil, em 1950, Getúlio Vargas), era a mais imponente, a mais larga e a mais importante da cidade, a capital do antigo Estado do Rio de Janeiro.
Mas, a grande rua do comércio de Niterói era a Conceição. Convido os amigos da minha geração a me acompanharem num breve retorno aos anos 50 para relembrarmos quais as lojas que existiam na rua da Conceição, principalmente na sua primeira quadra, entre a Visconde do Rio Branco e a também Visconde, só que do Uruguai. Lógico que não me lembro de todas. Se, eventualmente, cometer algum erro ou omissão, por favor, corrijam-me.
Aos mais novos, principalmente o Benites e o Fábio (este, não conheço pessoalmente), vai aqui um depoimento que talvez possa ajudá-los na excelente pesquisa que fazem sobre a história de Niterói. Deixo aqui a sugestão para que, aqueles que ainda não conhecem a matéria, procurem saber o que os dois estão trazendo sobre a memória de nossa cidade, num grupo criado pelo Fábio no Facebook, "História de Niterói". Inclusive com uma rica memória fotográfica.
Vamos tentar subir a Conceição. Do lado direito, bem na esquina, um famoso café, onde a sociedade niteroiense da época saboreava um gostoso cafezinho, enquanto grande parte da população corria apressada para pegar a barca que iria conduzir os "fluminenses" que trabalhavam no vizinho Rio de Janeiro. Era o Café Santa Cruz, que, no sobrado funcionava como sinuca, coisa que não era muito bem vista na época...
Aqui, fujo do roteiro que inicialmente tracei: é que, na Visconde do Rio Branco, ao lado esquerdo do Café Santa Cruz, funcionava o famoso HIDROLYTOL, que estampava em letras "garrafais" seu famoso "slogan": "SE O ÁLCOOL TE ATROFIA, O HIDROLYTOL TE ALIVIA". Essa loja funcionou por muitos anos, no mesmo endereço, chegando a mudar de nome para HIDROVITA, na década de 60. Ali, podia-se beber o Hidrolytol no balcão, ou comprar as garrafas e o pó para fazer o miraculoso medicamento em casa..
E, bem ao lado da loja do HIDROLYTOL, ainda na rua da Praia (Visc. Rio Branco) funcionava a melhor padaria de Niterói, a "PÃO QUENTE", também conhecida como Padaria Modelo...
E, ao lado da padaria, o elegante cinema Central, o mais moderno da cidade, que também apresentava uma sessão aos domingos, às 10 da manhã.
Volto à rua da Conceição. Ainda do lado direito, depois do café da esquina, o bar mais moderno de Niterói: o Riviera, com seu grande aquário de peixes incrustado na parede, logo na entrada, do lado esquerdo. Fui freguês assíduo e fiz uma grande amizade com um dos sócios, o José Mendes da Silva, para mim, o Zezinho português.
Continuando a subida da rua, ainda do lado direito, ficava a Drogaria Barcellos. Do outro lado da rua, bem em frente, a tradicional Leiteria Brasil, que ali funcionou por vários anos, ponto de encontro da alta sociedade niteroiense, inclusive do governador Amaral Peixoto, que ali costumava almoçar ou jantar com a família. Antes de chegar na Brasil, num terreno vazio ali existente, durante algum tempo o "faquir" Jathan ali instalou sua tenda...
Voltemos ao lado direito.
Depois da Drogaria Barcellos funcionava a confeitaria "Sportiva". Ali ficavam expostos nos balcões, atrás de grossos vidros, deliciosos salgadinhos e maravilhosos doces. Cansei de levar para casa os gostosos pastéis de camarão e algumas fatias de saborosas tortas. No fundo, do lado direito, funcionava um pequeno bar, onde eram servidas doses generosas do autêntico whisky escocês. Mas, naquele tempo, só íamos até o barzinho da "Sportiva" em ocasiões especiais (aniversários ou aprovações nos exames de final de ano no Liceu), pois a grana era muito curta...
