MÚSICA POPULAR...
Calfilho
Antes de começar a escrever a matéria, devo esclarecer que meu conhecimento sobre música é apenas o de um ouvinte entusiasmado, por vezes até apaixonado em escutar determinados tipos de música. Não sou conhecedor profundo, apesar da tímida tentativa que fiz em aprender a tocar violão, na minha adolescência e, mais tarde, já adulto. Mas, nunca tive a paciência e a disciplina necessárias a um bom aprendizado.
Apesar de achar muito bonita e tranquilizante, a música conhecida como clássica nunca me atraiu. Já ouvi algumas obras de Mozart (visitei, algumas vezes, Salzburg, sua cidade natal), Bethoven, Chopin, Wagner, Villalobos, mas nunca cheguei a me entusiasmar com elas,
Na década de 50, em que vivi minha adolescência, a música norte americana tinha grande influência no Brasil, principalmente depois do surgimento da verdadeira revolução musical que foi o rock and roll. As emissoras de rádio, a televisão, as lojas de discos só tocavam músicas cantadas por Elvis Preesley, Little Richard, Neil Sedaka, The Platters, Nat King Cole (os dois últimos cantando mais blues). É certo que já tínhamos o jazz, estilo clássico da música popular americana, criado com base nas raízes dos negros africanos, levados para os Estados Unidos como escravos.
Aqui, nos finais de ano, tínhamos as grandes orquestras, famosas por tocarem em bailes de formaturas de colégios, inclusive do meu, o Liceu Nilo Peçanha, de Niterói. Eram as orquestras de Severino Araujo, Epaminondas, Moacyr Silva, Waldemar Spilman e tantas outras. Imitavam um pouco as grandes orquestras norte americanas da década de 40, como as de Glenn Miller, Duke Ellington, Artie Shaw, Benny Goodman, Tommy Dorsey, sendo que nestas cantavam artistas do naipe de Frank Sinatra e Billie Holiday.
Na referida década de 50, as músicas brasileiras que ouvíamos e cantávamos eram, principalmente, as marchinhas de Carnaval, muito samba-canção, e, também a música de fossa, que tinha em Maysa, Tito Madi, Lucio Alves, Jamelão e Silvinha Telles, seus principais intérpretes. Os boleros mexicanos também eram muito tocados, em especial nos bailinhos em casas de alunos do Liceu ou nas domingueiras do Regatas. Era a música mais fácil para nós, jovens rapazes e moças, darmos os primeiros passos na dança de salão. "Dois pra lá, dois pra cá...".
As músicas brasileiras das décadas de 30 e 40 parece que haviam caído no esquecimento.
Só bem mais tarde, já na década de 70, quando tentei novamente aprender a tocar violão, foi que descobri o verdadeiro tesouro que foi a década de 30 em matéria de música popular brasileira.
A bossa nova já havia surgido no início da década anterior, a de 60, e era a grande sensação da época. Cheguei a frequentar, mesmo que esporadicamente, algumas pequenas boates de Copacabana (chamadas pejorativamente de "inferninhos"), onde tocavam muitos daqueles que seriam grandes expoentes da bossa nova. No "Beco das Garrafas" funcionavam quatro ou cinco desses "inferninhos". Num deles, o "Bottle's", cheguei a ouvir João Gilberto e outros grandes nomes, como Marisa Gata Mansa e Marcos Valle.
Mas, meu professor de violão, com quem tomava aulas em casa, abriu-me as portas para o mundo de Noel Rosa. Foi então que tomei consciência da verdadeira música popular brasileira, da qualidade dos versos e músicas de Noel e seus parceiros, como Vadico, Lamartine, Roberto Martins. Este último, através de um amigo comum, cheguei a conhecer pessoalmente. Foi o autor de "Cai, cai" e "Renúncia", entre outras várias joias de nossa música popular.
Mas, depois que li e ouvi quase tudo sobre Noel Rosa, realmente compreendi que foi ele o maior de nossos compositores populares. Numa época em que os recursos sonoros eram ainda precários, onde não havia gravação eletrônica, nem gravadores portáteis, compor quase trezentas músicas de excelente qualidade, realmente foi uma façanha. Quem prestar atenção às letras, às músicas, à melodia das obras de Noel vai concordar que realmente ele foi um gênio. Tendo apenas menos de 7 anos de vida musical, morrendo aos 26 anos de idade, é de espantar a quantidade e a qualidade da obra que produziu. Se tiverem oportunidade leiam alguns livros sobre a vida de Noel e mergulhem de cabeça em seu mundo maravilhoso. Tenho certeza de que, como eu, ficarão encantados com essa viagem...
Não deixem de ouvir "Feitiço da Vila", Palpite Infeliz" (composições que surgiram da polêmica musical entre Noel e Wilson Batista), "Feitio de Oração", "Pela décima vez", "Encontro casual", "Dama do Cabaré", "Último Desejo", "Positivismo", "Filosofia", "O X do Problema" e tantas outras. Recomendo àqueles que realmente gostam da música popular brasileira, a coletânea de CDs sobre a obra de Noel.
