sexta-feira, setembro 11, 2015

OS ENCANTOS DA FRANÇA...

 

 

OS ENCANTOS DA FRANÇA...


Calfilho
             Depois que voltei a escrever neste blog (permitam-me chamá-lo de "espaço"), coisa inimaginável para mim algumas décadas atrás, e hoje somente possível graças ao milagre da computação, acho que fiquei mais ousado, e passei a atrever-me a colocar no papel (desculpem-me, no "Word") algumas coisas mais que povoam a mente de um aposentado.
            Graças à sugestão de meu amigo francês Patrick e ao incentivo do meu contemporâneo do Liceu Nilo Peçanha, Carrano, eu, que sou meio preguiçoso para escrever,  tentei colocar aqui alguma coisa da experiência que adquiri nas minhas viagens à Europa. A primeira quando tinha apenas 14 anos de idade, todas as outras depois que me aposentei na magistratura do Estado.
            A idade talvez tenha começado a ensinar-me que, na vida, acabamos sendo um produto que sofre a influência dos pais e do ambiente em que vivemos. Muito da minha personalidade foi forjada nas lições de minha mãe e meu pai e dos locais que frequentei na transição da infância para a adolescência e depois para a vida adulta. Apesar de não ter realizado um dos sonhos de meu pai, que era me ver formado em medicina.
            Mas, a atração que sinto pela França certamente foi influência dele, meu pai. Ele admirava muito aquele país, visitou-o, a trabalho, quatro vezes durante sua curta existência (faleceu aos 46 anos de idade) e, numa dessas vezes, levou toda a família para conhecer parte da Europa, principalmente a França, onde ficamos um mês em Paris enquanto ele participava de um congresso na capital francesa.
             Por outro lado, e aí não sei explicar o motivo, a língua francesa sempre me atraiu. Isso, desde o primeiro contato que com ela tive , no primeiro ano do antigo curso ginasial, no Liceu Nilo Peçanha, de Niterói. As aulas de dona Estefânia, nossa tranquila professora de francês, além de serem uma novidade para o jovem aluno, tinham alguma coisa que o atraíam mais que aquelas das outras disciplinas.
            No segundo ano entrou o inglês como matéria e eu comecei a cursar a Cultura Inglesa, em Icaraí, por ser esta língua tida como a mais importante a ser aprendida (como aliás é até hoje). Mas, pelo inglês não senti tanta afinidade como a que o francês me proporcionou.
              Depois, quando meu pai nos levou na sua viagem de 1957 e ficamos um mês em Paris, aí realmente minha atração pela chamada cidade-luz se consolidou.
               Sempre gostei muito de história e a da França realmente foi a que mais me impressionou. Principalmente a Revolução Francesa.
                Prometi a mim mesmo voltar a Paris algum dia. Somente pude transformar meu desejo em realidade após minha aposentadoria, pois nunca tive tempo (nem numerário) suficiente para fazê-lo enquanto trabalhava.
                Muitos brasileiros ouviram dizer que o francês é rude, mal humorado, alguns até dizem que eles são grosseiros. Ou eu dei muita sorte, ou realmente o que dizem deles não é verdade. Poucas vezes, poucas mesmo, encontrei um francês mal humorado ou mal educado. Talvez um ou outro motorista de táxi ou ônibus, um ou outro garçom ou recepcionista de hotel. Mas, isso quase não se percebe (e, olhem, foram mais de trinta viagens). O que vi e posso afirmar é que a grande maioria da população é muito educada, os garçons são atenciosos, quando se pede uma informação na rua fazem questão de prestá-la imediatamente, sempre com um sorriso nos lábios. São, talvez, um pouco formais demais para os nossos costumes brasileiros. Enquanto não se tem uma certa intimidade, o tratamento sempre é "vous" (o senhor, a senhora), só admitindo o "tu" (que corresponde ao nosso "você") quando já se goza de alguma intimidade. O "geente" das nossas repórteres televisivas, jamais.
               Minha amizade com Patrick e seus colegas de trabalho mostrou exatamente isso. São extremamente atenciosos, todas as vezes em que vou a Paris fazem questão de me procurar para um almoço ou jantar, mesmo depois do recente falecimento de Patrick. Mandam-me cartões de Natal, sempre me levam um presentinho quando estou em Paris. Patrick, Gérard e Anne-Marie já me convidaram para almoçar em suas casas, Jean-Pierre já me levou para passear de carro por algumas cidades do interior.
               É certo também que quando eles vieram ao Brasil, em momentos distintos, fiz questão de recepcioná-los e mostrar alguma coisa da cidade maravilhosa e da minha querida Niterói. Mas, não acredito que sejam apenas tão simpáticos em retribuição ao que lhes proporcionei. Na realidade, quando estou em Paris (e depois de minha aposentadoria, com mais frequência), eles fazem questão de me cumular com gentilezas.
                 Nessas minhas viagens fiz amizade com alguns garçons, alguns recepcionistas de hotéis e algumas outras pessoas em lojas ou lugares que visitei. Sinto que a alegria que sentem ao me rever é autêntica, pois logo abrem um grande sorriso e às vezes ficamos conversando por muito tempo enquanto eles trabalham, ou durante uma taça de vinho após seu horário de trabalho.
                  A alegria dos cafés, bistrôs, brasseries e das ruas parisienses é contagiante. Apesar de andarem muito apressadamente pelas ruas, os cafés estão sempre cheios. Estudantes, professores, funcionários de repartições e empregados de lojas conversam animadamente enquanto bebem com calma uma "demie" ou um "verre de rouge". E, muitos turistas carregando suas malas pelas ruas, procurando seus hotéis ou locais onde possam ficar hospedados.
             Paris é isso. Alegria por todos os bairros, por todas as ruas, por qualquer cantinho que você a descubra. Depois que fizer a visita obrigatória dos museus e monumentos, relaxe, fique à vontade, entre num café, peça alguma coisa para beber (pode até mesmo ser um "café serré") e fique admirando o desfile da vida parisiense que passa à sua frente...

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