Às vezes, quando aqueles que realmente amam o futebol param para pensar por alguns momentos, a reflexão os conduz a uma conclusão inevitável: como é grande o Botafogo de Futebol e Regatas e como não tem ele a verdadeira consciência dessa grandeza.
O clube, hoje relegado a uma posição secundária no cenário esportivo do país. O time de futebol, coitado, tropeçando em suas próprias pernas, tentando apenas vergonhosamente escapar a cada ano do rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Esquece-se de que foi ele que deu maior número de jogadores para a seleção brasileira. Esquece-se ainda de que os maiores cronistas e comentaristas esportivos da imprensa brasileira foram ou são botafoguenses: João Saldanha, Sandro Moreyra, Oldemário Touguinhó, Luiz Mendes, Armando Nogueira, Roberto Porto, isto apenas para citar os mais antigos.
Por que essa atração, essa paixão por um clube que hoje anda aos trancos e barrancos, em altos e baixos, mesclando atuações horríveis com outras medíocres?
Armando Nogueira e outros ilustres botafoguenses afirmam que é a magia da estrela solitária, que permanece intocável nos corações daqueles que com ela tiveram a honra de compartilhar momentos tão felizes outrora vividos. Pode ser, não sei...
Mas, a verdade é que aqueles que foram contagiados pela paixão que Heleno de Freitas e Nílton Santos dedicaram ao clube das listras preto e branco verticais; pela alegria contagiante, quase infantil com que Mané driblava seus implacáveis marcadores; pela beleza do toque e elegância do passe de Didi, que nos presenteou com sua famosa folha seca, esses não conseguem afastar-se dessa irresistível atração que o clube da estrela solitária exerce sobre suas mentes e corações. Mesmo após anos e anos de jejum de títulos, continuam fiéis torcedores do clube.
Pena que, repleto de glórias num passado não tão distante assim, sendo, juntamente com o Santos, os dois melhores times do Brasil e do mundo na década de 60, tenha chegado ao estado calamitoso onde chegou.
Lógico que as más administrações das décadas de 70 e 80 levaram o clube à situação atual. Mas, não foi só isso... O fabuloso Santos de Pelé também quase chegou ao fundo do poço e se recuperou, produzindo craques como Robinho, Diego, e hoje, Ganso, Neymar e alguns outros... E o Botafogo, o que fez? Nada, ficou parado no tempo, vivendo apenas das glórias antigas... Teve sua sede vendida, depois recuperada, perdeu seu campo de futebol, sua identidade... Passeou por Marechal Hermes, Caio Martins, acabou no Engenhão... Categorias de base, completamente esquecidas. Deixou de revelar craques como antigamente, esquecendo-se da época em que ali nasceram Paulo César, Roberto, Rogério, Mura, Carlos Roberto, Afonsinho e vários outros menos cotados...
Esse, o Botafogo de hoje...medíocre, com jogadores de aluguel, que ali pousam por algum tempo visando uma colocação num clube melhor, que lhes traga vantagens financeiras, ,,"Vitrine do futebol"... Assim foi com Jorge Henrique, com Túlio Maravilha (correu logo para o Corinhthians, após o título brasileiro de 1995), com Wellington Paulista (?), Renato Silva, até mesmo o Juninho... querem apenas um lugar onde possam se exibir, para depois procurarem clubes que lhes ofereçam mais...
Não me canso de ser botafoguense, apesar de tudo... ainda aguardo o renascimento do clube e do time que conheci na minha juventude...
Esse, o Botafogo de hoje, infelizmente... comparado aos times pequenos do futebol antigo do Rio, que revelavam bons jogadores para vendê-los à primeira proposta de um time grande...