Realmente, às vezes fico impressionado como as coisas boas que nós, brasileiros, produzimos, rapidamente vão para a vala funda do esquecimento...
Enquanto isso, as coisa ruins...
Apesar de achar muito bonita e tranquilizante, a música conhecida como clássica nunca me atraiu. Já ouvi algumas obras de Mozart (visitei, algumas vezes, Salzburg, sua cidade natal), Bethoven, Chopin, Wagner, Villalobos, mas nunca cheguei a me entusiasmar com elas,
Na década de 50, em que vivi minha adolescência, a música norte americana tinha grande influência no Brasil, principalmente depois do surgimento da verdadeira revolução musical que foi o rock and roll. As emissoras de rádio, a televisão, as lojas de discos só tocavam músicas cantadas por Elvis Preesley, Little Richard, Neil Sedaka, The Platters, Nat King Cole (os dois últimos cantando mais blues). É certo que já tínhamos o jazz, estilo clássico da música popular americana, criado com base nas raízes dos negros africanos, levados para os Estados Unidos como escravos.
Aqui, nos finais de ano, tínhamos as grandes orquestras, famosas por tocarem em bailes de formaturas de colégios, inclusive do meu, o Liceu Nilo Peçanha, de Niterói. Eram as orquestras de Severino Araujo, Epaminondas, Moacyr Silva, Waldemar Spilman e tantas outras. Imitavam um pouco as grandes orquestras norte americanas da década de 40, como as de Glenn Miller, Duke Ellington, Artie Shaw, Benny Goodman, Tommy Dorsey, sendo que nestas cantavam artistas do naipe de Frank Sinatra e Billie Holiday.
Na referida década de 50, as músicas brasileiras que ouvíamos e cantávamos eram, principalmente, as marchinhas de Carnaval, muito samba-canção, e, também a música de fossa, que tinha em Maysa, Tito Madi, Lucio Alves, Jamelão e Silvinha Telles, seus principais intérpretes. Os boleros mexicanos também eram muito tocados, em especial nos bailinhos em casas de alunos do Liceu ou nas domingueiras do Regatas. Era a música mais fácil para nós, jovens rapazes e moças, darmos os primeiros passos na dança de salão. "Dois pra lá, dois pra cá...".
As músicas brasileiras das décadas de 30 e 40 parece que haviam caído no esquecimento.
Só bem mais tarde, já na década de 70, quando tentei novamente aprender a tocar violão, foi que descobri o verdadeiro tesouro que foi a década de 30 em matéria de música popular brasileira.
A bossa nova já havia surgido no início da década anterior, a de 60, e era a grande sensação da época. Cheguei a frequentar, mesmo que esporadicamente, algumas pequenas boates de Copacabana (chamadas pejorativamente de "inferninhos"), onde tocavam muitos daqueles que seriam grandes expoentes da bossa nova. No "Beco das Garrafas" funcionavam quatro ou cinco desses "inferninhos". Num deles, o "Bottle's", cheguei a ouvir João Gilberto e outros grandes nomes, como Marisa Gata Mansa e Marcos Valle.
Mas, meu professor de violão, com quem tomava aulas em casa, abriu-me as portas para o mundo de Noel Rosa. Foi então que tomei consciência da verdadeira música popular brasileira, da qualidade dos versos e músicas de Noel e seus parceiros, como Vadico, Lamartine, Roberto Martins. Este último, através de um amigo comum, cheguei a conhecer pessoalmente. Foi o autor de "Cai, cai" e "Renúncia", entre outras várias joias de nossa música popular.
Mas, depois que li e ouvi quase tudo sobre Noel Rosa, realmente compreendi que foi ele o maior de nossos compositores populares. Numa época em que os recursos sonoros eram ainda precários, onde não havia gravação eletrônica, nem gravadores portáteis, compor quase trezentas músicas de excelente qualidade, realmente foi uma façanha. Quem prestar atenção às letras, às músicas, à melodia das obras de Noel vai concordar que realmente ele foi um gênio. Tendo apenas menos de 7 anos de vida musical, morrendo aos 26 anos de idade, é de espantar a quantidade e a qualidade da obra que produziu. Se tiverem oportunidade leiam alguns livros sobre a vida de Noel e mergulhem de cabeça em seu mundo maravilhoso. Tenho certeza de que, como eu, ficarão encantados com essa viagem...
Não deixem de ouvir "Feitiço da Vila", Palpite Infeliz" (composições que surgiram da polêmica musical entre Noel e Wilson Batista), "Feitio de Oração", "Pela décima vez", "Encontro casual", "Dama do Cabaré", "Último Desejo", "Positivismo", "Filosofia", "O X do Problema" e tantas outras. Recomendo àqueles que realmente gostam da música popular brasileira, a coletânea de CDs sobre a obra de Noel.
Realmente, às vezes fico impressionado como as coisas boas que nós, brasileiros, produzimos, rapidamente vão para a vala funda do esquecimento...
Enquanto isso, as coisa ruins...
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