Do outro lado da rua, em frente à "Sportiva", foi inaugurada, no final da década de 50, a Sorveteria Italiana, que logo fez sucesso na cidade, por oferecer sorvetes de fabricação diferente das tradicionais marcas Kibon e Nestlé.
Em frente à Sorveteria Italiana, voltando ao lado direito da Conceição, logo depois da "Sportiva", ficava a tradicional Farmácia Ponciano, com seu extenso balcão de madeira e belas vitrines onde estavam expostos os remédios, muitos ainda de fabricação artesanal, medidas as porções em uma antiga balança de dois pratos que ficava no fundo do estabelecimento, junto ao caixa.
Ainda do lado esquerdo funcionava a antiga e tradicional Casa Borges, especializada na venda de materiais de construção, pregos, parafusos, martelos, etc... O dono, um português, acabou construindo o Edifício Borges, na Amaral Peixoto...
Em frente, do outro lado da rua, a loja das Óticas Fluminense, que, durante muitos anos tratou dos olhos dos niteroienses...
Do lado esquerdo, colada à casa Borges, havia uma padaria, que, no final da década de 50, início dos anos 60, era o ponto de encontro dos jovens nas tardes de Carnaval, onde apreciávamos os vários desfiles de blocos, a rua da Conceição lotada de gente fantasiada, aproveitando o Carnaval de rua que hoje não existe mais. Depois, à noite, uma rápida passada em casa para em seguida partirmos para os bailes nos clubes: Canto do Rio, Regatas, Central, Gragoatá, Fonseca, Humaitá, Fluminensinho...
Acho que nenhum desses estabelecimentos sobreviveu ao tempo e ainda existe atualmente.
A Niterói de hoje está um pouco mudada, não?
Começando na rua Visconde do Rio Branco (antiga rua da Praia), na altura da Casa de Saúde Santa Cruz muda de nome, passando a chamar-se Dr. Celestino, que vai até a rua Marquês do Paraná.
Não resta dúvida que a Av. Amaral Peixoto, que antes chamava-se Duque de Caxias, na época passou a homenagear o então governador do Estado (antes interventor, genro que era do ex e novamente presidente do Brasil, em 1950, Getúlio Vargas), era a mais imponente, a mais larga e a mais importante da cidade, a capital do antigo Estado do Rio de Janeiro.
Mas, a grande rua do comércio de Niterói era a Conceição. Convido os amigos da minha geração a me acompanharem num breve retorno aos anos 50 para relembrarmos quais as lojas que existiam na rua da Conceição, principalmente na sua primeira quadra, entre a Visconde do Rio Branco e a também Visconde, só que do Uruguai. Lógico que não me lembro de todas. Se, eventualmente, cometer algum erro ou omissão, por favor, corrijam-me.
Aos mais novos, principalmente o Benites e o Fábio (este, não conheço pessoalmente), vai aqui um depoimento que talvez possa ajudá-los na excelente pesquisa que fazem sobre a história de Niterói. Deixo aqui a sugestão para que, aqueles que ainda não conhecem a matéria, procurem saber o que os dois estão trazendo sobre a memória de nossa cidade, num grupo criado pelo Fábio no Facebook, "História de Niterói". Inclusive com uma rica memória fotográfica.
Vamos tentar subir a Conceição. Do lado direito, bem na esquina, um famoso café, onde a sociedade niteroiense da época saboreava um gostoso cafezinho, enquanto grande parte da população corria apressada para pegar a barca que iria conduzir os "fluminenses" que trabalhavam no vizinho Rio de Janeiro. Era o Café Santa Cruz, que, no sobrado funcionava como sinuca, coisa que não era muito bem vista na época...
