HISTORINHAS DO JÚRI ( I )
A sessão do Tribunal do Júri transcorria quente. Muita tensão, muito debate, muita história para contar.
A defesa tinha a palavra para a sustentação oral. A Defensora Pública, uma senhora já nos seus cinquenta e poucos,, baixinha, corpo ligeiramente volumoso, começou:
"Senhor Presidente, senhor representante do Ministério Público, senhores jurados:
"Examinei este processo de frente para trás, também de trás para a frente, cada palavra, cada ponto, cada vírgula, e cheguei a uma única conclusão: a absolvição do acusado se impõe".
Já empolgada, caminhando em passos largos pelo grande salão do plenário, olhando fixamente para os sete jurados à sua frente (cinco mulheres e dois homens), continuou:
"Passei a noite e a madrugada de ontem debruçada sobre este processo (exibiu os volumosos autos para os jurados) e não encontrei uma prova, sequer um único indício que apontasse para a culpabilidade do Genuíno, meu cliente".
O Promotor de Justiça, raposa antiga do Júri, já nos seus sessenta e alguns anos, sentado do lado direito do juiz-presidente, interrompeu, falando rapidamente:
"Dra., dra., não me faça uma coisa dessa, a senhora vai me criar um sério problema com minha esposa, que está no plenário, assistindo o júri (olhou rapidamente para um grupo de estagiárias que assistiam o julgamento). Talvez até nosso divórcio..."
A Defensora, surpreendida pela observação, não entendeu:
"Eu, doutor, por quê? O que eu fiz? Nem tenho o prazer de conhecer sua esposa..."
O velho promotor, muito cinicamente, engole um pouco de água do copo à sua frente e retruca, com voz firme, fisionomia séria:
"A senhora não pode ter ficado esta madrugada toda debruçada sobre estes autos".
Olhou rapidamente para os tanto ou quanto volumosos seios da advogada do Estado, imaginando-os deitados sobre os dois volumes do processo. Fez uma breve pausa e continuou, a Defensora olhando surpresa para ele:
"Os autos estavam em meu poder desde ontem à tarde quando os peguei no Cartório e os levei para minha residência. Passaram comigo a noite inteira, quando fiz algumas anotações para exibir neste julgamento. Não estava debruçado sobre eles, mas estava em meu leito de dormir, lendo-os e examinando-os atentamente..."
A doutora defensora, desconcertada, ficou vermelha, amarela, furta-cor (como no samba de Noel), sem palavras por alguns segundos.
Os jurados e até o juiz-presidente não conseguiram conter o riso.
Já controlada, ela conseguiu berrar:
"Era xerox, era xerox..."
Genuíno, que não tinha nada a ver com aquilo tudo, acabou condenado....
3 comentários:
Caro Amigo!
Bem-vindo de volta ao espaço virtual.
História hilariante ... ainda estou sorrindo.
Como o sei Juiz aposentado, atuando em Tribunal do Juri, imagino que a história seja baseada em fatos reais, ou inspirada num deles.
Que venham outras histórias curiosas, engraçadas, relacionadas ao tribunal, ou não, reais ou ficcionais, pois conheço seu veio de contador de casos.
Abraço
Alias seu blog é anterior ao meu: está no Blogger desde novembro de 2006. Eu iniciei em novembro de 2009.
Não sou anônimo, mas agora não colocam mais meu pseudônimo e não sei como fazer.
Carrano, obrigado pela visita e gentís considerações. Realmente, o Júri sempre foi celeiro de casos muito interessantes, a maioria deles muito tristes e dramáticos, mas alguns com leves pitadas de ironia e, até de humor...
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