Aqui, fujo do roteiro que inicialmente tracei: é que, na Visconde do Rio Branco, ao lado esquerdo do Café Santa Cruz, funcionava o famoso HIDROLYTOL, que estampava em letras "garrafais" seu famoso "slogan": "SE O ÁLCOOL TE ATROFIA, O HIDROLYTOL TE ALIVIA". Essa loja funcionou por muitos anos, no mesmo endereço, chegando a mudar de nome para HIDROVITA, na década de 60. Ali, podia-se beber o Hidrolytol no balcão, ou comprar as garrafas e o pó para fazer o miraculoso medicamento em casa..
E, bem ao lado da loja do HIDROLYTOL, ainda na rua da Praia (Visc. Rio Branco) funcionava a melhor padaria de Niterói, a "PÃO QUENTE", também conhecida como Padaria Modelo...
E, ao lado da padaria, o elegante cinema Central, o mais moderno da cidade, que também apresentava uma sessão aos domingos, às 10 da manhã.
Volto à rua da Conceição. Ainda do lado direito, depois do café da esquina, o bar mais moderno de Niterói: o Riviera, com seu grande aquário de peixes incrustado na parede, logo na entrada, do lado esquerdo. Fui freguês assíduo e fiz uma grande amizade com um dos sócios, o José Mendes da Silva, para mim, o Zezinho português.
Continuando a subida da rua, ainda do lado direito, ficava a Drogaria Barcellos. Do outro lado da rua, bem em frente, a tradicional Leiteria Brasil, que ali funcionou por vários anos, ponto de encontro da alta sociedade niteroiense, inclusive do governador Amaral Peixoto, que ali costumava almoçar ou jantar com a família. Antes de chegar na Brasil, num terreno vazio ali existente, durante algum tempo o "faquir" Jathan ali instalou sua tenda...
Voltemos ao lado direito.
Depois da Drogaria Barcellos funcionava a confeitaria "Sportiva". Ali ficavam expostos nos balcões, atrás de grossos vidros, deliciosos salgadinhos e maravilhosos doces. Cansei de levar para casa os gostosos pastéis de camarão e algumas fatias de saborosas tortas. No fundo, do lado direito, funcionava um pequeno bar, onde eram servidas doses generosas do autêntico whisky escocês. Mas, naquele tempo, só íamos até o barzinho da "Sportiva" em ocasiões especiais (aniversários ou aprovações nos exames de final de ano no Liceu), pois a grana era muito curta...
Do outro lado da rua, em frente à "Sportiva", foi inaugurada, no final da década de 50, a Sorveteria Italiana, que logo fez sucesso na cidade, por oferecer sorvetes de fabricação diferente das tradicionais marcas Kibon e Nestlé.
Em frente à Sorveteria Italiana, voltando ao lado direito da Conceição, logo depois da "Sportiva", ficava a tradicional Farmácia Ponciano, com seu extenso balcão de madeira e belas vitrines onde estavam expostos os remédios, muitos ainda de fabricação artesanal, medidas as porções em uma antiga balança de dois pratos que ficava no fundo do estabelecimento, junto ao caixa.
Ainda do lado esquerdo funcionava a antiga e tradicional Casa Borges, especializada na venda de materiais de construção, pregos, parafusos, martelos, etc... O dono, um português, acabou construindo o Edifício Borges, na Amaral Peixoto...
Em frente, do outro lado da rua, a loja das Óticas Fluminense, que, durante muitos anos tratou dos olhos dos niteroienses...
Do lado esquerdo, colada à casa Borges, havia uma padaria, que, no final da década de 50, início dos anos 60, era o ponto de encontro dos jovens nas tardes de Carnaval, onde apreciávamos os vários desfiles de blocos, a rua da Conceição lotada de gente fantasiada, aproveitando o Carnaval de rua que hoje não existe mais. Depois, à noite, uma rápida passada em casa para em seguida partirmos para os bailes nos clubes: Canto do Rio, Regatas, Central, Gragoatá, Fonseca, Humaitá, Fluminensinho...
Acho que nenhum desses estabelecimentos sobreviveu ao tempo e ainda existe atualmente.
A Niterói de hoje está um pouco mudada, não?